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Irã rejeita mudanças defendidas por Trump e Macron no acordo nuclear

Irã rejeita mudanças defendidas por Trump e Macron no acordo nuclear

UE e Rússia defendem permanência dos EUA no pacto firmado em 2015

Publicado em 25 de abril de 2018 às 11:54

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Hassan Rouhani. (Reprodução/Facebook)

O presidente do Irã, Hassan Rohani, questionou nesta quarta-feira a legitimidade de um eventual novo acordo sobre o programa nuclear iraniano, em uma resposta às declarações neste sentido feitas na terça-feira pelos presidentes dos Estados Unidos e da França. A União Europeia e a Rússia manifestaram apoio aos termos atuais do acordo e defenderam a permanência dos Estados Unidos no pacto.

Trump e Macron expressaram na terça-feira em Washington o desejo de alcançar um "novo acordo" com Teerã sobre o programa nuclear da República Islâmica do Irã. O novo entendimento, segundo Macron, buscaria "completar" o acordo. Desde que chegou à Casa Branca em janeiro de 2017, Trump critica o acordo concluído em julho de 2015, durante o mandato de seu antecessor Barack Obama, entre o Irã e o Grupo 5+1 (Alemanha, China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia).

— Junto com um líder de um país europeu, eles afirmam: 'Nós queremos decidir sobre um acordo alcançado entre sete partes'. Para que? Com que direito? — questionou Rohani em um discurso em Tabriz, norte do Irã, em referência a Donald Trump e Emmanuel Macron.

Trump classifica o pacto, assinado após longas e intensas negociações, como o "pior acordo" aprovado na história de seu país. De acordo com o presidente americano, os termos do acordo não são abrangentes, e não incluem a redução do arsenal bélico iraniano, sobretudo o número de mísseis.

— Querem decidir sobre o futuro (do acordo)? Então terão que nos explicar o que fizeram até agora para aplicá-lo — afirmou Rohani, durante a cerimônia de celebração de Tabriz como capital turística do mundo islâmico em 2018.

Trump deu um ultimato aos sócios europeus até 12 de maio para endurecer o texto do acordo. O pacto tem como meta comprometer o Irã a reduzir seu programa nuclear de modo a não produzir a bomba atômica, em troca da suspensão de sanções internacionais implementadas até então.

UE E RÚSSIA ALINHADAS

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ligada à ONU, é a responsável por monitorar a implementação do acordo, principalmente pelo lado iraniano. O órgão já informou em diferentes ocasiões que o Irã tem cumprido sua parte.

A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, insistiu na terça-feira que o acordo nuclear com o Irã deve ser mantido, um pacto que "está funcionando", depois que o presidente americano, Donald Trump, o chamou de "desastre" e "loucura".

— Sobre o que pode acontecer no futuro, veremos no futuro. Mas há um acordo que existe, que está funcionando e precisa ser preservado — disse Mogherini. — Das palavras do presidente Macron e das posições de todos os europeus, se desprende claramente que o acordo que temos agora, o único existente no momento, está funcionando.

Já o governo da Rússia questionou nesta quarta-feira se é possível repetir o trabalho do passado para fechar um novo acordo nuclear com o Irã, ao comentar a posição de Trump e Macron. O porta-voz do Kremlin disse que os russos apoiam a manutenção dos termos atuais do pacto internacional:

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— Sabemos que o acordo nuclear foi um trabalho meticuloso de vários países. É possível repetir esse trabalho? Essa é a questão — disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em teleconferência com jornalistas. — Não sabemos o que está sendo falado, nós apoiamos o acordo como ele está hoje. Acreditamos que não há alternativas.

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