Publicado em 21 de janeiro de 2021 às 09:23
- Atualizado Data inválida
Um incêndio registrado nesta quinta-feira (21) atingiu o Instituto Serum, que produz vacinas Covishield contra a Covid-19. Elas são desenvolvidas em parceria entre AstraZeneca e Universidade de Oxford na cidade de Pune. >
Segundo o jornal Times of India, o fogo não atingiu os imunizantes, mas matou ao menos cinco pessoas.>
A informação inicial, não confirmada, é que o incêndio só atingiu 2 andares do Terminal 1, onde está sendo construída uma nova fábrica. Bombeiros foram até o local para o controlar o fogo.>
O prefeito de Pune, Murlidhar Mohol, disse à imprensa indiana que as vítimas seriam trabalhadores da construção civil que estavam no prédio. >
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Por meio de uma rede social, Adar Poonawalla, diretor do Instituto Serum, tambem confirmou que o incêndio fez vítimas. "Após uma investigação mais aprofundada, soubemos que infelizmente houve algumas vidas perdidas no incidente. Estamos profundamente tristes e oferecemos nossas mais profundas condolências aos familiares dos falecidos". >
O Brasil está tentando importar 2 milhões de doses de vacina Covishield que viriam do Instituto Serum.>
Na semana passada, o governo federal preparou um avião para buscar a carga, mas o governo indiano não liberou as doses, então o avião não decolou. Nesta semana, a Índia anunciou que ia começar a exportação de vacinas, mas não colocou o Brasil entre as prioridades.>
Para tentar amenizar o fracasso na entrega de doses da vacina Oxford/AstraZeneca, o governo brasileiro tem discutido com autoridades indianas a divulgação de um comunicado público no qual o país asiático garanta que elas serão enviadas ao Brasil no curto prazo.>
Segundo relatos feitos ao jornal Folha de S.Paulo, nos últimos dias negociadores do governo entraram em contato com diplomatas indianos para solicitar uma posição que arrefeça o mal-estar criado com a demora no envio de imunizantes contra o coronavírus.>
A avaliação entre auxiliares do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é que os sucessivos adiamentos na liberação da carga têm gerado desgaste para o Palácio do Planalto, que apostava na importação para o dar o pontapé na campanha de imunização no Brasil. Uma cerimônia estava sendo preparada para o ato, mas acabou desmobilizada diante do fracasso da operação.>
Algum tipo de compromisso público da Índia é visto por aliados de Bolsonaro como uma forma de ao menos reduzir os danos políticos que o atraso tem causado.>
Interlocutores no Planalto têm a expectativa de que o envio dos 2 milhões de doses ocorra na próxima semana, mas outros envolvidos nas negociações têm previsões menos otimistas.>
Eles apontam que as autoridades indianas ainda não deram sinalização de que a entrega possa ocorrer ainda neste mês.>
Quem acompanha as conversas ressalta que a Índia tem demonstrado irritação com a insistência do governo Bolsonaro e, principalmente, com a publicidade dada aos planos de buscar os imunizantes no país asiático. Com o avião adesivado no Recife (PE) e o Planalto dizendo que ele decolaria na sexta-feira (15), o governo indiano se viu obrigado a avisar Brasília que a conclusão da operação não seria possível naquele momento.>
A emissão de uma autorização de venda para o exterior antes mesmo que a Índia iniciasse seu plano de vacinação seria entendida como um descompromisso com a própria população.>
Interlocutores menos otimistas alertam ainda que não veem razões para a Índia priorizar o Brasil antes de atender objetivos geopolíticos mais imediatos, como os países vizinhos e mesmo nações com quem têm relações mais profundas, como Arábia Saudita e África do Sul.>
O governo tem enviado sinalizações à Índia para facilitar a publicação da autorização.>
Além de tentar dar menos publicidade às conversas, a delegação brasileira junto à OMC (Organização Mundial do Comércio) não manifestou oposição quando os indianos defenderam recentemente sua ideia de relaxar obrigações sobre patentes de medicamentos durante a pandemia.>
No ano passado, quando o tema foi discutido na entidade, o Brasil se alinhou aos Estados Unidos e se opôs à iniciativa era era patrocinada pela Índia e África do Sul.>
Embora o Brasil não tenha mudado de posição, uma vez que para tanto teria que endossar o pleito indiano, o silêncio foi uma forma de evitar desagradar Nova Déli no momento em que o Brasil depende da boa vontade do país asiático.>
Desde dezembro, quando começaram as tratativas entre a Fiocruz e o Serum Institute da Índia para a compra das 2 milhões de vacinas, o governo brasileiro tem feito gestões junto à Índia para possibilitar a venda.>
No início de janeiro, Bolsonaro enviou uma carta para o premiê Narendra Modi pedindo urgência para o tema e o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) apelou para seu contraparte indiano, Subrahmanyam Jaishankar.>
Na terça-feira (19), a Índia anunciou que começaria a exportar vacinas nesta quarta-feira (20) para seis países. Os destinos são Butão, Maldivas, Bangladesh, Nepal, Mianmar e Seychelles.>
Araújo está sob forte pressão de auxiliares de Bolsonaro após o atraso na operação montada para buscar os imunizantes na Índia.>
Com o fracasso da operação, Bolsonaro teve que assistir ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), ser o protagonista do início da vacinação no Brasil.>
Adversário do Planalto, Doria foi o patrocinador político da Coronavac, vacina desenvolvida por uma farmacêutica chinesa em parceria com o Instituto Butantan. Sem os imunizantes da Oxford/AstraZeneca, a Coronavac é a única vacina disponível no momento no Brasil.>
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