Publicado em 22 de junho de 2025 às 16:39
"A única solução é a paz.">
Com essas palavras, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou neste domingo a decisão dos Estados Unidos de atacar três instalações nucleares no Irã.>
O diplomata também pediu a redução das tensões no Oriente Médio e alertou que, se o conflito "sair de controle", poderá ter consequências "catastróficas" para a humanidade.>
No sábado, os EUA bombardearam as instalações nucleares iranianas de Fordo, Natanz e Isfahan.>
>
Com essa ação, o país norte-americano se une a Israel, que desde a última sexta-feira, 13 de junho, iniciou uma ofensiva contra Teerã com a intenção — segundo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu — de destruir o programa nuclear iraniano.>
Israel alega que a possibilidade de o Irã obter uma arma nuclear representa uma ameaça existencial ao Estado israelense.>
O Irã respondeu aos ataques com mísseis que atingiram várias regiões de Israel, incluindo alvos militares e civis.>
Os bombardeios deste sábado ocorrem apenas dois dias depois de o presidente dos EUA declarar que tomaria a decisão de apoiar ou não a ofensiva israelense "no prazo de duas semanas".>
"Estou profundamente alarmado com o uso da força pelos EUA contra o Irã hoje. Trata-se de uma escalada perigosa em uma região que já está à beira do colapso — e de uma ameaça direta à paz e à segurança internacionais", disse Guterres.>
"Faço um apelo aos Estados-membros para que reduzam as tensões e cumpram com suas obrigações conforme a Carta das Nações Unidas e outras normas do direito internacional", acrescentou.>
Em pronunciamento televisionado após a ação militar, Donald Trump classificou os ataques como um "sucesso espetacular", que resultaram na destruição "completa e total" das três instalações nucleares.>
Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, reagiu classificando os bombardeios como uma "grave violação" da Carta da ONU, do direito internacional e do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.>
"Os acontecimentos desta manhã são revoltantes e terão consequências duradouras", escreveu.>
E acrescentou: "O Irã se reserva todos os meios para defender sua soberania, seus interesses e seu povo.">
Netanyahu reagiu ao ataque parabenizando o presidente americano e afirmou: "O presidente Trump e eu costumamos dizer: 'Paz por meio da força'. Primeiro vem a força, depois a paz.">
As ações dos Estados Unidos geraram reações diversas entre os membros da comunidade internacional.>
A Rússia condenou a "decisão irresponsável de submeter o território de um Estado soberano a ataques com mísseis e bombas, qualquer que seja o argumento apresentado", e afirmou que o ataque "viola flagrantemente o direito internacional, a Carta das Nações Unidas e as resoluções do Conselho de Segurança da ONU", segundo comunicado do Ministério das Relações Exteriores russo.>
"Trump, que chegou como um presidente pacificador, começou uma nova guerra para os EUA", escreveu Dmitri Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, em seu canal no Telegram. Ele acrescentou que "com esse tipo de sucesso, Trump não ganhará o Prêmio Nobel da Paz".>
A China também condenou energicamente o bombardeio americano às instalações nucleares iranianas.>
Segundo comunicado do Ministério das Relações Exteriores chinês publicado na rede X (antigo Twitter), "as ações dos Estados Unidos violam gravemente os propósitos e princípios da Carta da ONU e do direito internacional, e agravaram as tensões no Oriente Médio".>
Pequim pediu às partes envolvidas — em especial a Israel — que "alcancem um cessar-fogo o quanto antes, garantam a segurança dos civis e iniciem o diálogo e a negociação", e declarou estar disposta a colaborar com a comunidade internacional "para unir esforços na defesa da justiça e trabalhar pela restauração da paz e da estabilidade no Oriente Médio".>
Os países árabes foram dos primeiros a se manifestar neste domingo.>
A Arábia Saudita, que mantém fortes laços de segurança com os Estados Unidos e é um de seus aliados regionais mais próximos, declarou que condena "a violação da soberania do Irã" e destacou a "necessidade de moderação", pedindo à comunidade internacional que "redobre os esforços, nestas circunstâncias extremamente delicadas, para alcançar uma solução política".>
Omã, que sediou conversas recentes entre os EUA e o Irã, condenou energicamente os ataques e pediu uma desescalada.>
O Ministério das Relações Exteriores do Catar alertou que as atuais "tensões perigosas terão repercussões desastrosas em nível regional e internacional". A pasta declarou esperar que "todas as partes ajam com sensatez e moderação neste momento".>
O Egito advertiu quanto aos "perigos de a região escorregar para um caos e tensão ainda maiores", enfatizando que "as soluções políticas e as negociações diplomáticas, e não a via militar, são a única saída para a crise".>
O presidente do Líbano, Joseph Aoun, afirmou que "o bombardeio das instalações nucleares iranianas levanta temores de uma escalada das tensões que ameaça a segurança e a estabilidade de mais de uma região e país".>
Na Europa, a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, afirmou que "não se pode permitir que o Irã desenvolva uma arma nuclear, pois isso representaria uma ameaça à segurança internacional".>
Ela também pediu a todas as partes envolvidas que "recuem, retornem à mesa de negociações e evitem uma nova escalada".>
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, comentou que o governo Trump tomou medidas para "aliviar" a ameaça de que o Irã se torne uma potência nuclear.>
"O programa nuclear do Irã constitui uma grave ameaça à segurança internacional. Jamais será permitido que o Irã desenvolva uma arma nuclear", declarou na manhã de domingo em sua conta na rede X.>
"Instamos o Irã a retornar à mesa de negociações e buscar uma solução diplomática para pôr fim a esta crise", acrescentou.>
Na América Latina, os presidentes de Chile, Bolívia, Venezuela e Cuba rejeitaram as ações militares dos Estados Unidos.>
Luis Arce, presidente da Bolívia, e seu homólogo cubano, Miguel Díaz-Canel, concordaram que a decisão dos EUA viola a Carta da ONU e representa uma afronta ao direito internacional.>
Já para o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro, o ataque americano foi "um ato de agressão ilegal, injustificável e extremamente perigoso".>
O presidente chileno, Gabriel Boric, pediu o respeito ao "direito internacional humanitário" e afirmou que o poder dos Estados Unidos não justifica a violação "das regras que, como humanidade, estabelecemos".>
No Brasil, o governo Lula condenou os ataques dos Estados Unidos a instalações nucleares iranianas por meio de um comunicado do Itamaraty, que afirmou que os ataques violaram a soberania do Irã e o direito internacional.>
A nota reitera a posição histórica do Brasil em favor do uso exclusivo da energia nuclear para fins pacíficos e rejeita com firmeza qualquer forma de proliferação nuclear.>
"Qualquer ataque armado a instalações nucleares representa flagrante transgressão da Carta das Nações Unidas e de normas da Agência Internacional de Energia Atômica. Ações armadas contra instalações nucleares representam uma grave ameaça à vida e à saúde de populações civis, ao expô-las ao risco de contaminação radioativa e a desastres ambientais de larga escala", afirmou o Ministério das Relações Exteriores.>
>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta