Publicado em 5 de junho de 2025 às 16:38
As primeiras bactérias que nosso corpo encontra — nas horas seguintes ao nascimento — podem nos proteger de infecções perigosas, de acordo com cientistas do Reino Unido.>
Eles demonstraram, pela primeira vez, que bactérias boas parecem reduzir pela metade o risco de crianças pequenas serem internadas com infecções pulmonares.>
Os pesquisadores disseram que esta foi uma descoberta "fenomenal" — e que pode levar a terapias que estimulem bactérias boas em bebês.>
Acredita-se que nossos primeiros encontros com micróbios sejam cruciais para o desenvolvimento do nosso sistema imunológico.>
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Saímos do útero estéreis, mas isso não dura muito tempo. Todos os cantos e recantos do corpo humano se tornam lar para um mundo de vida microbiana, conhecido como microbioma.>
Pesquisadores da University College London (UCL) e do Sanger Institute, no Reino Unido, investigaram os primeiros estágios de colonização do nosso corpo por bactérias, fungos e muito mais.>
Eles coletaram amostras de fezes de 1.082 recém-nascidos na primeira semana de vida. Em seguida, a equipe realizou uma análise genética completa de todo o DNA das amostras para descobrir exatamente quais espécies estavam presentes, e quão comuns elas eram em cada criança.>
Em seguida, eles acompanharam o que aconteceu com esses bebês, usando dados hospitalares, durante os dois anos seguintes.>
Um dos primeiros habitantes do corpo humano em particular, a Bifidobacterium longum, parecia ter um efeito protetor.>
Apenas 4% dos bebês com esta espécie passariam uma noite no hospital com infecção pulmonar nos dois anos seguintes. Os bebês com bactérias iniciais diferentes tinham de duas a três vezes mais chance de precisar ficar internados.>
Estes são os primeiros dados que mostram que a formação do microbioma afeta o risco de infecção.>
"Acho que é realmente fenomenal. É incrível poder mostrar isso. Estou animado", disse Nigel Field, professor da UCL, à BBC.>
O culpado mais provável de as crianças irem parar no hospital é o vírus sincicial respiratório (VSR) — mas o que liga esse vírus à B. longum?>
Esta é a "pergunta de um milhão de dólares", segundo Field.>
Sabemos que a B. longum começa digerindo o leite materno, que contém alimento para o bebê e estimula bactérias boas.>
Os detalhes exatos ainda não foram descobertos, mas as próprias bactérias ou os compostos que elas produzem ao digerir alimentos estão interagindo com o sistema imunológico "e influenciando a maneira pela qual o sistema imunológico amadurece, e é capaz de distinguir o amigo do inimigo", explica Field.>
As bactérias protetoras foram encontradas apenas em bebês que nasceram por parto normal, em vez de cesárea. Mesmo assim, elas não foram descobertas após todos os partos vaginais.>
Os pesquisadores dizem que suas descobertas não justificam a prática de semeadura vaginal, que consiste em passar fluidos vaginais da mãe em bebês nascidos por cesárea.>
As bactérias boas parecem estar vindo do final do sistema digestivo da mãe.>
"Eu me sinto bastante confiante em dizer que a semeadura vaginal não é uma coisa boa", diz Field.>
Mas a ambição de longo prazo é criar terapias microbianas — como um iogurte probiótico — que possam ser administradas em bebês para direcionar seus microbiomas para um caminho saudável.>
"A cesárea é muitas vezes um procedimento que salva vidas, e pode ser a escolha certa para a mulher e seu bebê", observa a ginecologista e obstetra Louise Kenny, da Universidade de Liverpool, no Reino Unido.>
Ela disse que, embora o benefício tenha sido observado apenas em bebês nascidos de parto normal, ele não foi observado em todas as crianças nascidas desta forma — portanto, "são necessárias mais pesquisas para criar um quadro completo e matizado".>
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