Publicado em 25 de março de 2025 às 22:44
O julgamento da denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras sete pessoas por crimes como tentativa de golpe continuará na manhã desta quarta-feira (26/3), na sede da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.>
Os cinco ministros da turma vão analisar se a denúncia será ou não recebida pelo tribunal. Caso isso aconteça, o grupo passará à condição de réus.>
Como esperado, o julgamento atraiu a atenção do público e gerou uma intensa movimentação de buscas nas principais ferramentas de busca da internet. >
No Google, o nome Bolsonaro chegou a registrar um aumento de 700% na terça-feira (25/3).>
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Com base nessa ferramenta, a BBC News Brasil elencou algumas das principais questões levantadas por internautas em relação ao julgamento — que analistas e historiadores classificam como histórico.>
Além de perguntas sobre o resultado do primeiro dia de julgamento, também apareceram dúvidas sobre o ex-senador e advogado Demóstenes Torres, que defende o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier.>
Confira cinco das principais dúvidas sobre o julgamento de Bolsonaro.>
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Ainda não. Nas sessões desta semana, a Primeira Turma do STF vai julgar apenas se recebe a denúncia oferecida pela PGR ou não. >
Se os ministros decidirem rejeitá-la, ela pode ser arquivada. >
Por outro lado, caso a Primeira Turma vote pelo recebimento da denúncia, Bolsonaro virá réu. Inicia-se, então, a ação penal contra o ex-presidente. >
O primeiro dia do julgamento da denúncia foi dedicado à análise das chamadas questões preliminares levantadas pela defesa. >
A decisão sobre se a denúncia será ou não recebida deverá ocorrer na sessão desta quarta-feira.>
As questões preliminares geralmente abordam aspectos técnicos da investigação ou do processo. >
Apesar de parecerem menos importantes que o mérito do caso, muitas vezes, alguns julgamentos sequer têm prosseguimento quando a defesa consegue convencer os magistrados, por meio de questões preliminares, que uma irregularidade foi cometida durante a investigação.>
No julgamento de Bolsonaro e seus aliados, foram levantadas 10 questões preliminares.>
Entre as principais estavam:>
Todas as questões preliminares foram rejeitadas e, por isso, o julgamento prosseguiu como previsto.>
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi denunciado criminalmente PGR em fevereiro deste ano, acusado de ter liderado um suposto plano de golpe de Estado após ter perdido a eleição de 2022 para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). >
Outras 33 pessoas foram denunciadas com ele. As denúncias foram divididas em núcleos — as oito pessoas cujas denúncias estão sendo julgadas agora fazem parte do núcleo 1. >
A PGR pediu que o ex-presidente responda pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, além de deterioração de patrimônio tombado. >
A denúncia vincula a ação de Bolsonaro aos atos de 8 de janeiro de 2023. Na ocasião, milhares de pessoas contrariadas com a vitória de Lula invadiram e depredaram as sedes do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e STF. >
A defesa do ex-presidente nega todas as acusações.>
Nesta terça-feira, seu advogado, Celso Vilardi, afirmou que Bolsonaro seria o ex-presidente "mais investigado" da história do Brasil, mas que a PGR não teria encontrado elementos que comprovem a participação do ex-presidente na suposta trama golpista.>
Segundo o advogado, seria impossível atribuir a Bolsonaro a responsabilidade por qualquer tentativa de golpe considerando que os atos investigados teriam tido início, segundo a denúncia da PGR, em 2021.>
"Estamos tratando de uma execução que se iniciou em dezembro de 2021, tratando do crime do governo legitimamente eleito. Qual era o do governo legítimo? O dele. Então esse crime é possível, com todo o respeito [...] Nem o delator [Mauro Cid] que o acusou fez qualquer relação dele com 8 de janeiro", disse o advogado.>
Somadas, as penas às quais Bolsonaro pode ser condenado podem superar os 40 anos de prisão.>
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Uma das principais dúvidas levantadas pelos internautas tem sido onde ou como acompanhar o julgamento da denúncia de Bolsonaro.>
A TV Justiça, administrada pelo STF, está transmitindo o julgamento na TV e na rádio, além de seu canal no YouTube.>
As principais redes de TV e rádio do Brasil também estão transmitindo as sessões na íntegra ou em boletins.>
Além disso, a BBC News Brasil fará a cobertura ao vivo dos principais acontecimentos do segundo dia de julgamento da denúncia. >
O coordenador da defesa de Bolsonaro é o advogado Celso Sanchez Vilardi. Ele é um conhecido advogado criminalista baseado em São Paulo que, ao longo dos últimos 30 anos, atuou em alguns dos casos mais conhecidos do país.>
Vilardi atuou no julgamento do Mensalão, quando defendeu o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.>
Uma de suas especialidades foi atuar em acusações de corrupção.>
Em 2009, por exemplo, ele defendeu a empreiteira Camargo Corrêa e conseguiu a anular as investigações da Operação Castelo de Areia, deflagrada pela Polícia Federal, que investigava denúncias de corrupção semelhantes às que foram reveladas anos mais tarde pela Operação Lava Jato.>
Durante a Lava Jato, Vilardi atuou para empreiteiras como a Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. >
Além disso, defendeu alguns dos executivos investigados e chegou a negociar acordos de colaboração premiada com o Ministério Público Federal (MPF).>
Entre os clientes famosos de Vilardi estão o empresário Eike Batista, que também foi alvo da Lava Jato.>
Outro termo que também apareceu nas buscas dos internautas em relação ao julgamento da denúncia foi o nome do ex-senador Demóstenes Torres.>
Torres fez carreira como promotor no Ministério Público de Goiás (MP-GO) e como secretário de Segurança Pública de Goiás, antes de entrar na disputa por cargos eletivos. >
Em 2002, foi eleito senador e reeleito oito anos depois, em 2010.>
Ao longo deste período, chegou a ser mencionado como um dos parlamentares mais influentes do país, especialmente durante sua atuação como opositor do governo do então presidente Lula e em meio ao escândalo do Mensalão.>
Em 2012, porém, seu nome veio à tona em investigações relacionadas ao empresário Carlinhos Cachoeira, suspeito à época de ter ligações com o jogo do bicho.>
Demóstenes foi acusado de agir no Congresso, no Judiciário e no Executivo em favor do empresário Carlinhos Cachoeira, suspeito de comandar um esquema de corrupção e de exploração de jogos ilegais.>
Em troca, segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), o senador teria recebido R$ 3,1 milhões do grupo do empresário, além de presentes. >
Demóstenes também foi acusado de ter mentido ao Senado quando negou conhecer as atividades ilícitas de Cachoeira.>
Em julho de 2012, ele foi cassado pelo Senado, tornando-se o segundo senador na história a ter o mandato cassado pela Casa.>
À época, o senador disse que não beneficiou Cachoeira e que não recebeu dinheiro dele. O então parlamentar afirmou que a Polícia Federal teria feito uma "divulgação seletiva" das gravações de suas conversas com Cachoeira, com o objetivo de prejudicá-lo.>
A defesa de Demóstenes passou, então, a questionar a validade das gravações como prova no processo uma vez que elas não teriam sido feitas com autorização do STF, a instância supostamente adequada para autorizar esse tipo de medida contra parlamentares com foro privilegiado.>
Em 2016, quatro anos após ser cassado, o STF acatou a tese de sua defesa e anulou as provas da investigação ligando seu nome a Carlinhos Cachoeira.>
Nos últimos anos, Torres ainda tentou voltar à vida política e se candidatou a deputado federal por Goiás em 2018, mas não conseguiu se eleger. Obteve 27.801 votos, menos de 1% do eleitorado.>
Desde então, Torres vem se dedicando novamente à carreira jurídica e hoje comanda um escritório de advocacia com uma equipe de aproximadamente 20 pessoas.>
Ele já atuou em casos de repercussão nacional como o do médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, condenado a mais 118 anos de prisão por crimes sexuais.>
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