Um casal de Vitória, que desde outubro de 2018 mora na Itália, contou como é viver no país europeu mais afetado pelo coronavírus. Nesta segunda-feira (09) o governo italiano estendeu para todo o país as restrições de circulação, que proíbe eventos públicos onde haja aglomerações. Coisas básicas como sair na rua e ir ao mercado devem ser feitas com a distância mínima de um metro entre as pessoas. Já estabelecimentos como escolas, estádios de futebol, academias, cinemas e universidades, estão fechados.
O engenheiro Edson Brunoro, de 60 anos, e a Fonoaudióloga Lucia Luciano Brunoro, de 59, são aposentados e desde outubro de 2018 foram juntos para a cidade de Caserta, no Sul da Itália. Os dois são casados, possuem dois filhos e decidiram ir ao país europeu para atuar como missionários; "Foi um chamado", afirma Edson.
De acordo com o engenheiro, desde o primeiro caso confirmado de Coronavírus na Itália, o número de infectados foi crescendo muito, em especial no Norte do país. Foi quando o Governo italiano começou a adotar medidas, chamando médicos, enfermeiros e até as forças armadas para auxiliar nas ações.
"A ação mais radical aconteceu na madrugada do último sábado (07), quando as autoridades emitiram um decreto instituindo o isolamento de 27 cidades do Norte da Itália. Ou seja, você não pode sair da cidade para evitar contaminação em outros locais. Esse mesmo decreto instituiu que os estabelecimentos públicos ou privados não devem fazer reuniões que juntem aglomeração de pessoas. Já na noite de segunda (09), o Governo estendeu essa medida para a Itália inteira e incluiu outras medidas", explicou.
O capixaba completa que além do regime de isolamento, o Governo determinou que locais que juntem aglomerações permaneçam fechados ou funcionando parcialmente. Entre os estabelecimentos fechados no país ou com restrições para funcionamento, estão:
Ele acrescentou ainda, que os estabelecimentos comerciais - como mercados e farmácias - só podem continuar funcionando se garantirem uma distância mínima de um metro entre as pessoas. Por isso, em muitos locais há filas do lado de fora.
"Hoje mesmo ficamos em uma fila, do lado de fora do supermercado, onde fizemos uma foto, aguardando que outras pessoas saíssem do comércio para poder entrar. O mesmo vale para cultos em igrejas. Pode acontecer, desde que garantam a distância mínima entre as pessoas. Academia, especificamente, estão fechadas, e eventos esportivos foram suspensos, como o Campeonato de Futebol Italiano", contou.
Enquanto Edson conversava com a reportagem pelo telefone, a fonoaudióloga Lucia Brunoro brincou com o marido, pedindo que enviássemos álcool em gel para a Itália. Ele, então, explicou a grande dificuldade em conseguir comprar álcool em gel no país: "Não achamos em lugar nenhum. Aliás, tentamos em Vitória, antes de voltar para a Itália, e também tivemos dificuldade de encontrar", lembrou.
Os italianos são carinhosos e calorosos como os brasileiros, mas, segundo Edson, até mesmo essa característica está sofrendo mudanças no país para evitar contaminações.
"O próprio decreto orienta não fazer cumprimentos com toques como apertar as mãos, abraçar ou beijar. É uma orientação, que soa estranha aos italianos, que assim como os brasileiros, gostam de abraçar e beijar ao cumprimentar. Agora as pessoas só falam um 'olá' a distância. As reuniões entre amigos diminuíram também. A maioria das pessoas prefere cancelar", explica.
O casal capixaba estiveram no Brasil em dezembro de 2019, pouco antes do surto começar pela China - em meados de janeiro de 2020. Os dois retornaram à Itália há cerca de duas semanas. Apesar dos altos números de infectados e do regime de isolamento que o país vive, Edson afirma que não tem medo, apenas precaução.
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