Publicado em 4 de junho de 2025 às 11:38
A BBC rejeitou as críticas incorretas da Casa Branca sobre sua cobertura em Gaza, descrevendo como "completamente equivocada" a alegação de que havia retirado do ar uma reportagem.>
Na terça-feira (3/6), a secretária de imprensa do presidente Donald Trump, Karoline Leavitt, acusou a BBC de acreditar "na palavra do Hamas" ao noticiar sobre o número de pessoas mortas em um ataque a tiros perto de um centro de distribuição de ajuda humanitária no domingo (1/6).>
Ela também afirmou, erroneamente, que a BBC havia retirado uma reportagem do site.>
"A alegação de que a BBC derrubou uma reportagem depois de revisar as imagens está completamente equivocada. Não retiramos nenhuma reportagem, e defendemos nosso jornalismo", diz a BBC em comunicado.>
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Karoline Leavitt criticou a BBC por alterar o número de vítimas no título da reportagem. A corporação britânica afirmou que sua cobertura foi atualizada com novos números ao longo do dia, o que é "uma prática totalmente normal em qualquer notícia de grande repercussão".>
Os números foram "sempre claramente atribuídos, desde o primeiro balanço de 15 fornecido por médicos, passando pelos 31 mortos informado pelo Ministério da Saúde administrado pelo Hamas, até a declaração final da Cruz Vermelha de 'pelo menos 21' em seu hospital de campanha", diz o comunicado.>
Há relatos conflitantes sobre o que aconteceu perto de um centro de distribuição de ajuda humanitária em Rafah no domingo.>
Testemunhas civis, ONGs e autoridades de saúde relataram que as pessoas foram baleadas enquanto estavam à espera de alimentos em um centro de distribuição de ajuda humanitária. Mas os militares israelenses disseram que os relatos eram falsos, e negaram que suas tropas tenham disparado contra civis perto ou dentro do local. A Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), grupo apoiado pelos Estados Unidos e por Israel que agora administra a distribuição de ajuda humanitária, afirmou que os relatos eram "totalmente inventados".>
Israel não permite que organizações internacionais de notícias, incluindo a BBC, entrem em Gaza, o que dificulta a verificação do que está acontecendo no território.>
Na terça-feira, houve um incidente semelhante quando autoridades locais disseram que forças israelenses dispararam contra civis que tentavam coletar ajuda, matando pelo menos 27 pessoas.>
As Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram que suas tropas dispararam depois de identificar o que descreveram como suspeitos que se moviam na sua direção "desviando das rotas de acesso designadas".>
A secretária de imprensa da Casa Branca também acusou a BBC de remover uma reportagem porque "não conseguiu encontrar nenhuma evidência de nada" — referindo-se a uma reportagem da BBC Verify, equipe de checagem de fatos da BBC, que examinou um vídeo viral. >
Em sua declaração, a BBC explicou que esta reportagem de segunda-feira (2/6), que analisou as imagens, descobriu que "um vídeo viral postado nas redes sociais não estava vinculado ao centro de distribuição de ajuda humanitária que alegava mostrar". Mas o vídeo não foi veiculado nos canais de notícias da BBC, e não serviu de base para a reportagem.>
"Misturar essas duas histórias é simplesmente enganoso. É vital levar às pessoas a verdade sobre o que está acontecendo em Gaza. Jornalistas internacionais não estão autorizados a entrar em Gaza no momento, e agradeceríamos o apoio da Casa Branca ao nosso apelo por acesso imediato", acrescenta a declaração da BBC.>
Israel lançou uma campanha militar em Gaza em resposta ao ataque pela fronteira do Hamas em 7 de outubro de 2023, no qual cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas e 251 outras foram feitas reféns.>
Pelo menos 54.470 pessoas foram mortas em Gaza desde então, incluindo 4.201 desde que Israel retomou sua ofensiva em 18 de março, de acordo com o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas no território.>
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