Publicado em 22 de junho de 2025 às 18:39
Pelo menos 22 pessoas morreram e outras 63 ficaram feridas em um ataque suicida com bomba em uma igreja em Damasco no domingo (22/6), informou o Ministério da Saúde da Síria.>
De acordo com o Ministério do Interior, um homem abriu fogo com uma arma na Igreja Ortodoxa Grega do Profeta Elias, no bairro de Dweila, durante uma missa no domingo à noite, antes de detonar um colete explosivo.>
O ministério afirmou que o extremistas tinha ligações com o grupo jihadista autoproclamado Estado Islâmico (EI). Não houve nenhuma reivindicação imediata de autoria por parte do grupo.>
Fotos e vídeos de dentro da igreja mostram um altar bastante danificado, bancos cobertos de vidros quebrados e paredes e chão manchados de sangue.>
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Lawrence Maamari, que testemunhou o ataque, disse à agência de notícias AFP que "alguém entrou [na igreja] de fora carregando uma arma" e começou a atirar. Ele acrescentou que as pessoas "tentaram impedi-lo antes que ele se explodisse".>
Outro homem, que estava em uma loja próxima, contou que ouviu tiros seguidos por uma explosão que fez vidros voarem. "Vimos fogo dentro da igreja e os restos dos bancos de madeira espalhados até a entrada", disse Ziad.>
Esse foi o primeiro ataque do tipo em Damasco desde que forças rebeldes sunitas derrubaram Bashar al-Assad em dezembro, pondo fim a 13 anos de uma guerra civil devastadora.>
O Patriarcado Ortodoxo Grego de Antioquia afirmou em um comunicado: "A mão traiçoeira do mal atacou esta noite, ceifando nossas vidas, junto com as de nossos entes queridos que hoje caíram como mártires durante a divina liturgia vespertina". >
Segundo informações iniciais, a explosão ocorreu na entrada da igreja, resultando na morte de pessoas que estavam tanto dentro do prédio quanto nas imediações, acrescentou o patriarcado.>
A instituição apelou às autoridades interinas da Síria para que "assumam total responsabilidade pelo que aconteceu e continua a acontecer em termos de violação à santidade das igrejas, e garantam a proteção de todos os cidadãos".>
O ministro do Interior, Anas Khattab, declarou que equipes especializadas de sua pasta já haviam iniciado a investigação sobre o que chamou de "crime repugnante".>
"Esses atos terroristas não deterão os esforços do Estado sírio em alcançar a paz civil", acrescentou.>
O escritório do enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, condenou o ataque e pediu que os sírios "se unam para rejeitar o terrorismo, o extremismo, a incitação e o ataque a qualquer comunidade".>
O enviado especial dos EUA, Tom Barrack, afirmou: "Esses atos covardes e terríveis não têm lugar no novo contexto de tolerância e inclusão que os sírios estão construindo".>
O presidente interino Ahmed al-Sharaa - cujo grupo sunita Hayat Tahrir al-Sham (HTS), antigo afiliado da al-Qaeda na Síria, é classificado como organização terrorista pela ONU, EUA e Reino Unido - prometeu repetidamente proteger as minorias religiosas e étnicas. No entanto, a Síria foi abalada por duas ondas de violência sectária mortal nos últimos meses.>
O EI tem como alvo frequente cristãos e outras minorias religiosas na Síria. Em 2016, o grupo reivindicou uma série de explosões próximas ao santuário xiita Sayyida Zeinab, nos subúrbios ao sul de Damasco, que mataram mais de 70 pessoas.>
O EI já controlou 88.000 km² de território (equivalente a 34.000 milhas quadradas), estendendo-se do oeste da Síria ao leste do Iraque, impondo seu regime brutal a quase oito milhões de pessoas. Apesar da derrota militar do grupo na Síria em 2019, a ONU alertou que a ameaça representada pelo EI e seus afiliados permanece alta.>
Um relatório publicado em fevereiro alertou que o grupo poderia aproveitar a transição na Síria para intensificar ataques e tornar o país novamente um centro de recrutamento de combatentes estrangeiros. Estima-se que o EI tinha entre 1.500 e 3.000 combatentes na Síria e no Iraque vizinho, com a maioria deles, incluindo líderes-chave, baseados em território sírio. Cerca de 300 combatentes estavam no deserto de Badia, no centro do país, que servia como base para planejar operações externas.>
Mais de 9.000 combatentes do EI estão detidos em prisões espalhadas pelo nordeste da Síria, e outras 40.000 pessoas ligadas ao grupo, principalmente mulheres e crianças, estão confinadas em vários campos.>
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