A Assembleia de Rondônia concedeu o título de cidadão honorário ao primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu. A medida foi publicada no Diário Oficial do Estado nesta segunda-feira (16). Mas, agora, o deputado estadual Delegado Lucas (PP) diz que vai tentar revogar a homenagem. A decisão ocorreu após o projeto de decreto proposto por ele ser alvo de críticas.
No decreto, a concessão do título é justificada "pelos relevantes serviços [de Netanyahu ] prestados ao Estado de Rondônia". Ele jamais esteve no Estado. Na única vez em que visitou o Brasil, para a posse de Jair Bolsonaro (PL), chegou ao Rio nos últimos dias de 2018, foi a Brasília para a cerimônia de 1º de janeiro de 2019 e voltou a Israel em seguida. Esta foi também a única visita de um chefe de governo israelense ao país.
No pedido, o deputado cita Netanyahu como "amigo da comunidade Evangélica Brasileira" e afirma que o primeiro-ministro busca promover o intercâmbio entre Brasil e Israel.
O texto do projeto ainda afirma que os parlamentares aguardam "ansiosos" a visita do primeiro-ministro ao Estado.
Após a repercussão a negativa, a assessoria do Delegado Lucas ressaltou, em nota, que "o deputado lamenta profundamente as vítimas da guerra entre Israel e Hamas, e se solidariza com todos os cidadãos que estão sendo afetados por esse conflito devastador", afirma nota divulgada pela assessoria do parlamentar. "E diante do fato e permanência dos bombardeios, o deputado está avaliando uma possibilidade jurídica de revogar a concessão do referido título".
A nota ainda afirma que o projeto de decreto foi debatido em setembro e redigido no dia 3 de outubro, antes de começar o conflito entre Israel e Hamas. "Infelizmente o protocolo do documento só ocorreu no dia 9 de outubro, quando os bombardeios já tinham iniciado", afirma o documento.
Rondônia é conhecida pela base bolsonarista. No segundo turno das últimas eleições presidenciais, 70,66% dos eleitores votaram em Jair Bolsonaro (PL), a segundo maior votação entre os Estados, só atrás de Roraima, onde o ex-presidente teve 76,08% dos votos. Em todo o Brasil, Bolsonaro recebeu 49, 10% dos votos.
Citada no pedido de concessão do título, a comunidade evangélica tem apoiado Israel durante o conflito com os palestinos, com o desagravo da bancada no Congresso.
"O governo brasileiro deve condenar sem restrições esses ataques", afirmou a Frente Parlamentar Evangélica, "inclusive reconhecendo o direito legítimo de Israel à autodefesa".
Segundo a assessoria do Delegado Lucas, o político é católico.
Enquanto era condecorado em Rondônia, Netanyahu tem sido bastante contestado em Israel. Seu governo foi criticado pelo fato de o aparato de inteligência não ter conseguido impedir a incursão dos terroristas do Hamas e os consequentes ataques. Agora, a reação militar de Tel Aviv é considerada excessiva por parte da opinião pública local. Depois de 11 dias de guerra, há ao menos 4.200 mortos, 2.800 deles palestinos da Faixa de Gaza.
Após a publicação da matéria, a assessoria do deputado Delegado Lucas informou sobre a intenção do parlamentar em revogar a concessão do título de cidadão ao primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahuh. O título e o texto foram atualizados.
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