Publicado em 20 de fevereiro de 2024 às 05:25
Os pais de Marieme e Ndeye ouviram dos médicos que elas sobreviveriam apenas alguns dias quando elas nasceram.>
Gêmeas siamesas que não puderam ser separadas, elas agora estão com 7 anos - e acredita-se que sejam as únicos siamesas ainda ligadas e em crescimento na Europa.>
Embora as duas meninas tenham personalidades e humores únicos, elas dependem uma da outra para sobreviver.>
"Quando lhe dizem desde o início que não há futuro, você vive apenas para o presente", diz o pai delas, Ibrahima.>
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Gêmeos siameses são raros, representando cerca de um em cada 500 mil nascidos vivos no Reino Unido.>
Cerca de metade deles nascem mortos, e outro terço morre 24 horas após o nascimento.>
Portanto, ver Marieme e Ndeye comemorar seu sétimo aniversário com uma turma de amigos não dá alegria apenas a Ibrahima, mas também aos médicos que cuidaram delas.>
Marieme e Ndeye compartilham um par de pernas e uma pélvis, mas cada uma tem uma medula espinhal e um coração.>
Eles recebem cuidados 24 horas por dia, mas frequentam uma escola normal no sul do País de Gales.>
"Elas são guerreiras e estão provando que todos estão errados", diz Ibrahima.>
"Minhas filhas são muito diferentes. Marieme é muito quieta, tem uma personalidade introvertida, mas com Ndeye é completamente diferente, ela é muito independente", diz ele. >
"Não vou dizer que é fácil, mas é um enorme privilégio testemunhar esta batalha constante pela vida.">
Quando as gêmeas nasceram em 2016, no Senegal, os médicos previam que elas não viveriam muito mais do que alguns dias.>
"Eu estava me preparando para perdê-las muito rapidamente", diz Ibrahima ao documentário Inseparable Sisters (Irmãs Inseparáveis, em tradução livre) da BBC.>
Médicos no Senegal, país de origem das meninas, acreditavam que a melhor chance de sobrevivência seria a separação.>
Depois de ligar para hospitais de todo o mundo "implorando" por ajuda, a família chegou ao Reino Unido para tratamento no Great Ormond Street Hospital, em Londres, em 2017.>
Ibrahima esperava que o renomado hospital infantil, que separou mais gêmeos siameses do que qualquer outro lugar do mundo, fosse capaz de separá-las e que elas pudessem voltar para casa. Seus irmãos e irmãs esperavam em Dacar - mas não foi isso que aconteceu. >
Os exames descobriram que o coração de Marieme era fraco demais para a complexa cirurgia e ela não sobreviveria à operação.>
Os médicos especialistas alertaram a família que, sem separação, nenhuma das filhas poderia sobreviver mais do que alguns meses.>
Ibrahima e uma enorme equipe de médicos especialistas discutiram longamente a complexa decisão de separar ou não as meninas.>
Finalmente foi decidido que a melhor opção seria não separá-las.>
"Seria matar uma das minhas filhas por outra, é algo que não poderia fazer", disse Ibrahima na época. "Não posso me permitir escolher quem vai viver e quem vai morrer.">
Após a decisão, a mãe regressou ao Senegal para cuidar dos outros filhos. Marieme, Ndeye e Ibrahima permaneceram no Reino Unido para receber cuidados médicos e os três se mudaram para Cardiff.>
"Não poder voltar para casa foi muito difícil porque tinha o resto da família e meu trabalho", diz Ibrahima, que é ex-diretor administrativo de uma agência de viagens no Senegal.>
"Mas não pensei muito, apenas segui meu coração. É minha responsabilidade garantir que elas terão alguém que estará aqui para ajudá-las, esse pasosu a ser meu propósito de vida.">
As gêmeas precisam de exames com frequência, pois correm sério risco de infecção e insuficiência cardíaca.>
"No início foi tudo muito novo. Era algo sobre o qual eu só havia lido em livros didáticos", diz Gillian Body, pediatra consultora do Hospital Universitário do País de Gales.>
"Eles têm duas medulas espinhais separadas com todos os seus nervos, mas de alguma forma eles se coordenam completamente e não precisam dizer uma à outra como mover um braço ou uma perna, simplesmente funciona", afirma.>
Vestir as gêmeas é um desafio.>
"Preciso comprar duas blusas idênticas e levá-las à costureira para juntá-las", diz Ibrahima. "Eles têm duas pernas, então podem usar calças normais, mas o quadril é muito largo, então é preciso ajustar isso também.">
A família agora está integrada à comunidade em Cardiff e as gêmeas recebem cuidados dia e noite do pais e de cuidadoras fornecidas pelo NHS, o sistema público de saúde do Reino Unido.>
Elas estão no terceiro ano da escola pública local, onde recebem apoio de duas cuidadoras em sala de aula.>
"Quero que elas tenham uma vida normal, brinquem e riam com as crianças, façam amigos e se desenvolvam como indivíduos", diz Ibrahima.>
"Eles não precisam se esconder de ninguém e estar na escola normal mostra que fazem parte da sociedade e têm sorte de fazer parte desta comunidade.">
O próximo desafio para Marieme e Ndeye é tentar ficar de pé e andar. Atualmente, eles conseguem cerca de 20 minutos por dia com a ajuda de um andador. >
"Elas conseguiram coisas que ninguém achava que conseguiriam", diz Ibrahima.>
"Sei que a qualquer momento posso receber uma ligação dizendo que algo ruim aconteceu. Quanto tempo? Não quero saber. Vamos fazer de cada dia uma surpresa e celebrar a vida.">
"Pode sercontraditório, mas tenho sorte, apesar das dificuldades. Elas me trazem muita alegria. É uma grande bênção ser pai delas.">
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