Publicado em 27 de março de 2025 às 15:44
A Alemanha disse que "não cederá" e que a Europa deve "responder com firmeza" após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar a imposição de uma tarifa de 25% sobre as importações de automóveis e peças. >
De acordo com o líder americano, as tarifas vão entrar em vigor em 2 de abril e os EUA vão começar a cobrá-las dos importadores de veículos um dia depois. As taxas sobre as peças e partes de veículos devem começar em maio ou posteriormente.>
"O que faremos é uma tarifa de 25% para todos os carros que não são fabricados nos Estados Unidos", disse Trump em pronunciamento no Salão Oval nesta quarta-feira (26/03). >
Além da Alemanha, outras grandes economias mundiais prometeram retaliar. A França classificou a medida como uma "notícia muito ruim", o Canadá afirmou que se tratava de um "ataque direto" e a China acusou Washington de violar as regras do comércio internacional.>
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No início da quinta-feira, as ações da Porsche, Mercedes e BMW em Frankfurt caíram drasticamente, assim como da empresa francesa Stellantis, fabricante da Jeep, Peugeot e Fiat.>
Trump também ameaçou impor tarifas "muito maiores" se a Europa trabalhar com o Canadá para provocar o que ele descreve como "dano econômico" aos EUA.>
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Trump afirma há muito tempo que as tarifas são parte de um esforço para ajudar a indústria de manufatura dos EUA e diz que se os carros forem fabricados nos Estados Unidos "não haverá absolutamente nenhuma tarifa".>
Tarifas são impostos cobrados sobre mercadorias importadas de outros países.>
Embora as medidas possam proteger as empresas nacionais, elas também aumentam os custos para empresas que dependem de peças do exterior.>
As empresas que trazem mercadorias estrangeiras para o país pagam o imposto ao governo. As empresas podem optar por repassar parte ou todo o custo das tarifas aos clientes.>
Os EUA importaram cerca de 8 milhões de carros no ano passado — representando cerca de US$ 240 bilhões (R$ 1,38 trilhões) em comércio e cerca de metade das vendas gerais.>
O México é o principal fornecedor de carros para os EUA, seguido POR Coreia do Sul, Japão, Canadá e Alemanha.>
Analistas estimaram que as tarifas sobre peças apenas do Canadá e do México podem levar ao aumento dos custos de US$ 4 mil a US$ 10 mil (R$ 23 mil a R$ 57.300), dependendo do veículo, de acordo com o Anderson Economic Group.>
O ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, disse que a União Europeia deve "responder com firmeza".>
"Deve ficar claro que não cederemos aos EUA. Precisamos mostrar força e autoconfiança", acrescentou.>
A França apoia essa abordagem conjunta, com seu ministro das Finanças, Eric Lombard, dizendo que a "única solução" da Europa é retaliar com tarifas sobre produtos dos EUA.>
"Estamos em uma situação em que estamos sendo alvos. Ou aceitamos e, nesse caso, isso nunca vai parar, ou respondemos", acrescentou Lombard.>
Ele enfatizou a necessidade de "reequilibrar o campo de jogo" para que os EUA fossem "forçados a negociar".>
O primeiro-ministro canadense Mark Carney chamou as tarifas de "ataque direto" a seu país e à indústria automobilística, acrescentando que "nos prejudicarão". Mas ele afirmou que as opções comerciais ainda estavam sendo discutidas.>
No Reino Unido, o órgão da indústria automobilística Sociedade de Fabricantes e Comerciantes Motores (SMMT, na sigla em inglês) disse que o anúncio das tarifas por Trump na quarta-feira "não foi surpreendente, mas, no entanto, decepcionante".>
John Neill, fundador da loja de autopeças britânica Uniparts, disse que as tarifas de Trump foram "um presente para os chineses", porque os consumidores internacionais responderiam a uma guerra comercial comprando alternativas chinesas.>
Enquanto isso, a China acusou Trump de violar as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).>
"Não há vencedores em uma guerra comercial ou tarifária. O desenvolvimento e a prosperidade de nenhum país foram alcançados com a imposição de tarifas", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Pequim.>
O Japão também alertou que haverá um "impacto significativo" na relação econômica que compartilha com os EUA. Um porta-voz do governo descreveu as medidas como "extremamente lamentáveis" e disse que as autoridades pediram uma isenção aos EUA.>
Na Coreia do Sul, um dia antes do anúnico das novas taxas, a Hyundai anunciou que investiria US$ 21 bilhões (R$ 120 bilhões) nos EUA e construiria uma nova usina siderúrgica no estado de Louisiana.>
Trump elogiou o investimento como uma "demonstração clara de que as tarifas funcionam muito fortemente".>
A Bosch — com sede na Alemanha — diz que tem confiança no "potencial de longo prazo" do mercado norte-americano e que continuará a expandir seus negócios lá.>
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