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Afeganistão e Paquistão trocam novos ataques na fronteira

Afeganistão e Paquistão trocam novos ataques na fronteira

Os dois países se acusam mutuamente de dar início aos combates noturnos e de violar um frágil cessar-fogo que foi estabelecido em outubro.

Publicado em 6 de dezembro de 2025 às 08:44

Imagem BBC Brasil
Novos focos de conflitos foram registrados perto da cidade fronteiriça afegã de Spin Boldak, que tem sido palco de confrontos mortais nos últimos meses (foto de outubro de 2025) Crédito: Getty Images

A fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão virou palco de novos conflitos armados.

Cada lado acusa o outro de violar um frágil cessar-fogo estabelecido em outubro.

Entre a noite de sexta-feira (5/12) e a manhã de sábado (6/12), moradores fugiram da cidade afegã de Spin Boldak, que fica num ponto da fronteira de 2,6 mil km que separa os dois países.

Um profissional de saúde na cidade vizinha de Kandahar disse à BBC que quatro corpos foram levados para um hospital local. Outras quatro pessoas ficaram feridas. Três teriam ficado feridas no Paquistão.

Foram registrados confrontos esporádicos entre os dois países nos últimos meses, enquanto o governo do Talebã afegão também acusa o Paquistão de realizar ataques aéreos dentro do país.

Cessar-fogo frágil

Os dois lados confirmaram a troca de tiros durante a noite de sexta-feira (5/12), mas cada um culpou o outro por iniciar o combate, que durou cerca de quatro horas.

Mosharraf Zaidi, porta-voz do primeiro-ministro paquistanês Shehbaz Sharif, acusou o Talebã de fazer "disparos não provocados".

"Nossas forças armadas deram uma resposta imediata, adequada e intensa. O Paquistão permanece totalmente em alerta e comprometido em garantir a integridade territorial e a segurança de seus cidadãos", complementou ele.

Enquanto isso, um porta-voz do Talebã disse que o Paquistão "mais uma vez iniciou ataques" e que foi "forçado a responder".

Moradores do lado afegão da fronteira disseram que a troca de tiros começou por volta das 22h30, horário local, de sexta-feira (6/12).

Imagens da área mostram um grande número de afegãos fugindo a pé e em veículos.

Ali Mohammed Haqmal, chefe do departamento de informações de Kandahar, afirmou que as forças paquistanesas atacaram com "artilharia leve e pesada" e que casas de civis foram atingidas por morteiros.

Esses últimos confrontos acontecem menos de dois meses depois que ambos os lados concordaram com um cessar-fogo mediado pelo Catar e pela Turquia.

O cessar-fogo pôs fim a mais de uma semana de combates nos quais dezenas de pessoas morreram.

Esses foram os piores confrontos entre o Paquistão e o Talebã desde que o grupo retornou ao poder no Afeganistão em 2021, embora as tensões permaneçam elevadas por todo o período.

O governo paquistanês há muito acusa o Talebã, que governa o Afeganistão, de dar abrigo a grupos armados que realizam ataques no Paquistão.

Já governo afegão nega essa acusação e diz que o Paquistão culpa outros por suas "próprias falhas de segurança".

O Talebã que opera no Paquistão realizou pelo menos 600 ataques contra as forças paquistanesas no último ano, de acordo com o projeto Armed Conflict Location & Event Data.

Na semana passada, delegações que representam os dois lados se reuniram na Arábia Saudita para uma quarta rodada de negociações sobre um acordo de paz mais amplo, mas não chegaram a um acordo.

Fontes familiarizadas com as negociações disseram à BBC News que tanto afegãos quanto paquistaneses haviam concordado em continuar com o cessar-fogo.

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