Publicado em 15 de dezembro de 2025 às 14:44
A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta para a próxima temporada de gripe, prevista para o fim de 2025 e começo de 2026, após identificar um aumento da circulação do vírus influenza em várias partes do mundo.>
O crescimento vem sendo impulsionado sobretudo por uma variante do influenza A (H3N2), que começou a se espalhar mais rapidamente a partir de agosto de 2025 e passou a chamar a atenção de autoridades de saúde.>
Segundo a OMS, trata-se do chamado subclado (ou variante genética) 'K' — também identificado como J.2.4.1 —, uma nova ramificação genética do vírus da gripe sazonal. >
Apesar do avanço em diferentes países, os dados disponíveis até agora não indicam que essa variante cause quadros mais graves da doença. >
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Ainda assim, o momento preocupa porque coincide com a chegada do inverno no Hemisfério Norte, período em que aumentam os casos de gripe e de outras infecções respiratórias, o que pode pressionar os sistemas de saúde.>
O termo "gripe K" tem ganhado espaço em redes sociais e manchetes, mas a OMS ressalta que não se trata de um vírus novo. >
Na prática, trata-se da evolução esperada do influenza A, um vírus conhecido por sofrer mudanças constantes. >
A ramificação genética K tem algumas alterações genéticas em relação a variantes anteriores e vem sendo identificado com mais frequência em amostras analisadas ao redor do mundo.>
No comunicado, a OMS faz uma ressalva importante: a atividade global de gripe ainda está, em termos gerais, dentro do esperado para a estação. Ao mesmo tempo, porém, alguns países registraram aumentos mais cedo e mais intensos do que o habitual — um sinal de alerta num cenário em que hospitais já costumam operar sob maior pressão durante o inverno.>
A OMS descreve o cenário atual como o da gripe sazonal, uma infecção respiratória causada por vírus influenza que circulam globalmente e podem provocar desde sintomas leves até quadros graves, com risco de hospitalização e morte, sobretudo entre os mais vulneráveis.>
Segundo a organização, os dados epidemiológicos disponíveis até o momento não apontam aumento na gravidade dos casos ligados à variante K. Ainda assim, a OMS classifica o avanço dessa variante como uma "evolução notável", já que ela vem se espalhando rapidamente em diferentes regiões.>
Esse tipo de mudança é acompanhado de perto porque o influenza A (H3N2), assim como outros vírus da gripe, passa por alterações genéticas frequentes. Essas transformações podem influenciar tanto como o vírus se espalha quanto o nível de proteção da população, construída a partir de infecções anteriores ou da vacinação.>
O alerta da OMS se apoia, sobretudo, na velocidade com que a variante K passou a circular em diferentes regiões. >
Segundo a organização, desde agosto de 2025 houve um aumento rápido na detecção dessa ramificação genética em vários países, com base em dados de sequenciamento disponíveis.>
Esse avanço ocorre ao mesmo tempo em que o Hemisfério Norte entra no inverno, período em que tradicionalmente cresce o número de infecções respiratórias.>
O resultado, segundo a OMS, é um cenário em que a temporada de gripe começou mais cedo em alguns lugares e pode seguir pressionando hospitais na virada do ano — não como um evento futuro distante, mas como algo já em curso.>
Na América do Sul, até o momento, não há registro da circulação da variante K. Ainda assim, especialistas avaliam que a chegada ao Brasil é uma possibilidade concreta. >
"A gente só pode imaginar que esse subclado vá chegar ao país. Neste momento em que começam as férias e aumenta a circulação de pessoas entre continentes, a chance de esse clado entrar no Brasil e se espalhar rapidamente é muito grande", afirma Rosana Richtmann, chefe do departamento de infectologia do Grupo Santa Joana.>
Na Europa, a OMS identificou um início antecipado da temporada de gripe em relação ao período em que essas infecções costumam ocorrer. O movimento foi medido pelo aumento da positividade dos testes e pela predominância do influenza A(H3N2) tanto na atenção primária quanto em hospitais — um cenário que ajudou a colocar o tema no radar das autoridades sanitárias.>
Em outras regiões do mundo, o padrão é mais heterogêneo. Em partes do Hemisfério Sul, algumas temporadas de gripe foram mais longas do que o habitual, enquanto em áreas tropicais a circulação do vírus tende a ocorrer de forma mais contínua ao longo do ano>
Grande parte desse acompanhamento só é possível graças ao Global Influenza Surveillance and Response System (GISRS), rede coordenada pela OMS que reúne mais de 160 instituições em 131 países. O sistema monitora a circulação do vírus influenza ao longo de todo o ano e funciona como um mecanismo global de alerta para mudanças relevantes nos vírus respiratórios.>
Esse trabalho combina dados clínicos e epidemiológicos com análises laboratoriais e sequenciamento genético, incluindo informações compartilhadas em bases internacionais como o GISAID. É a partir desse conjunto que a OMS consegue identificar padrões de expansão e avaliar riscos potenciais.>
Apesar da atenção voltada para a variante K, a OMS reforça que a vacinação continua sendo uma ferramenta central. >
Mesmo com incertezas sobre a proteção contra a doença clínica nesta temporada, estimativas iniciais indicam que a vacina segue reduzindo a necessidade de atendimento hospitalar, tanto entre crianças quanto entre adultos.>
A organização cita dados preliminares que apontam uma efetividade de cerca de 70% a 75% na prevenção de hospitalizações em crianças de 2 a 17 anos e de 30% a 40% em adultos, ainda que esses percentuais possam variar conforme o grupo e a região.>
A mensagem é direta: mesmo em um ano marcado por mudanças genéticas do vírus, a vacinação permanece como uma das medidas de saúde pública mais eficazes, especialmente para pessoas com maior risco de complicações e para quem cuida delas.>
A OMS lembra que a maioria das pessoas se recupera em cerca de uma semana sem necessidade de atendimento médico, mas que influenza pode levar a complicações sérias — com maior risco para crianças pequenas, idosos, gestantes e pessoas com condições de saúde subjacentes. Profissionais de saúde também aparecem como grupo relevante, tanto pelo risco de adquirir a infecção quanto de transmiti-la a pessoas vulneráveis.>
"Os principais grupos de risco, independentemente do tipo de vírus influenza — e especialmente no caso do H3N2 — são, em primeiro lugar, os idosos. Acima dos 60 ou 65 anos, e principalmente acima dos 80, o risco de desenvolver doença grave, precisar de hospitalização, evoluir para insuficiência respiratória e até morrer é significativamente maior. Esse é, sem dúvida, o grupo prioritário", aponta Richtmann.>
Outro grupo importante, segundo a médica, são as gestantes, que podem apresentar quadros mais graves de influenza e, em alguns casos, evoluir para complicações como parto prematuro ou abortamento. "As crianças também merecem atenção especial: elas são sempre um grupo que preocupa quando surgem novas variantes de vírus respiratórios.">
Em orientações clínicas, a OMS detalha ainda que antivirais podem beneficiar especialmente pessoas com maior risco de evolução para doença grave (como idosos e pessoas com comorbidades), e descreve critérios de maior vulnerabilidade."">
A OMS não está recomendando restrições de viagem ou comércio com países citados no alerta.>
O foco está em medidas clássicas, com ênfase em duas frentes:>
"É importante lembrar que, infelizmente, a cobertura vacinal no Brasil — especialmente entre idosos — não foi boa em 2025, uma das piores que já tivemos. Por isso, é fundamental manter vigilância e garantir que, assim que a vacina atualizada para 2026 estiver disponível, a população-alvo da imunização faça sua parte e se vacine", acrescenta a infectologista.>
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