Publicado em 18 de junho de 2025 às 13:39
Um dos pontos cruciais no atual conflito entre Israel e Irã é o futuro do programa nuclear iraniano.>
O Irã afirma que tem um programa pacífico, destinado apenas a geração de energia. Mas Israel diz que o objetivo iraniano é construir uma bomba atômica. >
Especialistas dizem que Israel também possui tecnologia para produzir uma bomba nuclear — algo que o governo israelense nunca confirmou.>
Há décadas, os Estados Unidos vêm negociando diplomaticamente com o Irã formas de fazer com que o regime de Teerã desista de seu projeto nuclear.>
>
Os ataques de Israel às instalações nucleares do Irã abriram a discussão sobre a possibilidade de os EUA participarem do ataque a Teerã — acabando com o programa atômico por meios militares em vez de diplomáticos.>
Mas atingir o programa nuclear de Teerã traz um desafio logístico enorme: as principais instalações nucleares estão enterradas em uma montanha.>
A instalação nuclear mais fortificada do Irã, Fordow, foi construída no interior de uma montanha para protegê-la de um ataque.>
Fordow já foi construída estrategicamente embaixo da montanha justamente para evitar ataques aéreos de adversários militares.>
Em 1981, Israel usou caças para bombardear uma instalação nuclear perto de Bagdá como parte de seu esforço para impedir que o Iraque adquirisse armas nucleares. A instalação ficava na superfície, o que facilitou o bem-sucedido ataque israelense.>
"Os iranianos entenderam perfeitamente que os israelenses tentariam invadir seus programas e construíram Fordow dentro de uma montanha há muito tempo para resolver o problema pós-Iraque", disse Vali Nasr, especialista em Irã e professor da Universidade Johns Hopkins, em entrevista ao jornal americano The New York Times.>
Segundo o jornal, ao longo de vários anos, Israel elaborou uma série de planos para atacar Fordow usando apenas as suas próprias armas.>
Em um desses planos, que foi apresentado ao governo do então presidente Barack Obama, helicópteros israelenses carregados com soldados voariam até o local. Os soldados travariam batalhas para entrar na instalação nuclear iraniana e explodi-la.>
Algo semelhante já foi feito por Israel na Síria no ano passado, quando o país destruiu uma fábrica de mísseis do Hezbollah.>
Mas Fordow exigiria um esforço e preparo muito maior, segundo as autoridades militares.>
Outra possibilidade que já foi estudada no passado foi a de jogar uma bomba em Fordow. No entanto, Israel não possui nenhuma arma capaz de explodir as instalações subterrâneas iranianas. Somente os EUA possuem armamento capaz de tentar algo assim.>
Estima-se que o bunker onde os cientistas nucleares iranianos trabalham está enterrado no solo muito longe do alcance das chamadas "armas antibunker" que Israel possui.>
As armas antibunker são projetadas para destruir alvos que estão abaixo do solo. >
Elas são pesadas e, ao caírem no solo, penetram camadas de terra ou concreto e explodem só depois de atingir a profundidade máxima.>
Especialistas militares dizem que até agora Israel teria usado armas antibunker GBU-28 com capacidade de penetração de 6 metros.>
Isso não seria suficiente para atingir as instalações de Fordow.>
A profundidade exata do bunker onde ficam instalações nucleares iranianas é desconhecida entre militares ocidentais.>
A montanha em si teria até 80 metros de rocha e solo — muito além do alcance das armas israelenses.>
Mas segundo o jornal britânico Financial Times, o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi, afirmou que algumas das instalações mais sensíveis de Fordow podem estar enterradas ainda mais profundamente, a até 800 metros de profundidade.>
"Já estive lá muitas vezes", disse Grossi ao Financial Times este mês. "Para chegar lá, você pega um túnel em espiral que desce, desce, desce...">
"No caso iraniano, como o Conselho de Segurança Nacional dos EUA pode ter certeza de que conseguirá atingir tudo? Essa é a grande questão", o historiador militar Robert Pape ao jornal britânico.>
Apenas os EUA possuem uma única arma capaz disso: a Massive Ordnance Penetrator (MOP, ou também conhecida como GBU-57), uma bomba antibunker de 13,6 mil kg, que é tão pesada que só pode ser lançada por bombardeiros estratégicos B2, que só os EUA têm.>
A MOP dos EUA teria capacidade de atingir uma profundidade de 60 metros — dez vezes mais do que as armas do tipo que Israel possui.>
A MOP funciona sem nenhum tipo de propulsor. Ou seja, ela é apenas lançada do avião, e guiada em alta-precisão por aletas de grade, que direcionam a bomba. Depois que ela atinge sua profundidade máxima, ela é detonada.>
Por contar apenas com a gravidade para atingir o chão, a bomba precisa ser lançada de uma altitude muito grande. Ela também é muito pesada — e por isso precisa de aviões especiais, como os B2 americanos.>
"Para destruir Fordow, para o qual a MOP foi explicitamente projetada, provavelmente seriam necessárias pelo menos duas bombas, cada uma atingindo exatamente o mesmo ponto", disse Pape ao Financial Times.>
"Isso pode ser bom, e tenho certeza de que a Força Aérea dos EUA tem as capacidades técnicas. Mas isso nunca foi feito antes em uma guerra real.">
Segundo o New York Times, Trump estaria considerando agora o uso de bombardeiros B2 equipados com a bomba MOP para ajudar Israel a atingir o programa nuclear iraniano.>
Um ataque militar potente contra as instalações nucleares do Irã só poderia ser lançado pelos EUA, que possui os bombardeiros B2 e a bomba MOP.>
O New York Times diz que nos últimos dois anos militares americanos, sob acompanhamento próximo da Casa Branca, desenvolveram uma operação para atacar Fordow que envolveria o uso de múltiplas bombas MOP jogadas uma depois da outra, sempre no mesmo buraco provocado pela primeira bomba.>
Essa ideia que antes era tratada apenas como um exercício militar teria ganhado força após os ataques de Israel contra o Irã na semana passada.>
>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta