Publicado em 24 de junho de 2025 às 09:38
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assumiu um grande risco ao inserir os EUA no tenso conflito entre Israel e Irã. Mas esse risco poder ter valido a pena — pelo menos por enquanto.>
Trump anunciou na noite de segunda-feira (23/6) que os dois países concordaram com um cessar-fogo que, segundo ele, poderia levar a uma paz duradoura.>
Se o presidente americano de fato encerrou o que ele chamou de "Guerra dos 12 Dias", isso representaria um passo significativo para evitar um conflito que parecia prestes a engolir a região — e os próprios EUA, depois dos seus ataques aéreos a instalações nucleares iranianas.>
"Desde que o regime israelense interrompa sua agressão ilegal contra o povo iraniano até as 4 da manhã, horário de Teerã, não temos intenção de continuar nossa resposta depois disso", disse o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, em um comunicado.>
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Mais tarde, o governo israelense disse que concordou com a proposta após "atingir os objetivos" de seus ataques ao Irã.>
As duas partes pareciam estar prestes a diminuir a pressão quando o prazo final das 4h (21h30 de segunda-feira no horário de Brasília) chegou em Teerã, e os ataques israelenses teriam cessado.>
Mas a fragilidade do acordo ficou evidente apenas duas horas depois, quando o ministro da Defesa de Israel acusou o Irã de violar o cessar-fogo e prometeu responder com firmeza. O Irã, por sua vez, negou qualquer violação.>
O governo Trump sem dúvida espera que isso seja passageiro, devido às tensões óbvias, e que o cessar-fogo seja respeitado por ambos os lados.>
Isso acontece após um dia tumultuado na região, quando o Irã cumpriu sua promessa de retaliar o ataque americano de sábado.>
De acordo com os primeiros relatos, todos os mísseis iranianos direcionados à enorme base americana no Catar foram interceptados e não houve vítimas ou danos aos americanos.>
Durante seu discurso à nação na noite de sábado, o presidente Trump havia alertado que haveria uma resposta americana esmagadora a quaisquer ataques iranianos contra interesses americanos. Ele prometeu que havia mais alvos que poderiam ser atingidos pelas forças americanas, se necessário.>
Por mais de 24 horas, o mundo esperou para ver o que o Irã faria. Assim que o Irã agiu, a atenção se voltou para o presidente dos EUA e, depois de algumas horas, ele falou pela primeira vez.>
"O Irã respondeu oficialmente à nossa destruição de suas instalações nucleares de forma muito fraca, o que esperávamos, e combatemos de forma muito eficaz", postou Trump em sua rede social.>
Ele disse, ainda, que "talvez o Irã possa agora prosseguir rumo à paz e à harmonia na região".>
Embora os danos aos EUA tenham sido aparentemente limitados, Trump parecia inclinado a não contra-atacar na esperança de que os iranianos estivessem dispostos a negociar seriamente. >
E, nos bastidores, a Casa Branca afirma que ele estava conversando com mediadores do Catar e com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para acertar os detalhes do cessar-fogo.>
O ataque de Trump ao Irã no fim de semana foi uma manobra de alto risco, mas um cenário em que os resultados já estão aparecendo.>
Uma dinâmica semelhante ocorreu em janeiro de 2020, quando Trump ordenou o assassinato seletivo do líder da Guarda Revolucionária Iraniana, Qasem Soleimani, em Bagdá.>
O Irã lançou mísseis contra bases militares no Iraque, ferindo mais de 100 soldados americanos, mas os EUA optaram por não intensificar a ofensiva. A calma acabou prevalecendo.>
De acordo com a imprensa dos EUA, em seu último ataque na segunda-feira, o Irã disparou um número de mísseis contra bases americanas igual ao número total de bombas lançadas por aviões de guerra dos EUA durante o ataque do fim de semana.>
Isso, juntamente com o aviso prévio que o Irã deu ao governo do Catar antes do lançamento, pelo qual Trump disse estar grato, sugere que os iranianos estão buscando proporcionalidade — e não escalada.>
Durante a maior parte do dia, Trump estava mais focado no preço do petróleo, na cobertura da mídia americana e na sugestão do ex-presidente russo Dimitry Medvedev de que uma nação estrangeira fornecesse armas nucleares ao Irã.>
Autoridades dos EUA declararam que Trump, o atual presidente, cumpre suas ameaças, ao contrário de alguns de seus antecessores.>
Se o Irã lançasse outra rodada de ataques — e houvesse mortes ou danos significativos de americanos — a pressão para que Trump respondesse aumentaria.>
No momento, porém, ele parece estar de olho em como evitar mais combates, e ambos os países parecem dispostos a considerar isso.>
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