Publicado em 8 de setembro de 2023 às 14:00
- Atualizado há 2 anos
Graças à modalidade chamada multipropriedade ou propriedade compartilhada ficou mais fácil adquirir um bem que custa milhares e até milhões de reais, incluindo veículos de luxo. Funciona da seguinte forma: você entra com uma parte em um grupo de cotistas e pode fazer uso dessa propriedade. Parece muito bom na teoria, mas Motor foi atrás para saber se isso realmente funciona e como evitar cair em armadilhas na hora de comprar cotas de carros de luxo, veleiros, barcos, helicópteros, jatos e iates. >
O uso de um mesmo bem compartilhado é feito por meio de ajuste de vontades, proporcionalmente ao tempo de utilização. As despesas, portanto, são divididas entre os coproprietários. É o que explica a doutora em Direito e professora de Direito Civil da Faculdade de Direito de Vitória (FDV) Bruna Lyra Duque.>
“É um aproveitamento econômico de bens. No Brasil, ingressou no Código Civil como uma modalidade especial de condomínio em propriedade imobiliária. O compartilhamento de bens já tem vasto campo de utilização na Europa e nos Estados Unidos, por meio de instrumentos como time sharing e shared ownership fraction ou fractional ownership”, observa.>
Isso é realmente legal?
O Código Civil, alterado pela Lei nº 13.777 de 2018, regula o compartilhamento de bens imóveis. É o que chamamos de multipropriedade imobiliária.
Segundo o Código, a multipropriedade “é o regime de condomínio em que cada um dos proprietários de um mesmo imóvel é titular de uma fração de tempo, à qual corresponde a faculdade de uso e gozo, com exclusividade, da totalidade do imóvel, a ser exercida pelos proprietários de forma alternada".
Ainda de acordo com a advogada, por analogia, isso é aplicado a todos os bens móveis, como carros, lanchas, motorhomes, iates e aeronaves. >
>
Como a situação jurídica estabelecida pela multipropriedade é complexa por envolver pessoas diferentes no compartilhamento de um bem caro, podem ocorrer eventuais conflitos, como violações de regras, não pagamento das despesas e venda para terceiros.>
Por isso, existem empresas responsáveis por gerir todas essas questões. “Além de estabelecer regras escritas, é importante prever as consequências do descumprimento das obrigações”, acrescenta.>
Um exemplo de empresa que presta esse tipo de serviço é a Prime You. Fundada em outubro de 2008, atua no segmento de propriedade compartilhada de aviões, helicópteros, embarcações, imóveis e carros esportivos. >
A empresa também opera na gestão dos ativos para aqueles que desejam profissionalizar a administração do bem compartilhado, inclusive no segmento de táxi aéreo.>
O CEO e fundador da Prime You, Marcus Matta, conta que a empresa é a primeira do mundo em compartilhamento de barco, além de ter o maior iate compartilhado do Brasil, o primeiro iate intercontinental compartilhado na América do Sul. Os serviços prestados pela empresa, conta, geram propriedades de bens que o consumidor não costuma usar sempre em um período de um ano, por exemplo.>
“Com uso exclusivo e personalizado por um custo fixo de manutenção reduzido, o cliente tem menos preocupação e dor de cabeça. Isso permite que o consumidor tenha a oportunidade de fazer um upgrade de propriedade de bens sob sua tutela”, destaca.>
Ou seja, ao comprar uma cota, cada proprietário adquire uma fração de determinado bem, pagando um valor mensal para cobrir os custos fixos e, de acordo com a utilização, taxas variáveis individuais. >
Maior iate do Brasil >
Trata-se da embarcação Oasis 40M, embarcação de alto luxo de 133 pés, cuja aquisição representou o maior negócio já realizado no setor náutico brasileiro. É a primeira embarcação desse porte, inclusive, na América do Sul. Fabricado pela Benetti, integra o Grupo Azimut-Benetti, considerado o maior estaleiro do mundo.>
No sistema de compartilhamento da Prime You, quatro cotistas podem adquirir uma fração da embarcação, realizando um investimento equivalente a 25% do valor total. Há uma taxa fixa de manutenção e uma taxa variável para assegurar que a propriedade esteja sempre em condições ideais para ser utilizada.>
Cada proprietário tem o direito de utilizá-la por até 10 semanas ao ano, e nesse período a embarcação é customizada de acordo com o perfil do cotista, assegurando todos os requisitos de serviços premium, que incluem um baú individual ao perfil de cada proprietário, com personalização de itens exclusivos (jogos de cama, mesa e banho, entre outros itens), chef de cozinha, com especialização na Le Cordon Bleu, para preparar pratos da preferência do cotista.>
Casa com barco de 60 pés>
O empreendimento em Angra dos Reis, o Real Estate Duo 005, tem um valor final de venda de R$ 40,452 milhões. O projeto prevê a construção de uma casa de alto padrão, que será comercializada em conjunto com uma embarcação de 60 pés. >
No sistema de compartilhamento do Prime Real Estate Duo, quatro pessoas podem adquirir uma fração do imóvel com embarcação. A compra pode ser paga à vista ou mediante avaliação de proposta, e há uma taxa mensal para cobrir custos fixos e provisão de manutenção. >
Além disso, o cotista conta com serviços de chef de cozinha, ajudantes de cozinha, sommelier e serviço de limpeza e tripulação para o barco (comandante e ajudante), entre outros funcionários, além de serviços de concierge para pedidos especiais, tais como DJ, massagista, cabeleireiro e personal trainer. >
Jato para voos transcontinentais>
Resultado de um investimento de US$ 14 milhões, a empresa adquiriu um Legacy 650 e passou a ser a primeira empresa do Brasil a operar com aeronaves dessa categoria no sistema de propriedade compartilhada.>
O jato executivo tem tem até 7.200 km de autonomia, três zonas de cabine e conta com um amplo compartimento de bagagens, recursos tecnológicos que permitem uma maior precisão navegacional e conectividade de banda larga. A capacidade é de até 13 passageiros, além do piloto e copiloto. >
No sistema de operação da Prime You, é compartilhado por três associados, que adquirirem 1/3 do bem cada um. O cotista tem o direito de utilizar o jato no mínimo por 10 dias ao mês. Além do valor da cota, o cotista tem uma taxa mensal para cobrir os custos fixos, e outra por hora voada, para despesas com combustível, lubrificante e provisão de manutenção. A empresa cuida da gestão dos ativos de seus associados, como contratação de tripulação, hangaragem, administração do bem, entre outros pontos.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta