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ONGs ambientalistas são as mais atacadas pelo governo Bolsonaro, diz estudo

ONGs ambientalistas são as mais atacadas pelo governo Bolsonaro, diz estudo

A pesquisa entrevistou 135 entidades de todas a regiões do país e que são associadas à Abong. O estudo combinou abordagens qualitativas e quantitativas

Publicado em 5 de julho de 2022 às 09:59

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  • Mônica Bergamo

SÃO PAULO - Organizações da Sociedade Civil (OSCs) que atuam na defesa ambiental ou que trabalham com projetos de identidade de gênero e sexualidade são as mais atacadas pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). Esta é uma das conclusões de um levantamento realizado pela Abong (Associação Brasileira de ONGs), e que será apresentado pela primeira vez, nesta terça (5), em evento da ONU, em Nova York.

A pesquisa entrevistou 135 entidades de todas a regiões do país e que são associadas à Abong. O estudo combinou abordagens qualitativas e quantitativas.

De acordo com o levantamento, desde que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tomou posse, em 2019, a sua gestão tem atuado para atingir a reputação e a credibilidade de organizações.

Matéria de turismo na Amazônia feita por Elis Carvalho
Amazônia: ONGs que tentam preservar a floresta têm mais dificuldades de receber recursos. ( Elis Carvalho)

A partir das entrevistas, os pesquisadores concluíram que as entidades ambientalistas e que trabalham com propostas de sexualidade são os principais alvos de ataques do governo. Algumas dessas ações, ainda segundo o estudo, podem ser classificadas como crimes de calúnia, difamação ou injúria.

Outro ponto observado no levantamento é que a gestão de Bolsonaro tem atuado, por meio de medidas em âmbito administrativo, para dificultar a captação de recursos e o recebimento de doações vindas do exterior. Um exemplo é relativo ao Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Organizações que estavam com contrato vigente para receber recursos do fundo afirmam, segundo relatório da Abong, que novas exigências começaram a ser pedidas para a liberação do dinheiro.

Um desses requisitos, citado no levantamento pelo representante de uma entidade, é que a ONG não poderia ter em seu conselho diretor nenhum membro que já tivesse participado de campanha política ou que tivesse sido filiado a um partido.

"Há uma escalada nas tentativas de criminalização das OSCs, com projetos de lei e outras medidas legais destinadas ao controle e restrição do espaço de atuação dessas organizações", diz o relatório.

O levantamento aponta como marco simbólico dessa atuação da gestão Bolsonaro contra as entidades a reestruturação que o político determinou logo que assumiu a presidência, no dia 1ª de janeiro de 2019, quando atribuiu à Secretaria de Governo da Presidência a competência de "supervisionar e monitorar" a atuação de organismos internacionais e ONGs no país.

Para a Abong, a medida fere a Constituição e é uma forma de patrulhamento das entidades, especialmente aquelas que apresentam críticas às políticas do atual governo.

O relatório será apresentado por representantes da Abong no Fórum Político de Alto Nível da ONU.

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