Publicado em 1 de setembro de 2025 às 15:03
- Atualizado há 3 meses
Quando se fala em condomínios pelo mundo, um deles impressiona por sua grandiosidade - literalmente. Afinal, o Burj Khalifa, em Dubai, conta com 828 metros de altura, 163 andares e 900 unidades residenciais, o que o torna o prédio mais alto do mundo e uma verdadeira cidade vertical. >
Restaurantes, escritórios, lojas, hotel de luxo, plataforma de observação e até uma mesquita constituem o empreendimento e o consolidam como uma comunidade vertical que, além dos residentes, recebe cerca de 17 milhões de visitantes ao ano.>
Para gerenciar todo esse complexo, os esforços são multíplos. “O Burj Khalifa não é um edifício, é uma comunidade vertical. Em algum momento, temos 10 mil pessoas morando, trabalhando e visitando o prédio ao mesmo tempo. São 57 elevadores, 26 mil janelas para limpar, mais de 900 apartamentos e 37 escritórios. Só a demanda elétrica envolve 360 mil luminárias e o consumo diário é de 1 milhão de litros de água”, descreve Jeevan D'Meelo, especialista em gestão condominial que atuou como síndico do prédio por 12 anos. >
No evento Superlógica Next, D'Meelo trouxe perspectivas que podem ser aplicadas em empreendimentos de qualquer proporção, como a criação de uma cultura de sustentabilidade financeira a longo prazo.>
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“Precisamos ter um fundo de reserva do próprio prédio para uso futuro, porque daqui a 10, 15 ou 20 anos, quando o ciclo de vida útil dos equipamentos acabar, precisaremos substituir. Além disso, manutenção técnica de rotina, preventiva, de substituição e de emergência são importantíssimas para gerenciar e manter o prédio, assim como reservas financeiras de emergência para caso algo aconteça. Nosso orçamento não é apenas uma planilha, é uma estratégia”, afirma.>
Se em Dubai o desafio é manter a engrenagem de uma cidade vertical funcionando, na América Latina a realidade é diferente, mas também complexa. Para Albano Laiuppa, diretor executivo da ConsorcioAbierto (Argentina) e da Properix (Colômbia) que palestrou no Superlógica Next, os desafios da região envolvem sobretudo eficiência e relacionamento.>
“Para chegarmos ao volume de 12 mil condomínios administrados nas empresas, entendemos que não há atalhos. É um mercado relacional. Trabalhamos para conhecer os problemas reais dos administradores e dos condôminos, e traduzimos isso em plataformas digitais que ajudam na gestão”, diz.>
A tecnologia aparece como um eixo central nesse processo. Plataformas de gestão digital já permitem integrar pagamentos, seguros e comunicação em um só sistema. “Consideramos que esse tipo de plataforma vai além de um software. Ela traz aliados e oferece novas funções, como pagamentos e seguros. O futuro é a inteligência artificial aplicada à comunicação, tornando-a mais eficiente e reduzindo o tempo gasto em tarefas operacionais”, explica Raúl Villarreal, CEO do software de gestão condominial Axcent.>
Para completar, o papel do síndico e do administrador também tende a mudar nos próximos anos. Marwa Hage, CRO da gestora de comunidades Munily, do Panamá, acredita que o perfil será mais estratégico do que operacional. “Hoje, o administrador gasta boa parte do tempo ‘apagando incêndios’. Daqui a cinco anos, ele terá que saber ler dados, usar ferramentas tecnológicas e trabalhar de mãos dadas com a inteligência artificial para agilizar o trabalho”, defende.>
Essa transição, no entanto, não elimina a necessidade de empatia e proximidade com os moradores. D’Mello, do Burj Khalifa, ressalta que a satisfação dos condôminos continua sendo prioridade: “Se o cliente não está feliz, ninguém fica feliz. Organizamos eventos, newsletters e iniciativas de convivência porque o prédio, além de um espaço físico, é uma janela para o mundo”. >
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