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Saúde mental de adolescentes: veja os sinais para ficar atento

Bagagens individuais, bullying e ambientes tóxicos podem contribuir diretamente para o desenvolvimento de conflitos emocionais e psicológicos em jovens

Publicado em 23 de maio de 2023 às 15:21

Saúde mental de adolescentes
Caso o adolescente comece a se afastar das pessoas ao seu redor é preciso ficar atento Crédito: Shutterstock

A infância e adolescência são períodos importantes para o desenvolvimento físico e psicológico dos indivíduos. Enquanto na infância as experiências são mais lúdicas e exploratórias, na adolescência ocorrem mudanças significativas na interação social e nas emoções e, com isso, as vivências e sentimentos são mais intensos.

"Durante a adolescência, as mudanças corporais são mais evidentes e há uma necessidade maior de interação social e de pertencimento a grupos. É um período em que os indivíduos estão procurando sua identidade. Logo, alguns sentimentos podem tomar grandes proporções", afirma o psiquiatra Rodrigo Lancelote Alberto, diretor técnico no Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental (CAISM) Franco da Rocha, gerenciado pelo CEJAM. 

Nesta fase da vida, diversos fatores podem afetar a saúde mental dos jovens e desencadear diferentes reações. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), metade de todas as condições de saúde mental começa aos 14 anos e a maioria dos casos não é detectada ou tratada. Por isso, é importante ficar atento aos sinais.

ENTENDA OS SINAIS

Normalmente, adolescentes que enfrentam algum tipo de dificuldade psicológica e/ou emocional apresentam sintomas que podem ser observados em seu dia a dia. Se você conhece ou convive com algum jovem, confira abaixo algumas dicas para reconhecer os sinais e poder ajudá-lo:

  •  Observe as mudanças de comportamento: caso o adolescente comece a se afastar das pessoas ao seu redor, se mostrar mais irritado ou desinteressado em atividades que antes desfrutava, algo pode não estar bem.

  • Preste atenção a sintomas físicos: sinais como dificuldade para dormir e alterações no apetite podem servir de alerta para problemas emocionais e precisam ser levados a sério.

  • Converse com o adolescente: se tiver a oportunidade, pergunte como ele está se sentindo, como tem sido sua rotina e se está enfrentando alguma dificuldade. Esteja presente e interessado, pois este é um momento valioso em que o adolescente pode encontrar espaço para expressar seus sentimentos e pensamentos.

  • Esteja presente: como já dito, é importante estar disponível para ouvir o adolescente, mas sem julgamentos ou pressão para que fale. Nesta troca, é importante que ele se sinta acolhido e compreendido.

  • Busque ajuda especializada: caso perceba que o adolescente está passando por problemas emocionais mais sérios, ajude-o a encontrar um profissional, como psicólogo ou psiquiatra. Procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua casa e agende uma consulta de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O médico diz que a exposição a situações de risco, violência e abusos nos diversos ambientes, como em casa ou na escola, deixam os adolescentes em situação de extrema vulnerabilidade, pois são locais que, em tese, deveriam prover segurança emocional. "Um histórico com esses tipos de vivências pode, muitas vezes, trazer consequências negativas, como possíveis comportamentos agressivos por parte do jovem”. 

BULLYING

É também nesta fase da vida que algumas práticas influenciam na forma como o jovem se vê na sociedade. O bullying é uma ação que, somada a outros fatores, pode afetar diretamente a saúde psicológica dos que ainda se encontram em fase de amadurecimento.

“Essa vivência também possui impactos e repercussões emocionais com consequências nocivas para a saúde mental, o que pode desencadear conflitos, dificuldades e transtornos mentais que afetarão o desenvolvimento pessoal. Isso inclui ações e reações violentas, excepcionais e extremas por parte daqueles que são vítimas de bullying”, complementa o psiquiatra.

Junto a isso, as redes sociais têm exercido um papel importante na saúde mental dos jovens. Embora ofereçam muitos benefícios, podem também ser um estímulo negativo para aqueles que já sofrem com questões emocionais e psicológicas e não contam com nenhum tipo de ajuda.

A partir das redes sociais, os jovens podem ter acesso a conteúdos impróprios e violentos, além de grupos que, muitas vezes, não contribuem positivamente para o seu desenvolvimento. Quando utilizadas de forma inadequada, essas mídias podem afetar o bem-estar psicológico de diferentes formas

Pesquisa realizada em 2022 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela organização da sociedade civil Viração Educomunicação, com mais de 7,7 mil jovens e adolescentes de diferentes partes do Brasil, indica que metade dos entrevistados já sentiu necessidade de pedir ajuda sobre assuntos relacionados à saúde mental. Ainda de acordo com o levantamento, 50% dos participantes não conheciam os serviços ou profissionais que deveriam buscar para apoiá-los com seus problemas.

Por isso, prover condições para entender e dar suporte aos conflitos internos destes jovens é de extrema importância e uma forma de os acolher, evitando, em alguns casos, consequências mais drásticas. “É importante que todos que estão em torno do adolescente estejam atentos e tenham um olhar cuidadoso a mudanças de comportamentos, que incluem isolamento e atos agressivos e violentos, que, muitas vezes, são inexplicáveis à primeira vista”, afirma Rodrigo Lancelote Alberto.

Ainda de acordo com o psiquiatra, é ideal que os ambientes familiares, sociais e escolares permitam que os adolescentes se expressem livremente e exponham suas dificuldades e conflitos, sem julgamento. É importante que haja um retorno que os ajude a desenvolver a resiliência e o autoconhecimento necessários para superar as dificuldades enfrentadas.

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