Borderline: entenda quais são as causas e como tratar esse transtorno mental

Especialistas explicam a importância de procurar auxílio médico e realizar um tratamento adequado

O Transtorno de Personalidade Borderline, conhecido popularmente como borderline, é um distúrbio mental caracterizado pela instabilidade contínua no humor, no comportamento, na autoimagem e nas relações interpessoais.

Borderline

Por meio dos sintomas, é possível analisar se o paciente sofre com o transtorno . Crédito: Shutterstock

“Originalmente, o termo borderline queria dizer ‘limítrofe’, referindo-se ao que se acreditava como uma fronteira entre a psicose e a neurose. Contudo, nos últimos anos, o Transtorno de Personalidade Borderline vem sendo mais associado aos distúrbios afetivos, como à bipolaridade ”, explica a psiquiatra Luciana Oliva, especialista em Atenção Básica à Saúde.

De forma geral, os sintomas do transtorno variam de pessoa para pessoa. No entanto, de acordo com Patrícia Souza, neuropsicóloga e especialista em Desenvolvimento Humano, os sinais mais comuns são:

  • Raiva intensa/dificuldades para controlar a raiva;

  • Pensamentos paranoicos relacionados ao estresse;

  • Pensamentos suicidas;

  • Comportamentos autodestrutivos, como a automutilação;

  • Sensação de vazio;

  • Medo do abandono e da rejeição;

  • Baixa autoestima;

  • Compulsividade em relação a bebidas, drogas, comidas e sexo.

SUBTIPOS DO TRANSTORNO 

Embora o Transtorno de Personalidade Borderline apresente, geralmente, os sintomas citados acima, ele pode ser categorizado em subtipos. O psicólogo e coautor do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, Theodor Milton, classifica o distúrbio em:

  • Borderline desencorajado: presença de um padrão de vulnerabilidade, medo constante, esquiva, submissão e isolamento;

  • Borderline petulante: comportamento passivo-agressivo, com tendência à impaciência, à inquietude, à teimosia, ao pessimismo e ao rancor;

  • Borderline impulsivo: comportamentos caprichosos, superficiais, distraídos, indecisos, frenéticos e sedutores;

  • Borderline autodestrutivo: comportamentos depressivos e masoquistas, com tendência ao mau-humor, à conformidade e à tensão.

CAUSAS

Atualmente, não é possível afirmar que existem causas específicas para o surgimento do borderline. Todavia, muitos teóricos acreditam que o transtorno está ligado a uma conjunção de fatores.

“Entende-se que o borderline é altamente hereditário, com a predisposição genética contribuindo em 55% dos casos. Fatores psicológicos e ambientais também têm grande contribuição, especialmente com a vivência de algum evento traumático na infância”, relata Luciana Oliva.

Além disso, a psiquiatra comenta que estudos de neuroimagem demonstram que indivíduos com borderline apresentam alterações em locais específicos do cérebro, com maior estímulo em regiões relacionadas ao sistema emocional e menor estímulo em áreas ligadas ao comportamento social, à tomada de decisões e ao aprendizado.

Além dos sintomas citados, Luciana Oliva menciona que o borderline também pode estar associado a outras doenças psicológicas e comportamentais, como depressão, bipolaridade, ansiedade, estresse pós-traumático, transtornos alimentares e uso nocivo de substâncias químicas.

DIAGNÓSTICO 

O borderline é diagnosticado de forma clínica, isto é, por meio da descrição dos sintomas. Conforme Roberto Debski, psicólogo e médico clínico geral, o primeiro passo da avaliação profissional é o questionamento das idealizações suicidas, autolesões, agressividade e impulsividade do paciente. Em seguida, por meio das respostas, é possível realizar um diagnóstico mais criterioso, no qual são excluídas doenças que apresentam sintomas em comum com o borderline, como é o caso da bipolaridade.

O Transtorno de Personalidade Borderline não tem cura, porém existem tratamentos. “O indivíduo deve ser acompanhado por uma equipe multiprofissional composta de médico psiquiatra e psicólogo. Simultaneamente, deve haver mudanças no estilo de vida e acompanhamento familiar”, avalia Roberto Debski. A psiquiatra Luciana Oliva ainda ressalta que alguns medicamentos podem ajudar na redução da gravidade geral do borderline, como também no tratamento de outras doenças associadas ao transtorno.

BENEFÍCIOS DO TRATAMENTO

Os tratamentos para o Transtorno de Personalidade Borderline oferecem inúmeros benefícios à vida do paciente, como a “recuperação da funcionalidade através da atenção plena, da regulação emocional, da melhora nas habilidades em lidar com os desafios do cotidiano, do desenvolvimento de novos comportamentos, da reconstrução de laços interpessoais e da redução da impulsividade”, lista a psiquiatra Luciana Oliva. Além disso, a neuropsicóloga Patrícia Souza cita que as intervenções auxiliam no aumento da autoestima e do autocuidado .

Além dos tratamentos, outro ponto essencial para a vida da pessoa com borderline é o apoio estrutural e psicológico da família. “O ambiente familiar deve ser composto por rotinas bem estabelecidas. Nas crises do paciente, é importante que os parentes ou as pessoas próximas prestem atenção, mantenham a calma, não fiquem defensivos diante das acusações e críticas, escutem e não ignorem atos ou ameaças autodestrutivas”, enfatiza Luciana Oliva.

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