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Publicado em 15 de junho de 2023 às 15:53
Apadrinhados por Caetano Veloso e um dos impulsionadores do forró universitário, o Trio Forrózão sempre está com a agenda lotada nesta época do ano. A banda circula entre os forrozeiros mais convidados para arraiás e festas de São João ao redor do país. >
No Espírito Santo, por enquanto, os cariocas têm dois eventos marcados: nesta sexta (16), no Rastapé do Moxuara, em Cariacica, e no sábado (17), no Esquenta Arraiá do Mestre, na Serra. Haja fôlego, triângulo, sanfona e zabumba para aguentar a maratona!>
"Nos meses de junho, julho e agosto trabalhamos muito, graças a Deus! Fazemos em média 15 shows por mês e, às vezes, tocamos até duas vezes em um só dia (risos). É gratificante para nós cada vez que subimos ao palco e sentimos aquela energia maravilhosa do público que sempre nos recebe com vontade de dançar", responde, a "HZ", Nicodemos, vocalista e fundador do Trio Forrózão.>
"O forró é assim, um jeito simples, apaixonante e muito gostoso de curtir... as meninas mais bonitas que saem para as baladas... é assim mesmo que se fala né (risos)? Então, as meninas mais lindas, cheirosas e charmosas que saem à noite para a balada, saem para dançar forró! Pode acreditar! No ES tem forró 'para todos e todos os dias'", define o artista, com sua já conhecida simpatia e simplicidade.>
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Com mais de 30 anos de estrada, o Forrózão "empilha" sucessos entre os amantes do gênero. Entre as mais conhecidas, temos "Pequenininha", "Espuma aos Ventos", "Sou o Estopim", "Zé do Rock", e, claro, "Xote Capixaba". Na faixa, prestam uma homenagem ao ES, exaltando a culinária e belezas de locais como Itaúnas, Linhares, Iriri, Marataízes, Conceição da Barra e Guarapari. Quem nunca já se pegou cantando o refrão /"Ai, neném/ Ai, neném/ Eu gosto do tempero que a morena tem"/?>
"Falar do Espírito Santo é como se falássemos de um parente que gostamos muito ou de uma namorada por quem somos apaixonados. O Estado merece que todos os dias rezemos pelo seu povo! Somos acolhidos em todos os lugares como se fôssemos cidadãos capixabas, sem contar que é um dos mais lindos lugares que conhecemos. Já fomos até para os Estados Unidos e em quase todos os estados brasileiros e o mais lindo é o Espírito Santo", derrete-se Nicodemos.>
"Nós somos tão apaixonados por esta terra que fizemos um xote dedicado especialmente ao ES (o já citado "Xote Capixaba"). Exaltamos a comida, as praias e, claro, a capital mundial do Forró, Itaúnas".>
Fundado nos anos 1980, o Forrózão tem como base resgatar as raízes da regionalidade e dos costumes do povo nordestino. Nesse embalo, acabaram impulsionando o "forró universitário", movimento lançado por Luiz Gonzaga nos anos 1960, como explica Nicodemos, que nasceu na Paraíba. >
"Desde muito cedo, estive envolvido com arte. Meu pai era repentista de improviso e contador de histórias da nossa cultura e do nosso jeito sertanejo de ser. Ele viajava muito pela Paraíba e Pernambuco fazendo apresentações em circos, praças e escolas, improvisando, cantando e contando. Isso me encantava e eu, meninote, ficava atento, ouvindo as conversas dele. Sou um dos filhos mais novos, éramos 15 filhos!", detalha o artista à reportagem, como se estivesse apresentando uma história de cordel.>
"Quando meu pai voltava das viagens e contava as aventuras que havia passado, ficava encantado. Esse fascínio com nossos costumes vem de forma quase que natural, né? Em relação ao forró universitário, o verdadeiro precursor do movimento foi Luiz Gonzaga, lá pelos anos 1960. Nós, no fim dos anos 1990, somos responsáveis pelo resgate desse movimento, que se reiniciou no Rio de Janeiro". >
Apesar de trazer nome de trio, o grupo era, na verdade, um quarteto, formado por Bastos (que não está mais entre nós), Nicodemus, Xiquinho Corrêa e Edinho Xupa Cabra. Só gente de talento!>
O começo da trajetória foi em apresentações na tradicional Feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Mais tarde, o grupo foi apadrinhado por Caetano Veloso. O impulso do apoiador ilustre foi responsável pela divulgação do trabalho para o país.>
"Começamos na feira de São Cristóvão, que, até então, não tinha esse nome, era chamada de 'Feira dos Paraíbas' e não existia estrutura nenhuma, era como uma feira de bairro, onde cada um montava sua barraca e vendia seu peixe. Éramos a atração noturna, como muitos outros que tentavam 'ganhar o frango do domingo' (risos)!", relembra.>
"Caetano foi um pai para nós, pois deu toda a estrutura que precisávamos. Para falar a verdade, nem sabíamos quem era Caetano Veloso! Um representante dele, o João Frankilin, foi nos procurar por intermédio de um produtor que nos levou para tocar na zona sul do Rio, em uma casa muito chique, a Ballroom (que, na época, tinha noites dedicadas ao forró). A partir daí, tudo mudou. Gravamos pela Natascha Record, a mesma de Caetano, o que acabou levando nossas músicas para filmes e campanhas publicitárias", relembra, com nostalgia.>
Novos projetos? Lançamentos? Decididamente, não! Segundo Nicodemos, o objetivo do Trio Forrózão é "apenas" levar alegria para seus inúmeros fãs. "Nosso eterno projeto é levar nossa obra, cultura e som a todos os lugares e difundir o bom forró. Sabemos que, com isso acontecendo, prevalecerá o amor, a alegria e a felicidade! Não precisamos e nem queremos mais sonhar com grandes turnês pelo mundo, shows de luzes, cenários futuristas e nem em ficar ricos. Nosso sonho de riqueza é ver os casais se encontrando, se abraçando ao som do xote e isso para nós basta", complementa, de maneira generosa, o artista.>
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