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Publicado em 25 de outubro de 2025 às 10:30
Reunindo músicas retrô em vinil, o Disco Voador chega a sua segunda edição e vem conquistando o público jovem, que gosta de cantar e dançar clássicos da MPB. O evento transforma o Beco das Pulgas, no Centro de Vitória, em um espaço de celebração da música brasileira. >
Com entrada gratuita, a segunda edição contará com as atrações DJ Bravim, DJ Charles Jr, Karine e As Bolachas. Além da música, os participantes poderão comprar discos de vinil, explorar um espaço dedicado a livros, descobertas culturais e outras experiências.>
Na primeira edição, em setembro, o que surpreendeu o produtor e DJ do evento, Fabricio Bravim, foi a presença dos jovens da geração Z que deixou ele e os outros organizadores “totalmente embasbacados” ao ver jovens na faixa dos 20 anos cantando músicas dos ícones da MPB. >
“A galera mais nova simplesmente invadiu o rolê cantando as músicas junto. A gente, que é mais velho, ficava assim: ‘Meu Deus, o que está acontecendo?’ Estou surpreso com essa identificação.">
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Foi exatamente essa mistura de passado e presente que encantou o jovem de 22 anos Yuri Vieira, professor de inglês, que compareceu ao evento acompanhado dos amigos e do namorado. Para ele, a experiência foi marcada por uma sensação ambígua: viver algo novo por meio de músicas lançadas há décadas.>
Festa Disco Voador leva nostalgia ao Centro de Vitória
“Acho que isso é muito da nossa geração: retomamos o que é antigo, mas com uma nova perspectiva, sem perder a nossa essência”, afirma.>
Ele acrescenta que a geração atual gosta de revisitar o passado e dar uma nova roupagem ao presente.>
“A gente traz o passado, mas com um toque atual e damos a nossa cara. Acho que combina porque o nosso jeito é experimentar e renovar. É essa mistura entre passado e presente que cria algo novo, vibrante e muito gostoso de viver.” destaca. >
A psicóloga e comentarista da CBN Vitória, Adriana Müller, explica que existe um termo chamado “anemoia”, que diz respeito justamente à sensação de sentir saudade ou vontade de viver um tempo do passado que não foi, de fato, vivido. >
“Os jovens criam uma ponte entre algo que aconteceu no passado, que não pertence à vivência deles, mas que expressa valores com os quais se identificam e querem resgatar no presente. O jovem faz essa atualização: ele pega valores do passado que considera significativos e os incorpora à sua vivência atual”, explica a psicóloga.>
O fato de os jovens, como no caso do evento Disco Voador, saírem de casa e irem a um local preparado para o compartilhamento de música e a interação entre as pessoas. Esse contato presencial permite também desacelerar um pouco do mundo digital que os cerca, ressalta a psicóloga.>
“Quando os jovens se dispõem a viver experiências presenciais, onde podem se ver de corpo inteiro, dançar, se movimentar, interagir e cantar juntos… É a retomada de aspectos essenciais da vida social que fazem sentido, trazem prazer e nutrem afetivamente as pessoas”, destaca.>
A ideia inicial, segundo o produtor, era simples: reunir alguns amigos DJs, tocar vinil, conversar e trocar experiências musicais. No entanto, o que começou de forma despretensiosa acabou se transformando em um sucesso na região.>
“Não esperávamos isso. Era só um encontro de DJs, e acabou se transformando nessa grande coisa. A gente só acompanhou o fluxo”, conta o produtor Fabricio Bravim, empolgado.>
O produtor, que também é DJ do evento, já se apresenta em diversos locais da Grande Vitória, mas afirma que nunca teve espaço para explorar o lado mais voltado à MPB retrô. Segundo ele, a maioria das casas prioriza repertórios comerciais e atuais, alegando que músicas retrô “não dá dinheiro e não tem público”.>
Ele e os amigos decidiram provar o contrário. Foi assim que, segundo o produtor, o Disco Voador nasceu: uma forma de mostrar que existe, sim, público interessado em músicas nostálgicas.>
“Nós estamos fazendo o contrário: mostrando que existe público e que a rua é o melhor lugar para realizar isso sem amarras comerciais, fazendo aquilo em que acreditamos”, destaca o produtor.>
O produtor destaca a importância de ocupar o espaço público sempre com consciência e respeito aos moradores da região. Realizar um evento no Centro Histórico de Vitória, segundo ele, é uma forma de fazer o coração da cidade “ganhar vida” e, ao mesmo tempo, incentivar a prefeitura a olhar com mais atenção para o local, como é o caso do Beco das Pulgas, onde o evento acontece.>
“É de extrema importância ocupar os espaços públicos, mas sempre com ordem e responsabilidade, com alvará e todas as liberações. Vemos que o Centro começa a ganhar vida. O Beco das Pulgas, por exemplo, estava abandonado, o calçamento não estava em bom estado. Mas o evento traz movimento e vida ao local, e acredito que isso incentivará a prefeitura a realizar melhorias no beco”, destaca o produtor.>
O jovem Yuri Vieira também comenta que o Centro da cidade tem uma energia própria, e que sua arquitetura desperta uma conexão com o passado e com uma brasilidade presente na atmosfera e nas pessoas.>
“Essa mistura do Disco Voador com o cenário nostálgico do Centro cria uma energia única”, pontua o universitário.>
* Este evento estava programado para sábado, 25 de outubro, porém foi adiado devido fortes chuvas.>
* Este conteúdo é uma produção do 28º Curso de Residência em Jornalismo. A reportagem teve orientação e edição do editora Marcella Scaramella. >
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