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Publicado em 22 de janeiro de 2024 às 10:53
Pela primeira vez os desfiles oficiais do Carnaval de Vitória serão abertos com muito cheiro, axé, perfume e, mais importante, fé. Em homenagem a Iemanjá, cujo dia é celebrado em 2 de fevereiro, o Sambão do Povo receberá uma lavagem com água de cheiro, ervas e defumadores, entre outros itens em louvação à divindade de matriz africana. O folião que for conferir as apresentações das escolas do Grupo de Acesso A na sexta (2) e chegar vestido de branco também poderá acompanhar o cortejo. >
O manifesto religioso está marcado para às 19h - antes do sinal verde tocar para a primeira escola do Grupo de Acesso A, a Andaraí. A ação tem apoio do Presidente da Liga Espírito-Santense de Escolas de Samba (LIESES), Sandro Rosa, e realização do Diretor de Carnaval da LIESES, Leandro Nogueira, e também contará com toadas de tambores e agogôs.>
"O objetivo é permitir que profissionais do carnaval, em sua maioria pessoas de axé, possam cultuar a divindade mesmo trabalhando. Além disso, também queremos trazer o público para assistir o desfile do Grupo de Acesso A, no dia 2. Será um dia lindo. O carnaval capixaba abre seus portões com muita energia positiva", contou Leandro.>
Segundo Nogueira, a lavagem será realizada por babalorixás de candomblé e zeladores de umbanda do Espírito Santo e de outros estados, como Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. A organização acredita que cerca 200 pessoas participem do evento. >
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De acordo com Pai Marquinhos, do Centro Espírita Pai Joaquim de Aruanda (CEPAJAN), os povos tradicionais de matrizes africanas já vêm tentando trazer para o Carnaval de Vitória atos religiosos como esse que acontecem em outras partes do país.>
“A lavagem já acontece no Rio de Janeiro, São Paulo e outros estados. É um manifesto dos povos tradicionais e afro-ameríndios. Queríamos trazer para o Espírito Santo, tendo em vista que a maioria dos carnavalescos são de 'santo'. Como nesse ano a abertura do carnaval capixaba será no dia de Iemanjá, os pais de santo e babalorixás se reuniram para programar esse evento", disse Pai Marquinhos.>
Para o Ogã Marcos de Odé, a lavagem do Sambão do Povo é uma continuidade do que foi herdado em 1763, no Rio de Janeiro, quando grande parte da população brasileira era formada por pessoas de países africanos por conta do regime escravocrata. >
A cultura desses povos chega também ao samba em 1930, por meio de Mãe Ciata, considerada uma dama das comunidades negras pós-abolição e uma das principais incentivadoras do samba. Ciata, inclusive, foi enredo do Império Serrano em 1965.>
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