Vila Velha continua sendo o município com o maior índice de valorização do país, desde o início do ano, com variação acumulada até agora de 13,08%
Vila Velha continua sendo o município com o maior índice de valorização do país, desde o início do ano, com variação acumulada até agora de 13,08%. Crédito: Fernando Madeira

Com maior valorização do país, mercado de imóveis do ES projeta crescimento

Demonstrando maturidade e equilíbrio após retomada, expectativa do setor é manter em alta o volume de lançamentos e de vendas, tanto neste ano como para 2023

Tempo de leitura: 7min
Publicado em 25/08/2022 às 10h20

Faltando poucos meses para o final do ano, o mercado imobiliário do Espírito Santo faz uma avaliação de como tem sido 2022 para o setor, que chegou até aqui com maturidade e tendência de manter o movimento de retomada do crescimento, iniciado há quase dois anos, ainda durante o período de isolamento social.

Esse crescimento tem refletido, inclusive, na visibilidade nacional do mercado imobiliário capixaba, que tem hoje o metro quadrado mais valorizado do país: uma alta de 26,89%, enquanto a média nacional ficou em 7,38%, segundo dados do Senior Index, relatório da Senior Sistemas que acompanha os indicadores da construção civil em todo o país.

O índice FipeZap é outro que demonstra essa valorização, principalmente de Vitória e Vila Velha, que nos últimos anos vêm se destacando. Segundo o relatório divulgado em julho, entre as capitais, Vitória registrou alta acumulada no ano de 12,03%, ficando atrás apenas de Goiânia (GO), com 12,95%, e teve o terceiro maior valor de metro quadrado das capitais: R$ 9.528/m², ficando atrás apenas de São Paulo (R$ 9.946/m²) e Rio de Janeiro (R$ 9.798/m²).

Por outro lado, Vila Velha continua sendo o município com o maior índice de valorização do país, desde o início do ano, com variação acumulada até agora de 13,08%, sendo 26,09% quando comparado com os últimos 12 meses. Com isso, o município canela-verde deixa para trás as campeãs de valorização no ano passado, Itajaí, Itapema e Balneário Camboriú (SC).

Apesar do clima de incerteza para os próximos meses, em que haverá eleições e uma Copa do Mundo bem no período de festas, o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), Eduardo Fontes, mantém as perspectivas positivas para o final de 2022 e o próximo ano. A começar pelos lançamentos, que devem se manter num ritmo parecido ao do mesmo período de 2021, além do mercado continuar registrando crescimento.

Eduardo Fontes

Presidente da Ademi-ES

"No ano passado, tivemos um crescimento de 60% do mercado como um todo. Não devemos ultrapassar isso, mas a expectativa é que o mercado mantenha o mesmo patamar do ano anterior. O volume de lançamentos para este período deve ser o mesmo de 2021, e já atingimos o pico do patamar de juros, que começam a ter efeito sobre a inflação."

Sobre as expectativas para 2023, o presidente da Ademi-ES avalia que apenas no segundo semestre é que haverá uma tendência de queda da taxa Selic e as empresas do mercado imobiliário capixaba devem aguardar a sinalização do ambiente político e econômico do próximo ano, para terem um volume maior de lançamentos.

“O período eleitoral impacta todos os segmentos e teremos uma Copa do Mundo bem no final do ano. Mas o horizonte do mercado imobiliário é sempre mais longo, pois visualizamos como estará o mercado de três a cinco anos para a frente”, ressalta Fontes.

EXPECTATIVA POSITIVA

Construção do Taj Home Resort em Jockey de Itaparica
O ano tem sido oportuno para novos lançamentos, principalmente de imóveis de alto padrão. Crédito: Fernando Madeira

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES), Douglas Vaz, também tem uma expectativa positiva para o ano que termina e o que se aproxima. No entanto, ele destaca a influência do cenário político na economia brasileira, principalmente, em função das eleições.

“O país pode ter impactos, por exemplo, na alta do dólar e na política de juros, fatores que afetam diretamente o setor produtivo e consumidores que dependem de financiamento para a compra do imóvel. Apesar disso, nossa expectativa é positiva. Esperamos que, em 2023, tenhamos a retomada das reformas necessárias para o país se desenvolver, como a reforma administrativa e tributária. E também uma redução na taxa de juros”, avalia.

Douglas Vaz

Presidente do Sinduscon-ES

"O país pode ter impactos, por exemplo, na alta do dólar e na política de juros, fatores que afetam diretamente o setor produtivo e consumidores que dependem de financiamento para a compra do imóvel. Apesar disso, nossa expectativa é positiva. Esperamos que, em 2023, tenhamos a retomada das reformas necessárias para o país se desenvolver, como a reforma administrativa e tributária. E também uma redução na taxa de juros."

Vaz também aponta que o ano tem sido oportuno para novos lançamentos, principalmente de imóveis de alto padrão. Exemplo disso é o crescimento da procura de imóveis de médio e alto padrão durante a 28ª edição do Salão do Imóvel da Ademi-ES.

Balanço feito pela entidade mostrou que 31,9% do público buscaram imóveis com preços entre R$ 601 mil e R$ 1 milhão, sendo que 21% das intenções de compra foram para imóveis de R$ 451 mil a R$ 600 mil e as buscas de unidades dentro do programa Casa Verde e Amarela, com preço até R$ 240 mil, corresponderam ao índice de 15%. Uma grande diferença da edição de 2020, quando as unidades de até R$ 210 mil foram as mais procuradas, com 53,9% das pesquisas.

“O mercado imobiliário do Espírito Santo caminha para uma valorização cada vez maior. Percebemos, nos últimos anos, como o metro quadrado apresentou valorização em relação a outras cidades brasileiras. Isso reflete a capacidade que as empresas de construção civil capixabas têm de ofertar produtos diferenciados, inovadores e sustentáveis. Temos no Espírito Santo empreendimentos que se destacam nacionalmente, seja pelo uso de tecnologias construtivas, seja pelo ineditismo do projeto”, avalia Douglas Vaz.

Segundo o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 13ª Região (Creci-ES), Aurélio Capua Dallapicula, o restante do ano de 2022 é animador por conta de notícias positivas relacionadas a fechamento de grandes negócios no setor, com “boa projeção econômica para os próximos anos”.

“O quadro que está se desenhando é todo favorável ao progresso e bom desenvolvimento para a economia e mercado imobiliário, o conjunto de equilíbrio do câmbio, taxas de juros, aumento dos prazos de financiamentos bancários, tudo quer revelar bons tempos”, comenta.

MERCADO EQUILIBRADO

Prédios na Orla de Itaparica
Para 2023, expectativa é maior resiliência do mercado e o cuidado em relação ao planejamento. Crédito: Fernando Madeira

Na avaliação do consultor imobiliário e colunista de A Gazeta, Juarez Gustavo Soares, o mercado já se encontra em um ponto de maior equilíbrio. 

Juarez Gustavo Soares

Consultor imobiliário e colunista de A Gazeta

"Os lançamentos performaram bem, não há ofertas em demasia e a demanda está mais cadenciada. Esse é um equilíbrio maduro e saudável entre lançamentos, oferta e demanda. As construtoras estão estudando muito bem a demanda antes de colocar o produto na rua."

Para 2023, ele aponta a resiliência do mercado e o cuidado maior em relação ao planejamento. “Não é recuo e nem pisada no freio, apenas cuidado. O mercado tem se mostrado muito resiliente nessas crises e cumpre o seu papel de porto seguro para os investimentos”, complementa.

Da mesma opinião é o vice-presidente da Ademi-ES, Alexandre Schubert, que afirma que a crise contribuiu para movimentar o mercado, de uma forma subliminar. “A indústria da construção civil tem se saído muito bem. Quem compra imóvel não está olhando o curto prazo e sim o futuro. O financiamento está em um ritmo melhor que o do ano passado e as taxas de juros continuam atraentes. Quem compra imóvel sempre acerta”, avalia.

Um exemplo disso é o Banestes, que fechou 2021 com um crescimento de 165% na concessão de crédito imobiliário, uma evolução expressiva em relação ao mercado, que registrou aumento de 46% no mesmo período. Em um comparativo de junho de 2021 a junho de 2022, o banco estadual cresceu 57%. De janeiro de 2022 a junho deste ano, o volume de crescimento foi de 19%.

FUNDOS DE INVESTIMENTO POTENCIALIZAM LANÇAMENTOS

Área do Banco do Brasil na Enseada do Suá
Área do Banco do Brasil na Enseada do Suá, onde será construído empreendimento de alto padrão. Crédito: Vitor Jubini

Falar em crescimento do mercado imobiliário capixaba passa também pela presença cada vez maior dos fundos de investimento imobiliário, que estão de olho no Estado, principalmente apostando em empreendimentos de luxo, sendo Vitória e Vila Velha os dois principais vetores desse nicho de mercado.

Um exemplo é o Opportunity, que ao chegar no Espírito Santo firmou parceria com construtoras e incorporadoras capixabas, para construir empreendimentos residenciais nos dois municípios. Recentemente, o fundo assinou um contrato com a Galwan para a construção de condomínio residencial de alto padrão com unidades de 100m² a 250m², na antiga área do Banco do Brasil, localizada na Enseada do Suá, Vitória.

José Luís Galvêas Loureiro

Diretor-presidente da Galwan

"Estamos muito animados, pois vamos construir no mesmo modelo de incorporação por administração a preço de custo que sempre trabalhamos. A negociação do terreno na Enseada do Suá foi uma oportunidade muito interessante, que nos abriu as portas para a possibilidade de novas parcerias com o fundo Opportunity."

“Estamos muito animados, pois vamos construir no mesmo modelo de incorporação por administração a preço de custo que sempre trabalhamos. A negociação do terreno na Enseada do Suá foi uma oportunidade muito interessante, que nos abriu as portas para a possibilidade de novas parcerias com o fundo Opportunity”, afirma José Luís Galvêas Loureiro, diretor-presidente da Galwan.

Outro fundo que chega ao Espírito Santo para investir no potencial imobiliário do Estado é o BTG Pactual, que está tocando um investimento de R$ 60 milhões na construção de um galpão que será utilizado pela Extrafruti, de 58 mil metros quadrados, sendo 19 mil metros quadrados de área construída e toda climatizada, em Areinha, Viana. O espaço vai abrigar indústria, armazém de produtos, câmara frigorífica e o administrativo.

Segundo o CEO da ImobiGroup, Thiago Abreu, esse é um movimento que tem se ampliado cada vez mais, chegando a outros setores produtivos, como o agronegócio, que também busca o setor imobiliário para investir, e a tendência é ver isso crescer.

Thiago Abre

CEO da ImobiGroup

"Empresas de capitais vão continuar entrando com mais força no negócio imobiliário, mas as incorporadoras e construtoras continuarão com o protagonismo do setor. Em tempos de instabilidade econômica, o dinheiro busca mais segurança, no caso o mercado imobiliário, que deve continuar, mesmo depois, recebendo investimentos desse setor."

“Empresas de capitais vão continuar entrando com mais força no negócio imobiliário, mas as incorporadoras e construtoras continuarão com o protagonismo do setor. Em tempos de instabilidade econômica, o dinheiro busca mais segurança, no caso o mercado imobiliário, que deve continuar, mesmo depois, recebendo investimentos desse setor”, afirma.

O uso de dados para decidir novas compras de terrenos e áreas para construção também será uma constante. “Os corretores especializados em grandes empreendimentos têm assessorado grupos de construtores e investidores para o crescimento ordenado e com boa rentabilidade, muitos ligados a fundos imobiliários”, complementa o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 13ª Região (Creci-ES), Aurélio Capua Dallapicula.

Há também novas configurações de moradia, como afirma o consultor imobiliário Filipi Maia, que aposta na tendência de imóveis com uma pegada mais sustentável, com energia solar, aproveitamento de água e forte investimento em paisagismo e no conceito de viver próximo à natureza.

“Devido ao dia a dia ser tão intenso, as pessoas estão tentando trazer o bem-estar para dentro de casa, incorporando o máximo de elementos naturais possíveis, inclusive espaços de meditação. A procura por imóveis estrategicamente posicionados, facilitando a logística e encurtando o tempo de deslocamento, faz com que se perca menos tempo no trânsito e até mesmo possibilita a utilização de motos e patinetes elétricos, reafirmando a tendência sustentável”, acrescenta.

TENDÊNCIAS DO MERCADO IMOBILIÁRIO DO ES

  1. 01

    Mercado de capitais

    Cada vez mais empresas do setor financeiro vão buscar no mercado imobiliário oportunidades, que vão desde fundos imobiliários a até mesmo participação em conjunto para o lançamento de novos empreendimentos e descoberta de novas áreas.

  2. 02

    Uso de dados

    A tecnologia será de grande importância, já que a utilização de dados contribuirá para fazer as escolhas certas na compra de terrenos e a criação de novas áreas, além de permitir novas formas de se construir e de prever as tendências do mercado.

  3. 03

    Construção

    Com a pandemia, o mundo inteiro passou por uma crise de fornecimento de matéria-prima que também chegou ao setor da construção civil. Por isso, as empresas devem investir cada vez mais em novas formas de construção e novos materiais, que sejam mais baratos e não dependam tanto do mercado internacional.

  4. 04

    Ciclos pandêmicos

    Assim como a pandemia do novo coronavírus interferiu no mercado imobiliário, fazendo as pessoas repensarem o morar, o mesmo deve acontecer nos próximos anos, fazendo com que o conceito de moradia se renove a cada crise.

  5. 05

    Novos usos

    Uma tendência forte de mercado, que começa a se destacar, é poder desfrutar de um imóvel sem ter a posse dele, como uma assinatura. A mobilidade proporcionada pela tecnologia tem criado nômades digitais, que buscam novos lugares e imóveis funcionais e confortáveis para se hospedarem por determinado tempo.

  6. 06

    Mercado de luxo

    Vai continuar em alta, trazendo novos produtos e serviços que serão tendência para todos os níveis de imóveis futuramente.

  7. 07

    Revisão de PDM

    Cidades precisarão rever seus Planos Diretores Municipais (PDM) para se adequarem, cada vez mais, às tendências do mercado e expectativas da população.

  8. 08

    Financiamento

    A tendência, para os próximos meses, é que a taxa de juros continue atraente para financiamentos imobiliários, que continuarão sendo a principal forma de aquisição de um imóvel.

Fonte: Ademi, Creci-ES, Thiago Abreu, CEO da ImobiGroup; e Filipi Maia, consultor imobiliário

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