Publicado em 8 de abril de 2025 às 14:35
O ex-goleiro Haílton Corrêa de Arruda, mais conhecido como Manga, morreu na manhã desta terça-feira (8), aos 87 anos. Tetracampeão carioca com o Botafogo, tricampeão gaúcho e bi brasileiro pelo Internacional, Manga estava internado no Hospital Rio Barra, no Rio de Janeiro. Ele tratava nos últimos anos um câncer de próstata.>
Convocado pela seleção brasileira na Copa de 1966, Manga também enfileirou títulos pelo Nacional, do Uruguai, sendo o primeiro goleiro do país a fazer sucesso em grandes equipes do exterior. Reconhecido como um dos grandes jogadores da posição na história do futebol brasileiro, sua data de aniversário, 26 de abril, passou a ser considerada o "dia do goleiro".>
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) determinou um minuto de silêncio nos jogos da próxima rodada das Séries A e B do Campeonato Brasileiro em homenagem a Manga. "Ë uma tristeza a morte do Manga para todos os fãs do futebol. Ele faz parte da história do nosso futebol e merece todas as homenagens dos fãs do futebol", afirmou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.>
Natural de Recife, o ex-goleiro começou a carreira no Sport, alcançando o tricampeonato pernambucano (1955, 1956 e 1958), antes de migrar para o Rio, onde se tornou ídolo com a camisa do Botafogo. Historiador do Botafogo, Auriel de Almeida recorda que, naquela época, os estaduais eram o campeonato de maior prestígio no cenário nacional.>
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Ele lembra que, no primeiro bicampeonato carioca pelo Botafogo, em 1961 e 1962, Manga era um dos principais nomes de um time estrelado que tinha Garrincha, Amarildo e Zagallo. No segundo bicampeonato, em 1967 e 1968, atuava ao lado de Jairzinho, Gérson e Paulo Cézar Caju.>
"Ele era um goleiro muito ágil, de ótimos reflexos e tinha uma reposição de bola rápida, em uma época em que isso não era tão comum. Antes do Manga, os goleiros pensavam muito para repor a bola. Muitos creditam o Manga como um goleiro que fazia o jogo andar rápido. Ele conseguia defender e repor com rapidez, inteligência, raciocínio", afirmou Auriel de Almeida.>
O goleiro também ficou conhecido em seu período no alvinegro por jogar sem as luvas, quebrando os dedos inúmeras vezes durante treinos e jogos oficiais. "Não gostava de agarrar com luvas porque elas não me passavam confiança. Nessa época as luvas não eram tão boas. Eram muito grossas e ficavam frouxas nos dedos. Eu esfregava a minha mão na terra para sentir mais segurança, principalmente nos dias que chovia e a bola escorregava", afirmou em entrevista ao ge em 2018.>
Após a passagem de quase uma década pelo alvinegro, na qual ainda venceria três edições do Torneio Rio-São Paulo, Manga se transferiu para o Nacional, do Uruguai. Segundo Almeida, ele foi o primeiro goleiro brasileiro a se transferir para um clube de relevância futebolística no exterior, tornando-se ídolo no país vizinho. Pelo Nacional, em que passou a jogar com luvas, Manga foi tetracampeão uruguaio (1969, 1970, 1971 e 1972) e venceu a Copa Libertadores, em 1971.>
Na decisão da Copa Intercontinental de 1971, o adversário do Nacional foi o Panathinaikos, da Grécia, vice-campeão europeu o campeão Ajax, de Johan Cruyff, abriu mão de participar do torneio. Após empate em 1 a 1 em solo grego, o time uruguaio venceu por 2 a 1 no Estádio Centenário, em Montevidéu, vencendo a competição pela primeira vez. O Nacional voltaria a levantar a taça da competição em 1980 (batendo o inglês Nottingham Forest do goleiro Peter Shilton) e em 1988 (quando venceu o PSV nos pênaltis).>
Manga também teve passagens por Grêmio (campeão gaúcho em 1979), Coritiba (campeão paranaense em 1978), e Operário-MS (campeão mato-grossense em 1977). Seu último clube foi o Barcelona de Guayaquil-EQU, conquistando o campeonato equatoriano em 1981. Ele se aposentou no ano seguinte, aos 45 anos.>
Com a camisa da seleção brasileira, o goleiro foi convocado pelo técnico Vicente Feola como reserva de Gilmar na Copa de 1966. Assumiu a posição no terceiro jogo da fase de grupos, contra Portugal, após contusão sofrida pelo titular do posto. Então bicampeão, o Brasil de Pelé, Garrincha e Jairzinho acabou eliminado ainda na fase de grupos.>
O goleiro acabou ficando marcado defendendo as cores do Brasil por falhas em um amistoso preparatório para o Mundial contra a União Soviética, em 1965, que terminou empatado em 2 a 2, no Maracanã. "Era uma época em que havia muito pouca tolerância com goleiros que errassem, desde aquele episódio injusto com o Barbosa, que foi crucificado na Copa de 1950. Algumas pessoas falam, inclusive, que a tolerância era ainda menor com goleiros negros", afirmou o historiador.>
Os clubes que Manga defendeu ao longo da carreira prestaram suas homenagens em publicações nas redes sociais. "Manga foi um dos maiores goleiros da história do futebol mundial e defendeu nosso Glorioso de 1959 a 1968, tendo integrado dois dos maiores times da nossa história, os bicampeões cariocas de 61/62 e 67/68", escreveu o Botafogo. "Faremos todas as homenagens a esse gigante de nossa história, que seguirá eternamente vivo em nossos corações", afirmou o presidente do Botafogo, João Paulo de Magalhães Lins.>
"Sua atuação na final do Brasileiro de 1975, jogando com dois dedos quebrados, simboliza a coragem e a entrega que o tornaram um dos maiores goleiros da nossa história", destacou o Internacional. A final daquele ano, disputada no Beira-Rio entre Internacional e Cruzeiro, ficou marcada por uma grande defesa do goleiro em cobrança de falta do lateral Nelinho. O time do Inter era comandado pelo técnico Rubens Minelli e tinha nomes como Falcão e Paulo César Carpeggiani. Venceu a decisão por 1 a 0 com gol do zagueiro chileno Figueroa.>
"O Club Nacional de Football lamenta profundamente o falecimento de Haílton Corrêa de Arruda "Manga", Campeão da Conmebol Libertadores 1971, Copa Interamericana 1971 e quatro campeonatos uruguaios. Aos seus familiares, amigos e entes queridos, o abraço mais forte. Adeus, Manga", publicou o Nacional.>
"O Grêmio lamenta profundamente o falecimento de Hailton Corrêa de Arruda, o ex-goleiro Manga, aos 87 anos. Com passagem pelo Tricolor no fim da década de 1970, conquistou o Campeonato Gaúcho de 1979. Nossos sentimentos aos familiares, amigos e a todos que acompanharam sua trajetória. Que descanse em paz" escreveu o Grêmio. "Obrigado Manga por todas as alegrias que nos deu. Todo o Barcelona S. C. te lembrará para sempre", publicou o Barcelona de Guayaquil.>
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