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Publicado em 30 de dezembro de 2022 às 07:52
Maior jogador de futebol de todos os tempos, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, morreu aos 82 anos, na quinta-feira (29). Dono de inúmeros feitos memoráveis que o consagraram como Rei do Futebol, o maior artilheiro da história do esporte, com 1.283 gols, também deixou sua marca no Espírito Santo, na única vez que disputou uma partida no Estado.>
O Espírito Santo teve a honra de receber o Rei para uma partida, no antigo estádio Governador Bley, em Jucutuquara, Vitória — hoje pertencente ao Instituto Federal do Espírito Santo. Lá, Pelé marcou seu único gol no Estado, contra a tradicional equipe do Santo Antônio. Mas, apesar dessa marca histórica, o amistoso também foi marcado por momentos de irritação da torcida com o Rei e deixou prejuízo nas contas do clube capixaba.>
O goleiro Adjalma Teixeira esteve em campo naquele 28 de julho de 1965 e contou, em entrevista dada ao colunista Filipe Souza em 2020, como foi o sentimento de estar frente a frente com o Rei do futebol. “Quando soube dessa notícia fiquei emocionado. Porque um time de Vitória ia jogar contra o Santos de Pelé, um jogador famoso, fiquei muito feliz”, contou o ex-jogador, hoje com 96 anos.>
O jogo terminou com vitória do Santos, é claro. O clube paulista abriu o placar logo cedo, aos 5 minutos, com Coutinho. Ciro até empatou a partida, mas Coutinho marcou novamente, e o primeiro tempo ficou 2 a 1 para os visitantes. A partida de Pelé até então era apagada, e a torcida capixaba começou a perceber que o jogador não mostrava o futebol esperado. Foi aí que as provocações ao Rei começaram, como lembrou Adjalma. >
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“Pelé estava jogando, mas fazendo aquele jogo de compadre. Vamos dizer assim, passe pra lá, passe pra cá e tal... E a galera estava fazendo festa. Mas, no segundo tempo, começaram a pegar no pé dele e fazer piadas”, contou Adjalma.>
A provocação da torcida despertou Pelé, que marcou o seu 736° gol da carreira aos 28 minutos do segundo tempo. Adjalma lembra como entrou para a honrosa galeria das "vítimas do Rei".>
“O terceiro gol começou com uma jogada no meio-campo, que culminou em um cruzamento pelo lado direito. No passar da bola, quando eu virei, ele veio de trás e fez o gol de cabeça, lá no outro canto”, relatou o arqueiro sobre o gol que decretou a vitória santista por 3 a 1.>
Na época, era costume a torcida entrar no gramado para abraçar e conversar com os jogadores. Não foi diferente naquele dia, e muitos capixabas tiveram a honra de estar perto do maior jogador de futebol de todos os tempos. >
“Quando acabou o jogo foi aquela festa. Antigamente entrava todo mundo no campo, né. Entraram para abraçá-lo, conversar e tudo mais”, disse Adjalma, que terminou a partida com o sentimento de dever cumprido. “E assim foi essa visita do Pelé aqui e eu tive aquela honra de jogar contra ele. Graças a Deus me saí bem”.>
28 de julho de 1965: o dia que Pelé jogou no ES
Para o Santo Antônio, porém, apesar de a derrota não ter sido vergonhosa, o saldo final acabou sendo negativo. Ter o Rei em um jogo em terras capixabas era um desejo pessoal de Michel Sily, presidente do clube à época. Por isso o mandatário realizou um grande esforço para trazer o galático elenco santista para a exibição. Além de Pelé, estiveram em campo feras como o goleiro Gilmar, o volante Zito e o atacante Coutinho, todos campeões mundiais com a Seleção Brasileira.>
Após a euforia da partida, o clube capixaba se viu diante de um grande prejuízo financeiro. Tanto que no dia 30 de julho de 1965, a edição impressa de A Gazeta publicou uma nota do clube que informava o valor do prejuízo. “A apresentação do Santos FC, na noite de anteontem redundou em fracasso financeiro. O quadro paulista recebeu 20 milhões de cruzeiros e as despesas atingiram cerca de 32 milhões de cruzeiros. O prejuízo do alvirrubro foi da ordem de milhões de cruzeiros”.>
Para não ter sua saúde financeira ainda mais prejudicada, o Santo Antônio solicitou auxílio financeiro ao governador Francisco Lacerda de Aguiar (Partido Social Progressista - PSP), a deputados estaduais e a empresários. O clube já não vivia seus melhores dias. E muitos relatam que começou ali a decadência de um dos times mais importantes do Estado, e que posteriormente abandonou o futebol profissional.>
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