"Ser livre é uma coisa, irresponsável é outra", diz leitora sobre vacina

Pausa nos testes de Oxford alimentou o movimento antivacina, que tem crescido no Brasil. Pela primeira vez em quase 20 anos,  país não atingiu a meta para nenhuma das principais vacinas indicadas a crianças de até um ano

Publicado em 10/09/2020 às 10h51
Atualizado em 10/09/2020 às 10h51
Vacinação contra o sarampo
Vacinação contra o sarampo. Crédito: Marcelo Camargo | Agência Brasil

A Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca anunciaram na terça-feira (8) uma pausa nos ensaios clínicos da vacina contra a Covid-19, após suspeitas de que um voluntário no Reino Unido tenha sofrido reações adversas graves. Considerada uma das mais avançadas no mundo, a vacina estava em fase final de estudos. 

A vacina de Oxford estava sendo testada no Brasil em cerca de cinco mil pessoas. Por aqui, nenhuma pessoa teve qualquer tipo de efeito colateral.  O acordo do governo brasileiro com a AstraZeneca garante acesso a 100 milhões de doses do insumo da vacina, das quais 30 milhões de doses seriam entregues entre dezembro e janeiro e 70 milhões, ao longo dos dois primeiros trimestres de 2021.

No mesmo dia em que os estudos foram pausado, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que o país dará início em janeiro à vacinação da população contra o novo coronavírus.

Mesmo que seja um procedimento normal, para garantir a segurança total do imunizante, e que já tenha ocorrido outras vezes, a interrupção nos testes alimentou o movimento antivacina, que tem crescido no Brasil. Pela primeira vez em quase 20 anos, o país não atingiu a meta para nenhuma das principais vacinas indicadas a crianças de até um ano, apontam dados de 2019 do Programa Nacional de Imunizações, analisados pela Folha de S. Paulo.

Em agosto, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que "ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina", frase que foi registada em perfil oficial do governo federal em uma rede social, no primeiro dia deste mês. A declaração foi amplamente criticada por especialistas, que reafirmaram que a vacinação está entre os instrumentos de maior impacto positivo em saúde pública. 

O assunto foi amplamente discutido pelos leitores de A Gazeta. Confira alguns comentários:

Pandemia da ignorância imperando por aqui. Isso que dá a falta de educação e cultura de um povo. Lamentável a tragédia que vivemos atualmente. Nesse caso não se trata de liberdade, a lei é bem clara a respeito disso. Portanto, leiam e procurem conhecimento pra não cair em discursos vazios e sem propósitos. (Andrea Valdetaro)

Já existem várias situações obrigando a vacinação: não faz matrícula em escola, não viaja para fora, não trabalha em hospital, não pode ser bombeiro, etc. Ainda bem que para ignorância, fanatismo, imoralidade, existem leis. (Simone Ferraz)

Quero ver a galerinha do “se for da Rússia ou da China não quero, só tomo se for de Oxford”. (Michael Marocco)

Só estou esperando a vacina da Oxford. Fora essa, não tomo. (Valquiria Vieira Silva)

Eu não tomo! Depois de uns dois ou três anos de todos vacinados posso até pensar no assunto. (Thiago Simões)

Lembro quando estudei a revolta vacina, era algo tão esdrúxulo que quase não acreditei que aconteceu. Mostra o nível baixo a que chegamos. Lamentável que estamos discutindo isso em pleno século XXI. (Neomar Antônio Pezzin Jr.)

Tomo só depois que for cientificamente provada! (Jabesmar Aguiar Guimarães)

A pausa nos testes de Oxford é perfeita para mostrar para a população que uma vacina só vai ser liberada com a comprovação de eficácia e segurança fase 3. É assim. A de Oxford temporariamente vai dar uma parada. (Rachel Prado Berger)

Somos livres! Não quer viver em um país livre, vai pra China! (Maickely Arens)

Maickely Arens, e o que você pensa sobre a liberação do aborto e das drogas? (José Miranda)

Somos tão livres que em favor de um bem comum (saúde pública) podemos ser convocados a adotar determinadas medidas (vacinação, descarte adequado do lixo, esgoto, etc) ou podemos escolher nos mudar e morar isoladamente e não em sociedade/coletividade. (Lorena Toso)

Quando se trata de saúde pública, não é bem assim! Sua liberdade acaba onde começa a do outro! Vão vacinar sim, senão não terá matrícula, emprego público etc… (Gabriel Gomes Dias)

O general diz que tem vacina, o capitão diz que não precisa da vacina. O presidente diz que toma quem quer, o ministro afirma que vai imunizar a população. (Klaus Streit)

Que a vacina chegue o mais breve possível, pois só assim podemos sair mais rápido de casa. O povo já está pensando em carnaval, não é hora de pensar nisso agora. Deus ilumine o nosso ministro da Saúde. Se ele falou, está falado. Quanto mais doses, melhor para a nossa nação. A vida em primeiro lugar. Parabéns para todos especialistas, pesquisadores, todos que estão nestes grandes estudos para que tudo dê certo. (Therezinha Bergamaschi)

Eu queria ter convicção igual esse ministro interino da Saúde tem. (Gabriel Viana)

Eu só tomo vacina da Oxford produzida pela Fiocruz e não é isso que a Fiocruz fala, mesmo porque 100 milhões de doses não dá para imunizar todo mundo. Portanto, vamos torcer. (Valeria Braga)

Chinesa ou russa, prefiro não tomar, ministro. (Maria Aparecida)

Engraçado que o mesmo pessoal que e contra a vacina e a favor da cloroquina… (Paulo Cesar Tonette)

Ninguém é contra a vacina. As pessoas são contra vacinas que não passaram por todos os testes de segurança. Você tomaria uma vacina assim? (Fábio José de Jesus)

Eu não uso máscara e não quero tomar vacina. Quero ser livre. Apoio o presidente Bolsonaro, que respeita o brasileiro. Não vivemos na China. (Bruno Falce)

Se quer viver em um país liberal, vá para o Chile. Aqui temos uma Constituição que assegura o bem-estar do coletivo e nenhum interesse individual está acima disso. A propósito, isso se chama democracia. (Sanches Bazan Wimerson)

Ser livre é uma coisa, ser irresponsável é bem diferente. A vacina é necessária, portanto, é para todos. (Eunice Mataveli)

(Com informações  das agências Estado e Folhapress)

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