Publicado em 21 de julho de 2020 às 11:18
Os municípios de Serra e Cariacica conquistaram o primeiro lugar no ranking de transparência em contratações e despesas emergenciais para o combate à Covid-19 no Estado. O estudo, realizado pela ONG Transparência Capixaba, avaliou os portais de 25 cidades com mais de 30 mil habitantes no Espírito Santo. O objetivo era saber se as informações referentes a contratos realizados durante a pandemia são disponibilizadas de forma clara e objetiva ao cidadão. >
Apenas três cidades Serra, Cariacica e Vila Velha alcançaram o resultado considerado "ótimo". Dez cidades chegaram ao resultado "bom", sete foram classificadas como "regular" e cinco apresentaram índice "ruim" de transparência. Nenhum município obteve resultado "péssimo". Vitória não fez parte do levantamento por já ter sido avaliada em um ranking nacional envolvendo capitais.>
A avaliação foi feita no dia 12 de julho, seguindo a metodologia criada pela Transparência Internacional com base nas diretrizes do Guia de Recomendações Para Transparência de Contratações Emergenciais em Resposta à Covid-19 do Tribunal de Contas da União (TCU). >
Foram avaliados 34 itens, divididos em cinco categorias, cada uma com peso diferente: informações essenciais (peso 4), informações desejáveis (2), dados abertos (4) , legislação (2) e controle social (4). Ao final da avaliação, foi atribuída uma pontuação de 0 a 100, em que os mais transparentes são aqueles que mais se aproximam da nota máxima.>
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As informações foram buscadas em portais dedicados às contratações emergenciais ou à Covid-19 e de transparência de compras dos municípios. As redes sociais também serviram de análise para observar se os trabalhos realizados pelas prefeituras eram divulgados. >
Entre os três municípios com resultado considerado "ótimo", Serra, Cariacica e Vila Velha, os dois primeiros foram os únicos a obter a nota máxima, 100. Já Vila Velha teve nota 81,01. Os pontos perdidos se deram sobretudo pela dificuldade de se ter acesso ao número e à íntegra do processo de contratação, com peso 4, e pela ausência de download do contrato na íntegra, também com peso 4. >
Já as dez cidades que alcançaram o resultado "bom" ficaram entre 60 e 80 pontos; as sete com o resultado "regular" obtiveram entre 40 e 60 pontos e as cinco prefeituras com índice "ruim" de transparência, entre 20 e 40 pontos. Nenhum município ficou abaixo de 20 pontos, que seria considerado o resultado "péssimo". >
Confira no ranking abaixo a nota obtida por cada cidade e sua classificação:>
É importante destacar que, após uma primeira verificação, os municípios foram orientados pela ONG Transparência Capixaba para que pudessem ajustar algumas informações que não estavam tão claras. Assim, poderiam aumentar a pontuação. Eles tiveram um prazo de cinco dias para fazer mudanças e, então, as notas foram atribuídas. Alguns, contudo, não realizaram nenhuma alteração. >
A transparência nos portais das prefeituras é um fator essencial para que os cidadãos possam acompanhar de que forma o dinheiro público tem sido gasto. A ideia é que qualquer um tenha acesso a essas informações e possa fiscalizar e denunciar qualquer irregularidade ou contratação suspeita. Em meio à pandemia, esse papel de fiscal é ainda mais importante, visto que os contratos dispensam licitação devido à emergência, como comenta o secretário-geral da ONG Transparência Capixaba, Rodrigo Rossoni. >
Rodrigo Rossoni
Secretário-geral da ONG Transparência CapixabaApesar disso, conforme mostrou o ranking, cinco cidades analisadas ainda apresentam um nível de transparência classificada como ruim. Elas são: Marataízes, Castelo, Jaguaré, Barra de São Francisco e Santa Maria de Jetibá.>
No caso de Santa Maria de Jetibá, cidade com pior nota (24,05), de seis itens considerados como essenciais para a transparência, o município possuía apenas dois: site específico e número e íntegra do processo. Informações básicas como nome do contratado, CPF/CNPJ, valor do contrato e prazo não são disponibilizadas na tabela principal, ou seja, de forma clara e conforme recomendado pelo TCU. >
Já em Barra de São Francisco, município que teve a nota de 26,58, a segunda mais baixa, não foi possível encontrar com facilidade nem mesmo o número do processo ou o documento na íntegra. O portal, contudo, apresenta mecanismo de busca e download de dados (ambos peso 4), o que fez com que a cidade alcançasse nota maior que Santa Maria de Jetibá.>
Rossoni avalia que os municípios menores podem ter mais dificuldade de estrutura e recursos, o que não justifica, porém, que os sistemas omitam informações básicas, como o nome de um contratado, por exemplo. Para ele, há também falta de interesse de muitas prefeituras. >
"Cidades com menor número de habitantes possuem índices ruins. Pode faltar recursos e estrutura para fazer um controle maior, mas isso não permite que elas descumpram a lei. Temos casos que provavelmente os municípios contrataram a mesma empresa para fazer o site da prefeitura, mas algumas se preocuparam em disponibilizar os dados de forma clara e acessível. O que falta é informação, boa vontade e muitas vezes interesse em ser transparente", declarou. >
A ONG Transparência Capixaba informou que vai continuar acompanhando os portais e fazendo novas avaliações. O objetivo é expandir o levantamento e conseguir alcançar municípios que não foram contemplados neste estudo. >
Entre as prefeituras avaliadas como ruins no quesito transparência com os gastos com a Covid-19, a administração de Santa Maria de Jetibá informou que criou um site específico para registrar todas ações e gastos no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. Sobre o levantamento feito pela Transparência Capixaba, a municipalidade disse que vai "apurar e analisar o canal a fim de melhorá-lo se necessário for".>
A Prefeitura de Marataízes, por meio de sua Ouvidoria, disse não concordar com a avaliação negativa. O município informa que tem cumprido com as recomendações do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), com as cópias dos atos administrativos das compras feitas durante a pandemia. Além disso, a administração também pontuou que as redes sociais estão sendo usados para divulgar ações realizadas. Ainda assim, a prefeitura diz que estuda forma de implementar melhorias no sistema.>
A reportagem também demandou os outros municípios que registraram resultado ruim no ranking, Jaguaré, Barra de São Francisco e Castelo. Assim que se posicionarem, esta matéria será atualizada.>
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