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Publicado em 13 de setembro de 2022 às 22:05
Temas sensíveis na segurança pública, a redução da maioridade penal, de 18 para 16 anos, e a flexibilização do uso de armas são medidas que, para a senadora Rose de Freitas (MDB), não resolvem os problemas da área no Estado ou no país. Na primeira sabatina com os candidatos ao Senado Federal, conduzida nesta terça-feira (13) pela colunista de Política de A Gazeta, Letícia Gonçalves, a emedebista se manifestou contra as duas propostas. >
A redução da maioridade para crimes hediondos entrou em pauta porque, recentemente, em entrevista para o G1, o governador Renato Casagrande (PSB) se mostrou favorável à medida. O socialista é um aliado de Rose e os dois seguem juntos na campanha das eleições deste ano. >
Rose disse que, em algum momento de sua vida pública, chegou a defender a redução porque muitos adolescentes são recrutados pelo tráfico de drogas, mas revisou seu entendimento ao refletir como a criminalidade alcança esses jovens. >
"Os jovens foram abandonados. São famílias que não têm estrutura e as oportunidades são ínfimas. O Estado (poder público) foi se eximindo de cuidar de sua responsabilidade, de oferecer saúde, educação. Cada vez mais se ausenta do seu papel e a miséria aumenta. Sem apoio do Estado, as famílias se degradam, os meninos e meninas vão para as ruas. Se coloco um jovem de 16 anos na cadeia, qual é a perspectiva de reformar o comportamento, de se ressocializar? Nenhuma!">
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Para a senadora, portanto, reduzir a criminalidade passa por investimento em educação, como o país já fez em gestões anteriores com aumento da oferta de ensino profissionalizante e que, segundo ela, com sua atuação no Congresso Nacional permitiu que o Espírito Santo também se beneficiasse com mais escolas técnicas. "Em vez de discutir se diminui a maioridade para o jovem ser alcançado pela lei ou se você o permite ser alcançado pelas políticas públicas de Estado", defende. >
Questionada sobre a flexibilização do uso de armas, como defende o presidente Jair Bolsonaro (PL), a senadora também refutou a ideia de que é uma medida de segurança. "Pode dar uma sensação de segurança, mas não tem nada de seguro nisso. Uma pessoa passa a usar uma arma, muitas vezes não tem a menor a familiaridade com ela, não sabe em que circunstância vai usar, em que situação emocional vai fazer uso dela. Sou contra, absolutamente contra!">
De pautas que cabem ao Congresso Nacional, Rose de Freitas também ressaltou as inúmeras propostas que apresentou com a perspectiva de reduzir a violência contra a mulher, como o projeto que torna imprescritível o feminicídio, ou seja, não importa o tempo que tenha decorrido do assassinato, o autor poderá ser julgado e punido. >
Ainda assim, se reeleita, a senadora pretende colocar em debate outras pautas que podem contribuir para diminuir a violência de gênero. Uma das propostas é que todas as escolas de educação básica implementem conteúdos que tratem de cidadania e direitos humanos que, entre outras abordagens, poderá demonstrar a importância do respeito às mulheres e da equidade. "Não conhecendo essa igualdade, essa criança, quando crescer, pode reproduzir na sociedade a violência", avalia. >
A senadora também tratou de outro ponto em que o Congresso Nacional é alvo de muitas críticas: o orçamento secreto, um mecanismo que permite aos parlamentares direcionar recursos públicos sem dar muita transparência. Rose é contrária a esse instrumento e, inclusive, deu visibilidade a verba que tinha para utilizar. Para ela, é possível acabar com esse instrumento. >
A emedebista ainda ressaltou sua atuação política em que busca ser reconhecida como uma senadora municipalista, isto é, com foco nos municípios. Ela diz que conta com o apoio de muitos prefeitos justamente porque considera importante usar a sua função para viabilizar recursos para as cidades. >
Ela lembrou que já foi chamada de "varejista" de maneira pejorativa pela forma que trabalha no Congresso Nacional, mas disse não se importar. Rose observou que é importante propor leis, mas a atuação parlamentar está além dos projetos. "Se o povo não tem água tratada, eu vou buscar. Se não tem creche, vou buscar essa creche. Se não tem acesso para escoar a produção, vou buscar a estrada. Sou autora de muitas leis, mas não é só isso. Na prática, não podemos esquecer que o Estado tem muitas demandas", reforçou. >
Um momento em que a senadora ficou bastante incomodada foi com a pergunta sobre a Operação Corsários, da Polícia Federal, em que o nome de Rose de Freitas foi citado e houve busca e apreensão em imóveis de pessoas com quem tem ligação. A emedebista negou qualquer irregularidade e frisou que não existe processo instalado contra ela, nem denúncia formalizada.>
"Será que depois de 40 anos de vida pública eu descobri que roubar é bom, se eu não roubei antes? Se nunca teve contra mim denúncia de qualquer natureza? Nunca roubei, nunca me vali do dinheiro público para nada, minha vida é conhecida por todos. Esse processo não existirá porque não sou ladra, sou mulher digna, essa foi a minha escolha e com ela vou percorrer os dias todos de minha vida", exaltou.>
Para Rose de Freitas, alguns políticos que querem ganhar a eleição muitas vezes usam desses recursos para atacar a sua integridade. Essa prática, inclusive, por pouco não a fez desistir da vida pública. Contudo, ela afirmou que acabou decidindo que não poderia permitir que adversários conseguissem espaço desonrando a sua imagem.>
A senadora também foi perguntada sobre a eleição presidencial, uma vez que o MDB tem candidatura própria - Simone Tebet - mas há especulações sobre seu possível apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Rose garantiu que, no momento, seu voto é da colega de partido. Mesmo considerando que a terceira via na disputa à Presidência da República é difícil de se viabilizar, Rose preferiu não declarar em quem pretende votar em um eventual segundo turno do petista com o Bolsonaro. >
"Eu não quero desmerecer a minha candidata, não. Se eu disser isso agora, eu estou tirando ela do páreo, e da grande disputa democrática e vai ser muito difícil para ela, assim como tem sido para todas as mulheres na política em nível nacional.">
Foram convidados a participar das sabatinas os candidatos de partidos que têm ao menos cinco parlamentares no Congresso Nacional. As entrevistas vão seguir a ordem da pontuação na última pesquisa Ipec, divulgada no dia 2 de setembro.>
Para definir quem seria o candidato a abrir a série de sabatinas, já que Magno Malta (PL) e Rose aparecem empatados na última pesquisa Ipec, foi considerado como critério de desempate a aliança com o maior número de assentos no Congresso Nacional. Portanto, Rose de Freitas foi a primeira entrevistada.>
No entanto, no domingo (11), o candidato Magno Malta, que foi internado recentemente devido a uma gastrite aguda, informou que não participará da sabatina, devido a compromissos de campanha na segunda (12) e na terça-feira (13). Com isso, a série de entrevistas, que começaria nesta segunda-feira (12), teve início na terça (13), com a conversa com os candidatos ocorrendo em sequência durante a semana. A mudança mantém a ordem de entrevistas dos candidatos de acordo com a pontuação alcançada na última pesquisa Ipec.>
Os próximos entrevistados serão:>
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