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Publicado em 5 de outubro de 2023 às 20:23
Eleito presidente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) para o biênio 2024-2025, o desembargador Samuel Meira Brasil Junior defendeu mais transparência no Poder Judiciário para minimizar a quantidade de ações questionáveis praticadas por magistrados e também para evidenciar os bons exemplos. Para ele, "o melhor sistema de controle que existe é a transparência plena e absoluta.">
Ele atendeu a reportagem de A Gazeta logo depois da eleição da Mesa Diretora do TJES, realizada na tarde desta quinta-feira (5) quase por aclamação, já que nenhum dos desembargadores votantes chegou a proferir voto. Eles apenas sinalizaram apoio a todos os nomes apontados pelo atual presidente da Corte, desembargador Fabio Clem, e o resultado foi declarado por unanimidade. >
O único nome que ainda era alvo de dúvidas era o do próximo vice-presidente do Tribunal, cargo para o qual foi escolhido o desembargador Namyr Carlos de Souza Filho. Para os demais cargos, os nomes previstos foram confirmados: Willian Silva para a Corregedoria-Geral da Justiça; Eliana Junqueira Munhós para a vice-corregedoria; Carlos Simões Fonseca para a presidência do Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES); e Dair José Bregunce para a vice-presidência e corregedoria do TRE-ES. >
Indagado sobre as medidas que pretende adotar para melhorar a imagem do Judiciário, manchada diante da constante presença de processos administrativos disciplinares contra magistrados em pauta para julgamento com apontamentos que vão desde assédio moral e sexual à atuação empresarial, vedada pela Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman), o futuro presidente do TJES enfatizou a transparência como mecanismo de controle do Judiciário e redução de "ações questionáveis".>
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Para Meira Brasil, a imprensa tem um papel fundamental e gostaria "de estimular a participação para que nós tenhamos uma amplitude cada vez maior do que diz respeito ao quesito da transparência.">
Samuel Meira Brasil Junior
Presidente eleito do TJESSobre os casos envolvendo faltas disciplinares de juízes em andamento no Tribunal de Justiça, o desembargador ressaltou que eles existem, assim como as boas práticas, e a transparência pode ajudar a tornar as melhores condutas exemplos para os demais. >
"Temos algumas situações que estão sendo examinadas pelo Tribunal Pleno, mas também temos juízes valorosos e nós precisamos mostrar a atuação destacada desses juízes, para que nós possamos usar como modelo, como exemplo. E assim, a cada dia que passa, diminuirmos ainda mais eventuais ações questionáveis", defendeu.>
Questionado sobre os seus desafios e prioridades à frente do Judiciário capixaba, ele afirmou que pretende dar continuidade à gestão do atual presidente do TJES e "também trazer algumas ideias para tentar aperfeiçoar a prestação jurisdicional". "O desafio é sempre o de colocar o Poder Judiciário para dar a resposta que a sociedade pretende", resumiu.>
Ele mencionou que o empréstimo de cerca de R$ 168 milhões junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) destinado a viabilizar o Programa de Modernização do Poder Judiciário do Estado do Espírito Santo ainda não saiu, apesar de ter sido aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado desde junho. >
O futuro presidente do TJES acrescentou que o empréstimo "está em vias de sair" e a Corte tem acompanhado o assunto de perto, já que o Tribunal capixaba teve o terceiro pior desempenho entre os TJs de médio porte e o quinto pior do país no Justiça em Números, relatório divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em agosto. Um dos gargalos apontados é a implantação do processo eletrônico e falta de modernização do Judiciário do Espírito Santo.>
Com mestrado em Ciência da Computação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), além de mestrado e doutorado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), Meira Brasil é reconhecido entre os colegas como alguém que tem um olhar diferenciado para o uso da tecnologia. A inovação está entre os pontos principais defendidos pelo presidente eleito para aprimorar a atuação do Tribunal.>
"Espero realmente conseguir aprimorar cada vez mais a atuação do Tribunal. O financiamento buscado com o BID não saiu ainda, mas está em vias de sair, o Tribunal está trabalhando para isso e nós vamos tentar conciliar recursos, esforços e inovação para que nós possamos cada vez mais aperfeiçoar, não apenas o parque tecnológico, mas o parque humano, não apenas métodos formais de entrega da jurisdição, mas principalmente humanizar a Justiça", completou.>
Samuel Meira Brasil Junior ingressou na magistratura em 1994, e foi promovido a desembargador, pelo critério de merecimento, em 2007. Foi corregedor-geral do TJES em 2018 e 2019 e presidente do TRE-ES em 2020 e 2021. Concorreu duas vezes ao cargo de ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). >
A posse da nova Mesa Diretora do Tribunal de Justiça está prevista para o dia 14 de dezembro. >
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