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Paulo Pandolfi: 'O cidadão pode colaborar de forma efetiva na gestão'

Paulo Pandolfi: "O cidadão pode colaborar de forma efetiva na gestão"

Publicitário desenvolveu aplicativo para fazer a ponte entre o poder público e a população. Nele, é possível fazer reclamação e opinar sobre a cidade.

Publicado em 31 de julho de 2018 às 22:18

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Em tempos de informações sendo compartilhadas na velocidade que acontecem, um aplicativo desenvolvido em Recife, Pernambuco, promete encurtar a distância entre o poder público e a população. No Colab, como é chamado, o cidadão pode registrar reclamações, denúncias e ainda opinar sobre as cidades.

A plataforma começou a funcionar em 2013, mas já registrou mais de 100 mil fiscalizações em todo o país. No Estado, há usuários cadastrados, mas nenhuma prefeitura adotou a ferramenta como forma oficial de comunicação.

O publicitário Paulo Pandolfi, de 31 anos, é um dos fundadores do projeto e esteve em Vitória nesta terça-feira (31) para apresentar o Colab em um evento do movimento empresarial ES em Ação, que discutiu os desafios da gestão pública.

Em entrevista ao Gazeta Online, Pandolfi disse que ferramentas como essa tornam a gestão das cidades mais participativa.

Como funciona o aplicativo?

Pelo lado do cidadão é um aplicativo que permite que o cidadão publique coisas que encontra no dia a dia, como calçada irregular, buraco em via, fiação exposta, e essa demanda chegue até o governo, que através da plataforma consegue gerenciar e enxergar tudo que é imputado pelo cidadão. Além disso, o governo também consegue, através do aplicativo, realizar consultas para o cidadão.

Quais são as demandas mais registradas?

O líder no Brasil é estacionamento regular. Seguido de buraco em via, calçada irregular, poda de árvore e lâmpada apagada. São as cinco categorias mais publicadas no Brasil.

Como surgiu a ideia do Colab?

Surgiu no Porto Digital do Recife, quando a gente trabalhava muito com campanha política e fazia monitoramento de rede social. Nesses monitoramentos a gente já sabia que tinha uma parcela muito grande da população que queria participar, mas que não tinha um canal apropriado. A gente pensou em como criar esse canal e surgiu uma ideia de ser uma rede social para cidadania que gerasse engajamento e fosse independente.

Quantas pessoas usam a plataforma?

São 170 mil usuários, mas o número ativo diminui um pouco. Mas é importante entender que é um usuário bastante qualificado, que está disposto a colocar o seu tempo para ajudar na melhoria da cidade. Tem uma consciência do seu exercício de cidadania muito forte. Essa é a base de hoje, mas a gente espera ampliar essa base no futuro, gerando mais estímulo e engajamento.

O que mudou na relação entre prefeitura e população nas cidades que adotaram o Colab?

Foi a transição da cultura. A percepção da gestão de que o cidadão podia sim participar e colaborar de forma efetiva, não ser aquela pessoa que só sabe reclamar e ser aquela pessoa que trazia informações úteis para a gestão. E o lado do cidadão de começar a acreditar que, no momento que ele participa, está encaminhando algo que vai ser utilizado de forma efetiva pela gestão, para a melhoria do dia a dia da cidade.

Como a iniciativa privada pode ajudar o poder público?

É importante a população estar próxima do governo de forma estruturada. Se não, ela não é transformada em inteligência, gestão e não causa impacto. E as empresas têm um papel importantíssimo porque têm um alto impacto na vida das pessoas. As empresas tem um poder, de certa forma, engajar e fomentar projetos que possibilitam que ele se torne realidade na ponta.

Há muita burocracia na comunicação entre o poder público e a população?

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Existe uma burocracia muito grande no âmbito da gestão pública. Ela afastava e distanciava muito o cidadão, porque ele não entendia como papel dele seria fundamental no processo de melhoria, então ele não conseguia enxergar aquela denúncia que ele fez, ou aquela fiscalização que ele realizou iria auxiliar aquela prefeitura a conseguir resolver o problema com uma velocidade maior. Porque aquilo nunca acontecia e ela não era ouvida. A reclamação chegava de fato e era descartada. De tanto que estava enferrujada a engrenagem da gestão pública.

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