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Publicado em 30 de setembro de 2022 às 07:59
A dois dias das eleições, uma parte dos candidatos que disputam o pleito deste ano ainda não recebeu dinheiro do partido pelo qual concorrem. Entre os 600 candidatos aos cargos de governador, senador, deputado estadual e deputado federal no Espírito Santo que já prestaram contas à Justiça Eleitoral, 112 não receberam valores da legenda, o que corresponde a 18% dos postulantes. >
Os números correspondem a dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em que constam a origem da receita das campanhas. Mas, como a base está em constante atualização, eles podem mudar até o próximo domingo (2), dia das eleições. Os 18% apurados não declararam ter recebido recurso do próprio partido. >
Outras opções de origem de receita que constam no Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES) são de financiamento coletivo, de outros candidatos, de pessoas físicas, de recursos próprios, de rendimentos de aplicações financeiras e até origens não identificadas. >
Os 488 candidatos que receberam recurso do partido ao qual são filiados tiveram em caixa de R$ 436 a R$ 3.969.237 para utilizar na campanha eleitoral. No total, o repasse das legendas a candidatos no Espírito Santo foi de R$ 108 milhões.>
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Entre os que não receberam dinheiro do partido estão dois candidatos ao governo do Estado: Aridelmo Teixeira, filiado ao Novo, e Cláudio Paiva, do PRTB. >
Mas a maior parte dos candidatos sem dinheiro do partido são do Republicanos e do PSDB. O Republicanos deixou 30 candidatos sem montante, enquanto o PSDB não fez repasse a 19. O PMB deixou de financiar 14 candidatos.>
A cientista política e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mayra Goulart explica a importância das regras de financiamento e a relação dos candidatos com seus partidos. >
Segundo ela, depois da proibição dos financiamentos de campanha por empresas e definição da fonte pública como o fundo partidário e fundo eleitoral de campanha, os candidatos passaram a depender dos líderes partidários e das elites políticas para conseguir obter qualquer tipo de recurso. >
Dessa forma, não foram definidas regras para distribuição dos recursos. Só há determinação para que os partidos destinem obrigatoriamente verba para as candidaturas afirmativas de mulheres e negros. Nesse caso, o valor repassado deve ser proporcional à quantidade desses candidatos, em relação ao total da chapa A professora explica que o objetivo é não só lançar esses candidatos, mas também apostar neles. >
“Isso aumenta a importância da relação com as elites do partido porque são elas que vão receber o dinheiro e distribuir entre os candidatos. Exceto para os que são muito bem votados e podem se tornar puxadores de votos. Ao investir na candidatura dessas pessoas, o partido pode acabar elegendo mais gente”, detalha. >
Segundo Oziel Andrade, vice-presidente do PSDB, os recursos do partido foram enviados aos candidatos a deputado federal, que, por sua vez, teriam repassado uma parte do dinheiro a postulantes a outros cargos, como o de deputado estadual. “O PSDB, assim como os demais partidos, priorizou o financiamento de candidaturas para deputado federal. Os recursos vieram para essas candidaturas que, por sua vez, orientadas pela direção, priorizaram os candidatos do partido nas parcerias de campanhas casadas”, explicou.>
O presidente estadual do Republicanos, Roberto Carneiro, informou que o repasse dos recursos do fundo partidário foi efetuado pela Executiva Nacional da legenda, que optou por direcionar a verba para os candidatos a deputado federal, em todo o Brasil. Ele disse que a Executiva Estadual não recebeu recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC). >
Paulo Borges, presidente do PMB, explicou que não foi feito repasse a 14 candidatos porque o partido não recebeu dinheiro da direção nacional da legenda. Borges destacou que, como não foi possível formar uma chapa com candidatos à Câmara Federal – que tem sido a prioridade dos partidos –, a legenda acabou sem recursos.>
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