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Publicado em 22 de novembro de 2021 às 22:01
- Atualizado há 4 anos
A 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual e Municipal de Vitória determinou nesta segunda-feira (22) o bloqueio de bens do secretário estadual de Mobilidade Urbana, Fabio Damasceno, e da empresa Salvador Empreendimentos por suspeição em contrato emergencial para serviços de desinfecção da Covid-19 nos terminais do Sistema Transcol. A decisão, da juíza Heloisa Cariello, tem caráter liminar (provisória) e atende a uma ação popular para reparação de eventuais prejuízos aos cofres públicos decorrentes da dispensa de licitação na contratação. >
O autor da ação, o deputado Carlos Von Schilgen Ferreira — que é de oposição ao governo — também pede o afastamento cautelar do presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), Munir Abud de Oliveira, mas ainda não há uma manifestação da Justiça sobre esse requerimento. >
No documento, com base nas alegações do deputado, destaca-se que o governo do Estado contratou, reiteradamente e sem licitação, a Salvador Empreendimentos, empresa de obras de Anchieta, no Sul capixaba, que havia sido criada em 2013. Para desinfecção de terminais, o contrato previa o pagamento de R$ 12,56 milhões. >
O valor inicial era de R$ 1,47 milhão, por 90 dias, e a contratação foi publicada no Diário Oficial de 13 de maio de 2020. Depois, ainda segundo a ação, foram apresentados seis aditivos, que elevaram o gasto previsto, ultrapassando os R$ 12,5 milhões. Carlos Von sustenta ainda que a Salvador Empreendimentos só obteve a habilitação para o serviço e incluiu em sua Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) menos de dois meses de fechar o contrato. >
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A Salvador Empreendimentos, segundo consta na ação, seria atendida por Munir Abud, ex-procurador de Anchieta e atual presidente do Bandes, em um escritório de consultoria.>
A ação pede o bloqueio de dinheiro, de bens móveis e imóveis de Fabio Damasceno, Munir Abud e representantes da empresa, no montante total gasto pelo Estado - R$ 12,5 milhões - para eventual ressarcimento aos cofres públicos. Além disso, pediu também a suspensão de contratação relacionada à desinfecção de terminais sem licitação; a suspensão dos serviços prestados pela Salvador Empreendimentos, bem como de pagamentos de contratos; e o afastamento cautelar do presidente do Bandes de sua função, uma vez que é retratado como o responsável pelos laços das contratações. >
Na decisão, a juíza considera haver indícios de improbidade administrativa, e atende, em parte, os requerimentos do autor, entre os quais a suspensão provisória de dois termos aditivos, da realização de pagamentos à empresa, e bloqueio de bens móveis e imóveis tanto da Salvador Empreendimentos quanto de Fabio Damasceno. Quanto ao pedido de afastamento de Munir, a análise será posterior. >
Em nota, a Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura informa que ainda não recebeu a notificação da Justiça. "A Semobi esclarece que todas as contratações obedecem rigorosamente os critérios estabelecidos pela legislação vigente, pautadas na economicidade e transparência, incluindo as contratações emergenciais realizadas em função da pandemia da Covid-19 e o consequente estado de calamidade. A Semobi reforça que está à disposição da justiça para quaisquer esclarecimentos, tão logo receba a notificação e o inteiro teor da decisão", diz o texto. >
A assessoria do Bandes também informa que o presidente não recebeu a notificação e esclarece que Munir Abud não tem escritório de consultoria. Além disso, ressalta, a Justiça não acatou o pedido de afastamento. >
A decisão desta segunda-feira difere de outra, tomada pela juíza Milena Sousa Vila Boas, na última sexta-feira (19). Carlos Von havia entrado com uma ação anterior, relacionada ao mesmo contrato do governo do Estado com a Salvador Empreendimentos, porém os pedidos que fez foram indeferidos. >
O secretário estadual de Mobilidade Urbana, Fábio Damasceno, negou que haja irregularidades no contrato emergencial de serviços de desinfecção da Covid-19 nos terminais e nos ônibus do Sistema Transcol. O chefe da pasta foi questionado nesta terça-feira (23) e disse que vai recorrer.>
O secretário informou que ainda não foi notificado. No entanto, destacou que confia no trabalho da equipe dele, na lisura do processo de contratação e disse que o serviço de higienização dos 10 terminais e dos ônibus salvou vidas durante a pandemia.>
Na avaliação do governador Renato Casagrande (PSB), a suspensão pela Justiça do contrato de desinfecção dos terminais e ônibus do Sistema Transcol firmado durante a pandemia da Covid-19 é marcada por “denuncismo” e “luta política”. >
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