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Juiz é investigado por autorizar ida de criança à casa de abusador no ES

Juiz é investigado por autorizar ida de criança à casa de abusador no ES

Magistrado não teria cumprido decisão de desembargadora do Tribunal de Justiça

Publicado em 14 de agosto de 2019 às 22:20

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Tribunal de Justiça: quatro PADs abertos em uma semana. (Divulgação)

Por unanimidade, os desembargadores do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) instauraram um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para investigar a conduta do juiz Jerônimo Monteiro, da 2ª Vara de Família de Guarapari.

Em agosto de 2017, o magistrado autorizou que uma criança, de idade não revelada, passasse três dias sob a tutela do pai na mesma casa em que ele vive com seu padastro – e, portanto, “avôdrasto” da menina – que é acusado pelo Ministério Público de abusar sexualmente da criança por reiteradas vezes. 

A principal motivação para a abertura do PAD é o descumprimento de uma decisão proferida pelo próprio TJES, conforme destacou o corregedor-geral, desembargador Samuel Meira Brasil Júnior.

Ao autorizar que o pai da criança a buscasse na escola e a levasse para a casa dele, o juiz Jerônimo Monteiro desconsiderou a determinação da desembargadora Elisabeth Lordes, que havia reformado a sentença dada por ele, afirmando que o pai só poderia encontrar-se com a filha quinzenalmente, em locais públicos e sob supervisão de outros.

A advogada que acusa o juiz é também avó da criança e explica que entrou com recurso na 3ª Câmara Cível de Vitória no dia 7 de agosto de 2017, após entender que Monteiro não mudaria sua decisão. No dia 10 do mesmo mês, a desembargadora Elisabeth deu provimento parcial ao recurso e um ofício foi enviado ao magistrado. No entanto, 14 dias depois, ele ordenou que sua decisão inicial fosse cumprida.

“A família do pai da minha neta vem sendo favorecida por esse juiz. É uma cidade pequena, eles conhecem pessoas, têm influência”, relatou a advogada à reportagem. Segundo ela, o magistrado permitiu que a menina se aproximasse do “avôdrasto” mesmo diante de laudos elaborados por técnicos e psicólogos.

Em uma breve defesa, Jerônimo Monteiro, que esteve no TJES, afirmou que não havia provas que confirmassem a existência do abuso. “Tenho 20 anos de magistratura. Todos que me conhecem sabem que minha índole não é de perseguir advogado”, defendeu-se.

GRAVIDADE

Mas, para o corregedor, tal justificativa não é suficiente. Em seu voto, ele destacou: “Ora, dada a delicadeza da situação, dada a gravidade dos fatos narrados, se não há provas, deveria se produzir”.

O corregedor acrescentou também que a decisão do juiz se diferencia “substancialmente” da decisão proferida pela desembargadora. No entanto, optou por não afastá-lo de suas funções no momento, o que poderá ser mudado no curso do processo, conforme as apurações. O PAD ficará sob relatoria do desembargador Pedro Valls Feu Rosa.

O presidente da Associação dos Magistrados do Espírito Santo, Daniel Peçanha, esteve na sessão, próximo ao juiz Monteiro. “Não houve comprovação de qualquer tipo de prática indevida dele, o que há são indícios e o Tribunal entendeu que eles são passíveis de justificar a abertura de um procedimento. Agora é que vai ser feita a investigação e vai ser dado a ele o direito à ampla defesa. Até o momento, o que temos é a presunção de inocência”, justificou.

Na semana passada, outros três juízes se tornaram alvos de PADs. Sobre o fato, Peçanha declarou: “Isso demonstra que nossos órgãos estão funcionando e que não há qualquer tipo de proteção (aos juízes)”.

RELEMBRE

Benefício de amigos

O juiz Edmilson Rosindo Filho, titular do Juizado Especial Cível e da Fazenda Pública de Barra de São Francisco, foi afastado e será investigado por suspeita de não se abster de processos em que possuía relações com as partes. Os beneficiados seriam seus amigos.

Parcialidade

O juiz Paulino José Lourenço, da 13ª Vara Cível Empresarial de Recuperação Judicial e Falência de Vitória foi afastado e será investigado por suspeita de parcialidade na condução da recuperação judicial do grupo Itapemirim.

Caso com acusada

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O juiz Vanderlei Ramalho Marques, da 4ª Vara Criminal da Serra, foi afastado e será investigado por suspeita de se envolver com uma acusada de tráfico de drogas cujo processo tramitava em sua Vara em troca de vantagens no resultado da ação penal dela e do marido preso.

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