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Felipe Rigoni é mais 'infiel' ao PSB do que Tabata Amaral ao PDT

Felipe Rigoni é mais "infiel" ao PSB do que Tabata Amaral ao PDT

Levantamento mostra que deputado capixaba não seguiu orientação partidária em 54% dos votos que deu em plenário; infidelidade de Tabata Amaral ao PDT é de 43%

Publicado em 26 de agosto de 2019 às 17:00

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Os deputados Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES) fazem parte do movimento Acredito. (Jailson Sam/Câmara dos Deputados)

O deputado federal Felipe Rigoni tornou-se alvo de um processo no PSB, cujo resultado pode ser sua expulsão, somente após contrariar o partido e votar favoravelmente à reforma da Previdência. No entanto, esse voto esteve longe de ser o primeiro a descontentar a legenda. Mais da metade dos votos que o capixaba deu em plenário contrariaram a orientação partidária.

A "infidelidade" com sua sigla é maior até que a da deputada federal Tabata Amaral, do PDT de São Paulo. Ambos são do movimento Acredito e exercem mandatos pela primeira vez. Ela está entre os oito pedetistas politicamente suspensos do partido por não terem acolhido a orientação do PDT de votar contra a reforma previdenciária.

As constatações estão em levantamento publicado neste domingo (21) pelo jornal "O Estado de São Paulo". Foram analisados todos os votos dos 19 deputados e deputadas que contrariaram seus partidos na votação da reforma da Previdência – 11 do PSB e oito do PDT.

No primeiro mandato após vencer a primeira eleição que disputou, Rigoni esteve presente em 107 votações para as quais houve orientações do partido à bancada socialista. Em 58 delas, posicionou-se de maneira contrária à orientação. Significa dizer que em 54% das votações não manifestou-se como o partido gostaria.

O RANKING

Dos 19 dissidentes na votação da reforma da Previdência, Rigoni é o segundo mais infiel ao partido, segundo o levantamento do "Estadão". Apenas Rodrigo Coelho (PSB-SP) foi mais vezes infiel à sigla. Foi contra a orientação 65 vezes, em 118 votações que participou e em que existiram orientações partidárias à bancada. Ou seja, em 55% das votações.

O percentual de infidelidade de Tabata Amaral ao PDT é de 43%. Ela divergiu do partido 32 vezes e votou como a liderança pedetista orientou em outras 42 oportunidades.

O QUE ELE DIZ

Procurado pelo Gazeta Online para comentar os percentuais, Felipe Rigoni manifestou-se por meio da assessoria de imprensa. Em nota, disse que analisa "todos os argumentos técnicos apresentados pelo partido antes de cada votação", mas a decisão sobre seus votos leva em conta também "evidências científicas e análise do contexto local".

"Por meio do aplicativo 'Nosso Mandato' Rigoni tem acompanhado a opinião dos eleitores, que registram alto índice de aprovação aos posicionamentos do deputado", diz a nota. Após votar a favor da reforma, ele disse que votou por convicção.

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naliso todos os argumentos técnicos apresentados pelo partido. A definição do posicionamento é feita com base em evidências científicas e análise do contexto loca

Felipe Rigoni, PSB
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OUTRO DEPUTADO

Também deputado federal pelo PSB do Espírito Santo, Ted Conti, assim como Rigoni, divergiu do partido e votou a favor da reforma da Previdência. Portanto, os votos dele em plenário também foram analisados pelo "Estadão".

Em apenas 14% das vezes ele contrariou o partido. Foram 17 votos contra a recomendação partidária e 109 como o PSB orientou. Entre os dissidentes da Previdência, o grau de infidelidade de Ted Conti é maior apenas que o de Flávio Nogueira (PDT-PI), infiel em 9% de seus votos.

Procurado neste domingo (21) para comentar seus critérios, Ted Conti não foi localizado. O presidente do PSB no Espírito Santo, Carlos Roberto Rafael, também não atendeu à reportagem.

"TENSÃO EVIDENCIA NOVAS CARACTERÍSTICAS"

O cientista político Fernando Pignaton observou que a votação da reforma da Previdência evidenciou novas características nos movimentos de centro-esquerda no país e também nos de centro-direita.

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um movimento que se aproxima de algumas pautas liberais. Seria um outro tipo de esquerda se formando, que não é ligada a questões de Estado nacionalista. É um modelo liderado por presença muito maior da sociedade civil e da economia de mercad

Fernando Pignaton, cientista político
Cargo do Autor
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Mais de 30% das bancadas de PSB e PDT votaram a favor da reforma previdenciária na Câmara. Os deputados que não seguiram a orientação desses partidos podem ser resultado dessa nova tensão, diz o analista.

"O PDT, por exemplo, faz esforço para se afirmar como partido de centro-esquerda, mas com pauta aproximada do nacional-desenvolvimentismo. O fato é que o PDT não abarca toda a movimentação que tem da esquerda para o centro, onde está tendo uma aglutinação. E aí ele não dá conta, não consegue ser leito de toda a reflexão que vai da esquerda para o centro. Há um movimento", comentou Pignaton.

Na centro-direita, ele observa o mesmo fenômeno, com deputados, com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e com grupos como o Movimento Brasil Livre afastando-se do extremo do espectro político.

Diante da infidelidade de congressistas às orientações partidárias, Fernando Pignaton pontua que ela pode ser negativa.

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"Alguns partidos têm flexibilidade total, são empreendimentos políticos. Outros têm uma base programática. Partidos programáticos são obrigados a conviver com certa flexibilidade, mas, no geral, isso é muito ruim. É uma distorção que é mais um sintoma de que tem que haver reformulação do sistema político, tem que ter uma reforma política, com fortalecimento dos partidos como diretriz", disse o cientista político.

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