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Publicado em 19 de novembro de 2021 às 18:24
Dias depois de negar que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) estaria com a "cara do governo", o ministro da Educação, Milton Ribeiro, mudou o discurso e endossou a fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em visita ao Espírito Santo nesta sexta-feira (19), ele reafirmou que "o Enem vai ter a cara do governo, sim".>
“Eu quero reafirmar que o Enem vai ter a cara do governo, sim. Um governo que é ético, honesto, competente, e que leva a sério o imposto que todo o cidadão paga. Não vai haver nenhum tipo de tendência ideológica, nem para a esquerda nem para a direita,” disse em entrevista para a TV Gazeta.>
A declaração foi feita após cerimônia de inauguração do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) de Barra de São Francisco. O ministro estava acompanhado do deputado federal Evair de Melo (PP), que é um dos vice-líderes de Bolsonaro na Câmara. >
Às vésperas do Enem, que acontece neste domingo (21), o governo passa por uma crise que envolve suspeita de interferência em conteúdo da prova e assédio moral de servidores.>
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No início do mês, 37 funcionários ligados à organização do Enem pediram exoneração do Ministério da Educação (MEC). Eles alegam sofrer assédio moral do presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pela prova. Eles afirmam que há "fragilidade técnica" na gestão atual.>
Há também denúncias de interferência direta do governo federal no conteúdo do Enem. >
Conforme revelou o jornal Folha de São Paulo, Bolsonaro teria pedido ao ministro da Educação para que trocasse a palavra "Golpe de 1964" por revolução nas questões que abordassem a ditadura militar na prova. >
Os presidente é um defensor da ditadura e já tentou reescrever a história em outros momentos. O golpe foi rememorado nos quartéis, em cerimônias oficiais, no primeiro ano do governo.>
O pedido de Bolsonaro teria ocorrido no primeiro semestre, segundo relatos de integrantes do governo. Milton Ribeiro chegou a comentar a fala com equipes do Inep, mas não levou o pedido adiante, já que as questões da prova envolvem um longo processo de elaboração.>
As denúncias levaram o Tribunal de Contas da União (TCU) a abrir um processo para investigar supostas irregularidades na organização do exame deste ano. O ministro, contudo, nega qualquer interferência na prova.>
“As provas foram impressas há mais de três meses, então não tem como interferir nas questões. Nem eu, nem o presidente da República, nem o presidente do Inep conhecemos alguma questão. Existe um grupo preparado, que frequenta uma sala sigilosa onde eles preparam as questões”, disse Ribeiro.>
Confira na entrevista do ministro da Educação na íntegra:>
O ministro atribuiu a debandada dos servidores do MEC a um "descontentamento político" e que acredita ser "muito difícil" que os casos de assédio tenham realmente acontecido. >
“Existe um grupo pequeno de funcionários do Inep que são mais politizados, que manifestaram um descontentamento, que tem mais a ver com a área administrativa do que com a acadêmica”, disse.>
"Quem alega é quem deve que provar. E no serviço público existem canais e meios próprios para pessoa mostrar que tem sofrido assédio moral. Mas eu acho que isso é muito difícil", completou.>
O atual presidente do Inep, denunciado por assédio moral, foi levado ao cargo por Milton Ribeiro, de quem é próximo.>
Para Milton Ribeiro, os pedidos de exoneração tem relação a uma certa insatisfação dos servidores com mudanças em gratificações pagas pelo governo.>
“O que eles, talvez, não estejam gostando é que estamos colocando algumas normas que interferem na renda deles, que sobre a gratificação de Cursos e Concursos (GEC). Um funcionário do Inep que participa disso ganha o salário dele, os cargos em comissão (DAS), e o GEC, que é essa gratificação, que chega a ser para alguns RS 60 mil por ano, quase um salário. O que nós fizemos foi regulamentar essas gratificações, para só quem tem direito receber">
De acordo com o ministro, nenhum dos servidores será realmente exonerado, já que são concursados. Com o pedido de demissão, os funcionários, na verdade, abriram mão de um percentual que eles ganhavam a mais. >
O ministro da Educação esteve no Espírito Santo para participar de eventos no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Na quinta-feira, ele participou da cerimônia de posse dos novos reitores do Instituto, em Vitória. >
Ao lado dele estiveram o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), a vice-governadora Jacqueline Moraes (PSB), os senadores Fabiano Contarato (Rede) e Rose de Freitas (MDB), além do deputados federal Helder Salomão (PT).>
Nesta sexta-feira, Milton Ribeiro viajou até Barra de São Francisco, no Noroeste do Estado, onde participou da inauguração do Campus do Ifes na cidade. >
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