Publicado em 24 de junho de 2020 às 12:11
Um contrato emergencial de R$ 1,3 milhão firmado entre a Prefeitura de Marataízes, no litoral Sul do Espírito Santo, e uma empresa de Cachoeiro de Itapemirim para o fornecimento de estruturas para centros de triagem no município foi contestado pelo Ministério Público de Contas do Estado. O órgão recomendou que nenhum pagamento seja feito pelo serviço até que se faça uma investigação dos termos da contratação. A empresa envolvida é a Play City Eventos, a mesma que teve um contrato anulado com o governo do Estado e outro suspenso com a Prefeitura de Presidente Kennedy por suspeitas de superfaturamento.>
Firmado em 13 de abril deste ano, com dispensa de licitação devido ao estado de calamidade pública diante da pandemia do novo coronavírus, o contrato continua em vigor e com validade até dia 13 de agosto. Por nota, a prefeitura informou que ainda não foi notificada sobre a recomendação do MP de Contas, mas disse que nenhum valor foi pago até o momento pelo serviços que estão sendo prestados.>
Entre os itens contratados estão tendas, geradores elétricos, salas de atendimento com ar-condicionado e banheiros químicos. O valor global chega a R$ 1.328.400. Em sua recomendação, o procurador de contas Luciano Vieira compara os valores fixados pela empresa com os que foram contratados pelo governo do Estado e pela Prefeitura de Presidente Kennedy com a Play City Eventos. Ressalta que, posteriormente, foram celebrados novos contratos com preços inferiores com outras empresas pelos dois entes.>
A recomendação diz que a pressa necessária para os contratos emergenciais não é uma "autorização irrestrita para aquisição desmesurada e irracional de bens e serviços, somente em razão de se estar em face de excepcional situação de emergência pandêmica" e, por isso, é recomendado à prefeitura que não efetue pagamentos pelo serviço e que a Secretaria Municipal de Controle Interno instaure "procedimento para verificação do valor contratado, mediante nova pesquisa de preços, adotando-se como parâmetro outras fontes de pesquisa".>
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A prefeitura afirma que a contratação foi feita "obedecendo todos os princípios constitucionais e administrativos, bem como as determinações e procedimentos legais aplicáveis à espécie, entre outros, a criteriosa cotação de mercado", e que está fazendo levantamentos para resolver a situação. O município sustenta que ainda não recebeu a recomendação do órgão ministerial, mas que "qualquer intervenção dos órgãos de controle, ainda que apenas recomendando, será satisfatoriamente recebida e acatada".>
Esse é o terceiro contrato da Play City Eventos, desde o início da pandemia, que levanta suspeitas de sobrepreço. Em um contrato com o governo do Estado, a empresa forneceria estruturas para barreiras sanitárias por 90 dias por um valor total que passava de R$ 4,4 milhões. Após uma nova cotação de preços, o governo encontrou outro fornecedor por um valor total de R$ 528 mil, 88% a menos. O contrato firmado com Play City Eventos foi suspenso e, após parecer da Secretaria de Estado de Controle e Transparência e da Procuradoria-Geral do Estado, anulado. A empresa recebeu proporcionalmente pelo serviço prestado durante menos de um mês.>
A Prefeitura de Presidente Kennedy, no Sul do Estado, também havia contratado a mesma empresa para o fornecimento de estruturas para centros de triagem e salas hospitalares provisórias por um valor total de R$ 598 mil. Em pregão eletrônico, realizado dias depois da contratação, três empresas venceram a licitação e o valor total das mesmas estruturas caiu para R$ 68 mil. Valor também 88% menor que o ofertado pela Play City Eventos.>
O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) já está ciente dos casos. O subsecretário estadual de Administração e Financiamento de Atenção à Saúde, Rafael Grossi, confirmou que o órgão ministerial pediu cópias do contrato da Secretaria da Saúde para as barreiras sanitárias. No caso de Presidente Kennedy, foi aberto um procedimento preparatório para apurar as informações sobre o contrato. >
A Gazeta procurou a instituição para confirmar se já existe algum inquérito em andamento, mas ainda não obteve respostas.>
A reportagem também procurou a empresa Play City Eventos. Contudo, não houve resposta. A matéria será atualizada caso haja manifestação. >
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