Publicado em 6 de março de 2020 às 20:55
O anúncio do ex-prefeito de Vitória João Coser (PT) de que quer ser candidato a prefeito da Capital foi visto positivamente por lideranças do partido, como forma de ampliar a influência da legenda nas eleições municipais com nomes competitivos, seguindo a recomendação da direção nacional. A informação sobre o interesse de Coser de voltar ao Executivo municipal foi divulgada pela coluna Leonel Ximenes. >
Coser, que já havia declarado publicamente que não disputaria mais cargos eletivos, afirma ter recebido apelos de dirigentes nacionais, e ter sido estimulado pelo próprio ex-presidente Lula. Apesar disso, até então, o projeto para Vitória era a pré-candidatura da presidente estadual, Jackeline Rocha. >
Coser foi prefeito de Vitória de 2005 a 2012, e encontra agora um cenário bem diferente daquele em que se elegeu para o Executivo. Com o PT enfraquecido no Estado, sem ocupar nenhuma prefeitura, ele, que é uma das lideranças históricas da legenda, viu seu capital político ser apontado como necessário para defender o legado do partido, que hoje convive com a extrema-direita no Palácio do Planalto e atua na oposição. >
No Espírito Santo, os cargos de maior relevância do PT hoje são uma vaga na Câmara dos Deputados, de Helder Salomão, e uma na Assembleia Legislativa, de Iriny Lopes. O único prefeito eleito em 2016, Alencar Marim, de Barra de São Francisco, saiu do partido.>
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Diante deste cenário, o partido, sob o comando de Jackeline, tenta retomar o protagonismo com metas otimistas. Segundo ela, o PT quer eleger em outubro 20 prefeitos no Espírito Santo.>
Coser disputou o Senado em 2014, mas foi derrotado. Nas últimas eleições disputou para deputado federal, ficando na suplência de Helder Salomão (PT). Em 2016, o PT teve Perly Cipriano como candidato à Prefeitura de Vitória, mas alcançou só 3,48% dos votos. >
Segundo Coser, o fato de se colocar à disposição do partido não deve ser interpretado como um distanciamento ou disputa com Jackeline. Por meio de suas correntes, a Construindo um Novo Brasil (CNB), de Jackeline, e a Alternativa Socialista, de Coser, os dois se aliaram nas duas últimas eleições internas do PT. Na disputa de 2019, Coser apoiou o nome de Jackeline para a presidência do partido desde o início do processo. >
"Não há rompimento entre nós. Coloquei meu nome, o dela também está colocado, ela é uma liderança jovem, com uma perspectiva boa de crescer. Mas tomei esta decisão por uma questão de conjuntura, de considerar que seria necessário para ajudar o partido. Não vai ter disputa. Vamos dialogar com a Executiva Municipal e tentar definir o melhor caminho", afirmou. >
Coser acrescentou que mudou de ideia quanto à "aposentadoria" de eleições por entender que pode ser um importante ator no processo de reestruturação da legenda. "De fato é uma decisão muito pessoal, mas que foi provocada pelo apoio que recebi de muita gente do partido, por ser abordado por servidores, lideranças comunitárias. Tive uma experiência de boa gestão e de fato estava em um processo de afastamento. Mas a política nos coloca para uma nova tarefa", comentou. >
João Coser (PT)
Ex-prefeito de VitóriaEx-deputado estadual e aliado de Jackeline, Nunes afirma ter visto com naturalidade esta disposição de Coser em disputar, mas que isto é algo que precisa ser aprofundado internamente. >
"De fato a direção nacional tem dito para incentivarmos o máximo de candidaturas possíveis nos municípios, principalmente nos grandes centros, onde há mais de 100 mil eleitores. Estamos apresentando candidatos com força política, e até então só tinha o nome dela (Jackeline) colocado. Se foi feito um pedido específico a ele, vemos com bons olhos, até porque ele foi prefeito. Quem vai definir são os diretórios municipais. O que não vai faltar é diálogo, não teremos dificuldade.">
Ele também negou qualquer tipo de rompimento interno. "Não existe. A aproximação do grupo do João com o nosso veio desde 2017, quando apoiamos João para presidente estadual. Ele retribuiu o apoio que demos lá atrás, e a relação tem sido tranquila.>
Segundo Nunes, o PT já compôs um Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) para monitorar o processo eleitoral de 2020. No Espírito Santo, a liderança nacional que irá acompanhar as candidaturas e alianças será a tesoureira nacional do partido, Gleide Andrade. >
Perly Cipriano, que é um dos fundadores do PT no Estado, manifestou apoio à ideia de candidatura de Coser. "O apelo não é apenas nacional, é também de militantes daqui, e eu sou um deles. Ele tem experiência, conhecimento, foi bem avaliado como prefeito, é uma pessoa bem aceita, e a Capital tem um papel muito importante na política estadual. Se colocando como qualquer filiado pode fazer, não está tomando o lugar de ninguém. Como ele é um nome forte em Vitória, vai ajudar o partido por inteiro", avalia. >
Perly acrescenta ainda que Coser facilita a política de alianças e será bom para a chapa de vereadores. Ele faz uma distinção entre uma possível candidatura de Coser e a sua, em 2016. "Aquele ano foi o momento mais difícil pelo qual o PT passou. Minha candidatura foi para resgatar o legado de Vitor Buaiz o do João. Agora é diferente, o partido está recuperando sua aceitação, e ele é muito importante para nos fortalecer", comentou. >
No início deste ano, Jackeline confirmou as especulações sobre sua pré-candidatura à Prefeitura de Vitória. Em 2018, em sua estreia nas urnas na disputa como governadora, ela ficou em 3º lugar, com 142,6 mil votos. >
"Depende muito da decisão do partido. Tanto para a direção nacional como para a estadual, eu disse o tempo todo que estou à disposição para contribuir, organizando o partido para as eleições, mas não só isso. Em Vitória, vamos construir uma boa chapa de vereadores, com nomes fortes e competitivos, para que a gente possa ter a força de discutir projeto na majoritária", disse, ainda em janeiro.>
A Gazeta tentou contato com Jackeline nesta sexta-feira, mas não obteve retorno.>
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