Repórter / eandrade@redegazeta.com.br
Publicado em 11 de julho de 2022 às 21:45
Com os critérios e perfis já definidos e vários partidos interessados, o governador Renato Casagrande (PSB) - agora oficialmente pré-candidato à reeleição - acelera as conversas para decidir quem ficará com as vagas de vice e de senador na sua chapa.
Na entrevista coletiva em que confirmou a sua pré-candidatura, na tarde desta segunda-feira (11), o governador deixou claro que quer ter esses espaços definidos, assim como os suplentes de senador na chapa, antes do dia 31 de julho, data em que será realizada a convenção estadual do PSB. Ou seja, ele espera fechar todas as alianças em menos de 20 dias e deu sinais de que o nome do vice-governador na sua chapa será uma prioridade.
Em uma disputa eleitoral, o nome do vice normalmente é o último a ser definido, depois que todos os partidos aliados já estão consolidados e as opções são colocadas na mesa de discussão. Aquelas que enfrentam menor resistência ou que podem agregar mais saem em vantagem. Oficialmente, a vaga de vice não é um espaço para o qual as pessoas se lançam, mas para o qual elas são levadas durante a discussão das alianças partidárias.
Assim como Casagrande, outros sete pré-candidatos ainda esperam confirmar seus aliados antes de anunciar com quem farão a dobradinha na chapa. O único pré-candidato a governador que já confirmou o nome da vice foi o economista Aridelmo Teixeira (Novo), que contará com a parceria da jornalista Camila Domingues (Novo) na chapa.
"É um debate com os partidos que estarão na aliança. A gente pretende conversar com os partidos e definir os melhores nomes, que tenham o perfil para poder complementar e ajudar na gestão. Ajudar na campanha é importante, mas muito mais importante é ter gente que vai colaborar na gestão", enfatizou o governador Casagrande.
Ele cita como exemplos os perfis da sua atual vice-governadora, Jacqueline Moraes (PSB), e do seu vice no mandato exercido de 2011 a 2014, Givaldo Vieira (PSB), indicado pelo PT nas eleições de 2010.
Casagrande não deve repetir o partido do vice das duas eleições anteriores em que saiu vencedor, pois uma chapa puro-sangue está totalmente fora de cogitação, já que ele pretende fazer "a aliança mais ampla que puder" e a indicação do vice pelo PT não seria "parte da solução" para a obtenção de aliados. O PP é aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) em nível nacional e tem lideranças estaduais que rejeitam a parceria com o PT na disputa estadual.
O perfil buscado pelo governador é de "gente que tenha uma passagem tranquila na vida pública e que possa garantir segurança na gestão", além de ser alguém que agregue.
Na federação formada por PSDB e Cidadania, há alguns nomes cotados para essa indicação, como o do ex-senador e ex-vice-governador Ricardo Ferraço (PSDB) e do empresário Léo de Castro (PSDB). Já no PP, o nome do ex-secretário estadual de Saneamento e Habitação Marcus Vicente, presidente estadual do partido, poderia ser uma solução para a chapa de deputado federal que já tem quatro candidatos à reeleição. Oficialmente, Vicente é pré-candidato a uma vaga na Câmara dos Deputados.
Da mesma forma que a vaga de vice, a vaga para o Senado na chapa de Casagrande também tem muitos interessados. A mais cotada para obter o apoio do governador é a senadora Rose de Freitas (MDB), que se licenciou do cargo para disputar a reeleição. Na coletiva, Casagrande enfatizou que tem uma excelente relação com Rose e que ela lhe "ajuda muito lá em Brasília".
Como o próprio governador disse em coletiva que é previsível e não dissimula na conversa com os aliados, há quem tenha visto a senadora licenciada na descrição de Casagrande sobre o perfil que deseja para estar ao seu lado na chapa ao Senado. "Quero gente que lute e trabalhe pelo Espírito Santo, que esteja defendendo o nosso Estado, que tenha uma posição política boa nacional, mas que tenha um olhar para o nosso Estado", descreveu o governador.
Mas há outros nomes cotados para a vaga de senador entre os aliados do PSB. Na lista estão: o Coronel Ramalho (Podemos) e o deputado federal Da Vitória (PP), mas o PT e o PSDB também se colocam como interessados na vaga.
Casagrande confirmou que a vaga ao Senado foi um dos pleitos do PT para a aliança, embora a legenda não tenha feito imposição. Há dois pré-candidatos ao Senado no PT: o ex-reitor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Reinaldo Centoducatte e a ex-secretária municipal de Educação de Cariacica e segunda colocada na disputa de 2020 para prefeito da cidade, Célia Tavares.
Uma nova conversa entre as direções estaduais de PT e PSB, com a presença do governador, está marcada para a manhã desta terça-feira (12), na qual poderá ser confirmada a aliança e a retirada do nome do senador Fabiano Contarato (PT) da disputa para governador.
Após a coletiva, as falas do governador sobre a disputa nacional e a ênfase de que ele e seu partido pedirão votos somente para o ex-presidente Lula na disputa presidencial, como destacado pela colunista Letícia Gonçalves, soaram como um recado ao PT de que Casagrande deixará clara a sua posição sobre quem apoia na disputa presidencial, mesmo que tenha aliados dos mais diferentes espectros políticos no seu entorno.
Com relação à segurança na disputa eleitoral, o governador ressaltou que a decisão sobre aumentar a sua segurança pessoal compete à Casa Militar, mas considera que o ambiente não está normal e "todo mundo tem de estar mais atento".
Ele citou a morte do ex-primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe, morto na semana passada a tiros quando fazia um discurso, na cidade de Nara, e o assassinato do guarda municipal petista Marcelo Arruda, que teve a sua festa de 50 anos com temática do PT invadida pelo policial penal bolsonarista Jorge Jose da Rocha Guaranho, em Foz do Iguaçu, Paraná.
Para Casagrande, o tom da política precisa de atenção e é preciso reduzir a intensidade. "Acho que a minha tarefa como liderança, como governador, independente da candidatura, é amainar o ambiente. Não posso, como governador, instigar. Preciso acalmar o ambiente. Mas acalmar o ambiente não significa não ter preocupação. Qualquer pessoa que participa da eleição precisa observar mais as coisas para voltar a política para o leito normal", salientou.
Ainda abordando o tema da agressividade na política, o governador falou que vai recorrer à Justiça sempre que precisar na pré-campanha ou na disputa eleitoral, seja para evitar mentiras ou que uma vida seja perdida, como ocorreu no Paraná.
Casagrande voltou a falar em debater ideias, propostas e a história de cada candidato. "O nível de agressividade que a gente tem assistido na política nesses últimos anos é de deixar a gente desanimado com aquilo que a gente vê, não com o fazer política. Quando tem qualquer agressividade gratuita e mentirosa, é Justiça na hora", garantiu.
Ele ressaltou que o objetivo de levar essas questões à Justiça é mostrar que rede social não é lugar sem lei. Ele se demonstrou confiante de que a Justiça Eleitoral vai ser dura na disputa, mas disse que é preciso que os cidadãos também ajudem a combater e não alimentem fake news.
Renato Casagrande (PSB)
Governador do Espírito SantoO governador acrescentou que não usará do mesmo estilo de adversários que costumam ir para as redes sociais para xingar as pessoas e considera que isso "seria insano, irresponsável", especialmente por ocupar o posto de maior liderança do Executivo estadual. "Vou para a Justiça a todo o instante que for preciso para desmascarar quem quer praticar a política baixa e violenta que estamos vendo de algumas pessoas", sintetizou.
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