No dia seguinte em que estimulou os protestos promovidos em todo o país, que tiveram críticas tanto ao Legislativo como ao Judiciário, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) avaliou nesta segunda-feira (27) que a voz das ruas "não pode ser ignorada".
Após o seu gesto ter causado mal-estar até mesmo Palácio do Planalto, ele convidou para um café da manhã nesta terça-feira (28) os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do STF (Supremo Tribunal Federal), José Dias Toffoli.
O encontro tem como objetivo discutir uma espécie de "pacto pelo país", que envolveria um esforço pela aprovação da reforma previdenciária e do pacote anticrime. Para assessores presidenciais, no entanto, ele deve servir para que o presidente tente diminuir o constrangimento causado pelo seu posicionamento.
Em suas redes sociais, Bolsonaro compartilhou no domingo (26) vídeos de protestos no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Maranhão. Um deles mostra um manifestante defendendo a CPI da Lava Toga, cujo propósito é investigar ministros de Cortes Superiores.
"Para o presidente, as manifestações são um sinal de que a sociedade não perdeu as esperanças e que seus anseios serão escutados pelos dirigentes do país. Esta voz das ruas não pode ser ignorada. É hora de retribuirmos este sentimento. O que devemos fazer agora é um pacto pelo Brasil. Estamos todos no mesmo barco e juntos podemos mudar o país", disse o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros.
Segundo ele, Bolsonaro avaliou que as manifestações em apoio ao seu governo ocorreram de forma "espontânea" e "pacífica" e vem se manifestando para que toda a sociedade participe em conjunto com os três poderes para que as reformas propostas pelo governo sejam aprovadas.
"Esse pacto há de contornar todos os poderes e toda a sociedade, ultrapassando os obstáculos que naturalmente se impõe no ambiente político para que nós cheguemos a cruzar a bandeira final, que é o bem estar da nossa sociedade", disse.
A avaliação do núcleo pragmático do Palácio do Planalto, formado pela cúpula militar e pela equipe econômica, é de que o endosso do presidente às manifestações aumentou o desgaste na relação do Executivo com o Legislativo e com o Judiciário.
Nas palavras de um assessor presidencial, se um dos objetivos das manifestações era pressionar por uma aprovação célere do regime de mudança das aposentadorias, o efeito prático pode ser o oposto: o atraso como uma forma de retaliação.
O diagnóstico foi de que, ao ter respaldado as manifestações, o presidente deu motivos para uma eventual reação do Congresso, em cujas mãos estão tanto a reforma previdenciária como o pacote anticrime.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta