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Publicado em 4 de agosto de 2021 às 16:34
Marcos Venicio Moreira Andrade, assassino confesso do ex-governador e ex-senador Gerson Camata, foi condenado a 28 anos de prisão pelo crime, ocorrido em 26 de dezembro de 2018. O caso estava em julgamento desde terça-feira (3) e chegou ao desfecho, em primeira instância, nesta quarta (4). >
A decisão sobre o destino de Marcos Venício, que enfrentou júri popular formado por sete mulheres, foi selada no Fórum Criminal de Vitória, na Cidade Alta. A sentença foi prolatada por volta das 16h30 pelo juiz Marcos Pereira Sanches, que conduziu o julgamento. A família da vítima deve ser indenizada em R$ 200 mil por danos morais, quantia a ser paga pelo assassino.>
Marcos Venício, que havia atuado como assessor de Camata, matou o ex-chefe com um tiro, na Praia do Canto, em Vitória, no dia 26 de dezembro de 2018. Ele foi preso em flagrante na ocasião. Desde então, é mantido preventivamente no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Viana II. E deve continuar lá.>
A família da vítima acompanhou o julgamento. A viúva e ex-deputada federal Rita Camata, entre os filhos Enza e Bruno, emocionou-se após o desfecho.>
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"Nós acreditamos que o Ministério Público e nossos advogados fizeram um bom trabalho, principalmente por conta da crueldade como Gerson nos foi tirado tão precocemente, um homem que tanto fez pelo Estado e pelo fim que ele teve, parecia um animal largado na sarjeta. Se fez Justiça. A gente se sente aliviado e agradecido a Deus", afirmou Rita.>
Rita Camata
Ex-deputada federal e viúva do ex-governador Geron Camata
O assassino
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Para os promotores do Ministério Público do Espírito Santo, o julgamento ocorreu conforme o esperado. "O Ministério Público ficou atento a todas as possíveis contraprovas trazidas pela defesa. Mas não havia nada complexo sobre o caso. O complexo que existia era em torno do crime, por ser a morte de um ícone da sociedade capixaba. No entanto, os jurados de Vitória cumpriram seu dever para com a sociedade, com a família da vítima", destacou o promotor Leonardo Augusto Cezar. >
Ele destacou que a pena aplicada ao réu foi a esperada, mas não a pretendida. "A nossa legislação e algumas decisões de tribunais superiores continuam muito lenientes com o réu. É um problema sistêmico em que o Ministério Público sempre atua no sentido de lutar para que não aconteça, mas a lei foi cumprida e agora é analisar para ver se vamos ou não vamos recorrer para aumentar a dosimetria da pena", explicou.>
Um dos assistentes de acusação que representou a família da vítima, o advogado Renan Sales destacou que as juradas acompanharam as provas presentes no processo. "Não havia dúvidas de que o homicídio foi praticado de uma forma covarde, premeditada, e que o réu realmente queria matar a vítima. Então hoje, mais uma vez, a sociedade, por meio de seus jurados, puniu, da forma que deveria punir, alguém que tira a vida de seu próprio semelhante", assinalou.>
A decisão desta quarta-feira quanto à condenação de Marcos Venicio não é definitiva. A defesa pode recorrer e é isso mesmo que pretende fazer, como conta o advogado Homero Mafra.>
"A defesa vai decorrer dessa decisão, vai apresentar as razões. A defesa entende que a pena foi alta demais e certamente será adequada. Mas o julgamento ocorreu na normalidade mais absoluta", destacou. >
"O réu permanece preso pela decisão. Vamos estudar a possibilidade de verificar um eventual recurso para que permaneça em liberdade, mas a decisão do magistrado é para que permaneça preso", confirmou Mafra.>
Questionado se o réu tem condições de arcar com a multa de R$ 200 mil a ser paga, o advogado avaliou que não, mas fez uma ressalva: "É um aspecto secundário. Quando se perde a liberdade de uma forma como se fez, o que vai se buscar restituir um pouco daquilo que foi subtraído dele a questão financeira é menor e, é claro, será também objeto de ataque no recurso".>
A sentença que condenou Marcos Venicio Moreira Andrade pelo assassinato do ex-governador e ex-senador Gerson Camata detalha como foi composta a pena que totaliza 28 anos de reclusão. >
Do total, 19 anos e seis meses referem-se ao homicídio qualificado, praticado por motivo fútil e sem dar à vítima chance de defesa. A confissão do crime, que pode ser considerada um atenuante, foi compensada com o agravante do cometimento do crime por motivo fútil, o que fez com que não houvesse redução no tempo determinado para prisão.>
Mas o fato de o crime ter sido praticado contra uma pessoa com mais de 60 anos acabou elevando a pena em sete anos, para 26 anos a serem cumpridos em regime fechado. “O juiz levou em consideração que a vítima tinha mais de 60 anos, aumentando o tempo da pena”, explicou o advogado Ludgero Liberato, que atuou como assistente de acusação.>
Foram acrescentados, ainda, dois anos, pelo fato do réu portar arma de fogo, sem autorização legal. Marcos Venício confessou que tinha saído de casa com uma arma, com o argumento de que iria levá-la à Polícia Federal para atualizar o registro, mas ele não possuía o porte de armas.>
Por volta das 18h50, Marcos Venício deixou o Fórum Criminal de Vitória, seguindo em uma viatura da Secretaria de Justiça (Sejus) – responsável pela administração dos presídios, para o CDP2 de Viana, onde permanece recluso.>
O crime ocorreu no dia seguinte ao Natal, em 26 de dezembro de 2018. Gerson Camata havia acabado de comprar um livro e cumprimentava conhecidos em uma calçada na Praia do Canto, em Vitória, quando foi abordado por Marcos Venicio, ex-assessor dele. Aos 77 anos, o ex-governador foi morto com um tiro, um crime que chocou o Espírito Santo.>
Marcos Venicio foi detido em flagrante horas depois do assassinato e, no dia seguinte, a prisão foi convertida em preventiva. >
O julgamento
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Em 2019, o ex-assessor confessou o crime em interrogatório prestado ao juiz Felipe Bertrand Sardenberg Moulin, da 1ª Vara Criminal de Vitória. Na ocasião, afirmou que não premeditou o crime e que saber que tirou a vida do ex-governador é uma “tortura diária”. "O presídio é muito duro, mas mais duro ainda é saber que tirei a vida dele", disse Marcos Venicio, de acordo com a transcrição das declarações prestadas por ele em juízo, na época.>
Assessor de Camata por 20 anos, Marquinhos, como é conhecido, foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPES) pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. >
Segundo dia do julgamento do assassino de Gerson Camata
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