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Quem é o capixaba dono de carro achado com armas furtadas do Exército

Quem é o capixaba dono de carro achado com armas furtadas do Exército

Metralhadoras estavam embrulhadas em um saco plástico preto em um carro utilizado por Jesser Fidelix, estacionado na Zona Oeste carioca

Publicado em 2 de novembro de 2023 às 14:31

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Capixaba Jesser Marques Fidelix, de 30 anos, preso com metralhadoras furtadas do Exército
Armas furtadas do Exército foram encontradas em carro do capixaba Jesser Marques Fidelix, de 30 anos. (Reprodução)

Uma operação conjunta da Polícia Civil do Rio de Janeiro e de militares do Exército levou ao encontro de mais duas metralhadoras .50 furtadas do Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri, em setembro. Elas estavam em um carro que pertence ao capixaba Jesser Marques Fidelix, de 30 anos. O dono veículo não estava no local. Mas quem é Jesser? Qual o envolvimento dele com o furto das armas? Confira abaixo.

Para a Polícia Civil do Rio de Janeiro, Jesser é apontado como "matuto", nomenclatura dada a fornecedores de drogas e armas, do Comando Vermelho (CV). Ele é do Espírito Santo, mora em São Paulo e atua em conjunto com o tráfico do Riode Janeiro.

Quem é o capixaba dono de carro achado com armas furtadas do Exército

Jesser é apontado como suspeito de fornecer as metralhadoras furtadas do Exército a criminosos do CV. Segundo o portal g1 RJ, investigações mostram que ele é apelidado de "Capixaba" e chamado assim em um vídeo enviado a traficantes. Nessa gravação, um homem pergunta a ele como embalar as "armas de guerra".

Além da atuação criminosa no Rio, o capixaba foi investigado pela Polícia Federal por utilizar veículo roubado em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. Na ficha dele consta ainda uma investigação por estelionato, no Leme, bairro da capital fluminense, e casos de receptação. Com endereços no Espírito Santo e em Macaé, no Norte Fluminense, Jesser já foi preso duas vezes, mas teve a liberdade concedida dois dias depois, segundo apurou o g1.

Operação encontra no Rio de Janeiro duas metralhadoras furtadas do Exército em São Paulo
Operação encontra no Rio de Janeiro duas metralhadoras furtadas do Exército em São Paulo. (Polícia Civil do Rio de Janeiro/Divulgação)

Como armas foram encontradas

Jesser era monitorado por agentes de segurança desde a segunda-feira (30). Na madrugada de quarta-feira (1º), a polícia seguiu os passos dele até a casa de sua sogra, na Zona Oeste do Rio, foram até lá, mas não o localizaram. As buscas por ele também foram feitas em outros endereços da família e em hotéis da região. 

Os policiais, então, descobriram que o carro dele, com placas clonadas, estava estacionado na Avenida Lúcio Costa, na Praia da Reserva, na Zona Oeste carioca. As armas estavam embrulhadas em um saco plástico preto escondidas no veículo.

Durante a ação, além das metralhadoras recuperadas, um fuzil FAL calibre 7,62 mm também foi recuperado, cuja origem está sendo investigada.

Com o encontro de mais duas metralhadoras, já são 19 as armas que haviam sido furtadas que foram recuperadas – 11 Browning calibre .50 e oito MAG de calibre 7,62 mm. Faltam apenas duas metralhadoras calibre .50 a serem encontradas. A suspeita dos militares é de que todas essas armas tenham sido negociadas com integrantes do Comando Vermelho e do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Segundo o general de brigada Maurício Vieira Gama, chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Sudeste (CMSE), as duas armas ainda desaparecidas estariam em São Paulo. "Consideramos o episódio inaceitável."

Ainda segundo ele, a apuração sobre as circunstâncias do encontro das duas metralhadoras no Rio ficará a cargo do Inquérito Policial Militar (IPM) aberto pelo Comando Militar do Leste. O IPM deve ainda verificar a origem do fuzil apreendido. Sua numeração estava raspada. "Não temos registro de desaparecimento de um fuzil. Ele pode não ser do Exército" afirmou o general.

Furto das metralhadoras 

De acordo com as investigações do Exército, as metralhadoras foram furtadas entre os dias 5 e 8 de setembro. Houve violação de lacre e de cadeados da reserva das armas onde elas ficam guardadas. Além disso, os militares envolvidos no crime desligaram as câmeras de segurança do lugar, mas as impressões digitais de um dos suspeitos foram encontradas no lugar.

As primeiras oito metralhadoras foram recuperadas depois que o Exército ameaçou ocupar comunidades controladas pelo Comando Vermelho no Rio. No dia 19 de outubro, bandidos abandonaram quatro metralhadoras calibre .50 e outras quatro calibre 7,62 mm em um carro na favela Gardênia Azul, na zona oeste do Rio. No dia 21 de outubro, outras cinco armas de calibre .50 e quatro 7,62 mm foram recuperadas depois que bandidos ligados ao PCC abandonaram as armas na área próxima ao poço profundo Mombaça, da Sabesp, em São Roque, na Grande São Paulo.

A investigação do caso levou ainda à punição disciplinar em São Paulo de 19 militares – 16 dos quais oficiais – em razão da negligência ou falha na guarda das armas no arsenal. Eles receberam punições de um a 20 dias de prisão. O Exército ainda não decidiu se deve ou não abrir conselho de justificação para expulsar eventuais acusados. Outros seis tiveram a prisão preventiva pedida pelo CMSE à Justiça Militar, que ainda não se decidiu.

O principal suspeito de ter articulado o furto das armas é o cabo Vagner Tandu. Ele trabalhava como motorista do comandante da unidade, o tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista, que foi afastado do cargo por ordem do comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva.

De acordo com policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que auxilia nas investigações, dois civis são suspeitos de terem negociado as metralhadoras furtadas do Exército em São Paulo. São eles: Alexandre Cardoso, de 41 anos, conhecido como Gordo, e Messias Barbosa de Pádua, o Velho, de 60 anos. Velho seria o chefe do tráfico na Vila Galvão, onde foram cumpridas os mandados de busca e apreensão. O general afirmou que não podia dizer se Velho foi um dos alvos das buscas.

*Com informações do g1 RJ e da Agência Estado

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