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Publicado em 4 de junho de 2025 às 19:02
- Atualizado há 6 meses
Imagens de uma câmera de segurança obtidas por A Gazeta mostram um policial militar dando um soco no rosto de um jovem de 24 anos durante abordagem em João Neiva, Norte do Espírito Santo. O vídeo foi registrado no bairro Floresta, na última segunda-feira (2), e mostra o abordado aparentemente com os braços e mãos juntos ao corpo enquanto fala com o PM, e, em seguida, o militar dá o soco, seguido de um chute. Já no chão, o homem é imobilizado e algemado. >
Segundo o boletim de ocorrência, a equipe da Força Tática recebeu informações de que suspeitos ligados ao tráfico de entorpecentes nos bairros Floresta e Cruzeiro estariam em posse de arma de fogo nos becos da região. No documento, os PMs relatam que alguns populares abordaram a equipe para informar sobre os fatos e afirmaram que três homens são vistos com frequência armados e em posse de drogas na localidade.>
Segundo a versão da Polícia Militar, diante das informações recebidas, a equipe se deslocou ao local para localizar os suspeitos e averiguar a situação. Durante patrulhamento pelo bairro, entre ruas e becos, enquanto realizavam uma incursão a pé no Beco da Rua Jacarandás, ao passarem em frente à residência de um dos três homens apontados como frequentadores armados da região, os policiais relataram ter notado duas gaiolas com pássaros silvestres (coleiros), sem anilhas de identificação que comprovassem a legalidade da posse.>
Ainda segundo os PMs, ao tentarem contato com o responsável pelo imóvel através do portão, avistaram um pino de cocaína no chão, próximo a um vaso de planta. O padrasto do suspeito, que inicialmente se apresentou como responsável pela residência, teria autorizado a entrada da equipe para verificação das demais áreas do imóvel. Durante a busca, o homem apontado nas denúncias chegou ao local e assumiu a posse tanto do pino de cocaína quanto dos pássaros silvestres mantidos de forma irregular.>
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Na residência, mais especificamente no quarto do suspeito, os policiais afirmam ter encontrado, dentro de uma pequena bolsa sobre a cama, uma munição calibre 9 mm intacta. O suspeito foi informado de que estaria sendo detido em razão do material ilícito encontrado, sendo comunicado de seus direitos e garantias fundamentais, inclusive o de permanecer em silêncio.>
De acordo com a versão apresentada pelos policiais no boletim, enquanto a equipe ainda estava na residência do homem apontado como um dos três que supostamente usariam armas com frequência nas ruas, apareceu outro indivíduo que, segundo os PMs, “afrontou a equipe policial”. No documento, os agentes afirmam que ele desobedeceu à ordem legal para não ultrapassar a área de atuação estabelecida, adentrando a zona delimitada como de segurança, desacatando os policiais com xingamentos e acusando-os de agredir o primeiro suspeito.>
Ainda conforme os policiais, o homem teria feito “gestos depreciativos com a intenção de humilhar os agentes estatais” e teria cuspido na direção da equipe, afirmando: “Esses merdas estão agredindo ele lá!”, além de proferir palavrões e declarar que iria “ligar para a advogada”. Diante da conduta, a equipe se dirigiu até o indivíduo, que, ao parar em frente a uma residência, foi informado de que sua atitude configurava crime e que ele seria detido.>
Segundo o relato dos policiais, o homem manteve “postura rude”, desdenhou dos agentes e afirmou que “não seria detido de forma alguma”. Mesmo advertido sobre o possível uso de força em caso de recusa, ele não teria acatado nenhuma das ordens. Neste momento, os policiais alegam que foi necessário fazer uso progressivo da força para imobilizar e deter o suspeito. Durante a abordagem, ainda segundo o boletim, caiu do bolso do homem um cigarro de maconha, que foi recolhido e apreendido.>
Tanto o suspeito abordado na residência quanto o homem que chegou posteriormente e teria insultado os policiais foram conduzidos para a Delegacia de Aracruz.>
A Polícia Civil informou que um dos jovens de 24 anos, conduzido à Delegacia Regional de Aracruz, "foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, por posse de droga para consumo próprio e, por utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida. Ele foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória (CDP)". >
Já o segundo, também de 24 anos, que aparece no vídeo sendo agredido pelo PM, assinou um termo circunstanciado (TC) por desacato, e foi liberado após assumir o compromisso de comparecer em juízo. A Gazeta apurou que o rapaz encaminhado ao sistema prisional recebeu liberdade provisória nesta quarta-feira (4), após passar por audiência de custódia. >
A Polícia Militar informou que reitera "seu compromisso com a transparência" e acrescentou que 'já está tomando as providências necessárias para investigar a conduta do policial militar relacionado à ocorrência'. Questionada sobre a identificação do militar, a corporação não forneceu o nome dele. >
A reportagem de A Gazeta procurou a Associação das Praças da Polícia e Bombeiro Militares (Aspra) para se pronunciar sobre o caso. A entidade enviou uma nota (leia na íntegra ao final do texto), e um vídeo do presidente da Aspra, Eugênio Silote, afirmando que a gravação publicada teria sido editado e tirado de contexto a ação dos policiais. Veja abaixo:>
Aspra | Nota na íntegra
Primeiro, precisamos destacar que as imagens que estão repercutindo são editadas e tira de contexto a ação dos policiais. Outro ponto que devemos destacar também é que o cidadão detido tem diversas passagens policiais, entre elas o descumprimento de medida protetiva, adulteração de chassis. Naquele momento, ele atrapalhava a ação policial e colocava em risco não somente os militares, mas terceiros que acompanhavam a ocorrência.
O uso progressivo da força é legítimo e foi utilizado da forma correta pelos nossos militares, que tem a discricionariedade da utilização, não somente do uso progressivo da força, mas dos meios necessários para fazer qualquer tipo de detenção e naquele momento foi utilizado da forma correta. Tanto que após a imobilização, cessa o uso da força.
Reforçamos que a Aspra vem acompanhando o caso de perto e quer aqui parabenizar a todos os policiais militares envolvidos nessa ocorrência pelos serviços que vem prestando ao município de Aracruz e região, combatendo o crime organizado, combatendo essas pessoas que são ligadas ao tráfico de entorpecentes e que insistem em aterrorizar o cidadão de bem e afrontar as forças policiais.
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