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MPF denuncia sete pessoas por tráfico de animais silvestres em reserva no ES

MPF denuncia sete pessoas por tráfico de animais silvestres em reserva no ES

Os envolvidos foram acusados por associação criminosa, receptação qualificada e dano direto a uma unidade de conservação federal

Publicado em 17 de junho de 2025 às 16:25

Aves que haviam sido caçadas ilegalmente em Sooretama
Aves que haviam sido caçadas ilegalmente em Sooretama Crédito: Divulgação/MPF-ES

Ministério Público Federal (MPF) denunciou sete pessoas envolvidas em um esquema de caça ilegal e tráfico de animais silvestres na reserva biológica de Sooretama, no Norte do Espírito Santo. Os envolvidos foram acusados por associação criminosa, receptação qualificada e dano direto a uma unidade de conservação federal. A denúncia foi recebida pela Justiça na última quinta-feira (12) e os réus foram intimados a responder às acusações no prazo de dez dias.

A denúncia aconteceu no âmbito da Operação Aveas Corpus, da Polícia Federal. De acordo com o MPF, a organização criminosa era investigada desde outubro de 2020, quando um agricultor foi preso em flagrante com oito filhotes e dois ovos de papagaio-chauá (uma espécie ameaçada de extinção), dois filhotes de sofrê e um jabuti, encontrados na casa onde ele morava.

O indivíduo foi identificado como principal articulador do esquema no Espírito Santo e foi preso ainda pela segunda vez, em 2021, com mais vinte filhotes de papagaios-chauá, crime que deu origem a outra ação penal em tramitação na Justiça Federal. Apesar das prisões, conforme o MPF, a caça e o comércio ilegal continuaram e eram praticados de forma prolongada e sistemática, ameaçando espécies em risco de extinção.

Como funcionava o esquema

Conforme aponta o MPF, o principal alvo da organização era a caça de papagaios, também eram retirados da reserva outros animais como periquitos, corujas, coleirinhos, trinca-ferros, sofrês, filhotes de macaco-prego e jacarés.

As investigações apontaram que o agricultor coordenava a caça e a coleta de animais e também intermediava a venda para uma rede de contatos. Ele contava com a ajuda de mais dois homens no Espírito Santo:

  • Um marceneiro, considerado um “braço direito”, que atuava na caça e no aliciamento de caçadores, chegando a encomendar filhotes de macaco-prego; 
  • e outro agricultor mais jovem, sobrinho do articulador, que operava como “substituto” ou “assessor”, realizando entregas e mantendo contato com compradores.

No Rio de Janeiro, um servidor público e a esposa atuavam como os principais compradores e distribuidores. O transporte dos animais ficava a cargo de outros dois homens, sendo um deles um motorista profissional. Um desses transportadores já havia sido preso anteriormente com quase 250 papagaios.

Ave em extinção

Segundo o MPF, a caça ilegal sistemática causou um dano direto à reserva biológica, resultando na diminuição da população de espécies ameaçadas, como o papagaio-chauá. Foi verificado ainda que as comunicações entre os criminosos demonstraram preocupação com a crescente dificuldade de encontrar ovos e filhotes das aves em declínio populacional.

O procurador da República, André Pimentel Filho, pede que a denúncia seja acolhida pela Justiça Federal e que os acusados sejam condenados pelos crimes.

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