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Publicado em 7 de junho de 2022 às 13:42
- Atualizado há 4 anos
O inquérito que apurava a morte do jovem Weliton Silva Dias, de 24 anos, no dia 2 de abril de 2022, na Grande São Pedro, após disparos efetuados por um policial militar, foi concluído. O relatório apontou indícios de crime de natureza militar e transgressão da disciplina. A informação foi confirmada em primeira mão na manhã desta terça-feira (7) por A Gazeta. >
Conforme consta no boletim de ocorrência, os policiais envolvidos nessa ação foram identificados como cabo Sandro Frigini — que teria atirado no Weliton — e o soldado Victor Fagundes de Oliveira. Eles estão afastados das ruas e de funções administrativas na corporação. A reportagem de A Gazeta entrou em contato com a defesa dos citados e aguarda um retorno. >
A corporação ressaltou que o inquérito “foi concluído dentro do prazo previsto em Lei e o relatório apontou indícios de crime de natureza militar e transgressão da disciplina por parte dos policiais militares que atuaram na ocorrência”. >
No dia seguinte ao crime, o secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, coronel Márcio Celante Weolffel, falou sobre o ocorrido no bairro São José. Celante destacou que as investigações seriam concluídas em 60 dias e os militares afastados cautelarmente.>
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“Nós determinamos ao comandante-geral da Polícia Militar a instauração do inquérito policial militar para averiguação e investigação de todas as circunstâncias do fato ocorrido na data de ontem, também o recolhimento das armas dos policiais militares para que faça parte das apurações e o afastamento preventivo cautelar dos policiais militares das atividades operacionais, para que no prazo de 60 dias nós tenhamos a conclusão dessas investigações”, afirmou à época. >
Agora, o inquérito será encaminhado à Justiça e a Polícia Militar irá instaurar Procedimento Administrativo, para julgar a conduta disciplinar dos policiais militares, que seguem afastados das atividades policiais.>
Presidente da Associação dos Cabos e Soldados (ACS), o cabo Eugênio afirmou que os militares continuam sendo assistidos e ressaltou que eles possuem "excelente prestação de serviços à sociedade". "Nós acreditamos na absolvição dos policiais e iremos representá-los até as últimas instâncias", disse.>
"Temos ciência de que as imagens são fortes, porém mostram que o militar agiu abarcado por excludentes legislativas, uma vez que o indivíduo (jovem morto) tentou pegar a metralhadora que estava na bandoleira", argumentou, reforçando o posicionamento já defendido pela associação anteriormente.>
Weliton da Silva Dias, de 24 anos, foi morto na Rua Quatro de Janeiro, conhecida como Beco da Sorte, na Grande São Pedro, em Vitória, no dia 2 de abril de 2022. >
Companheira de Weliton há nove anos, uma manicure que preferiu não ser identificada, contou à reportagem que existe um ponto comercial que vende bebidas no Beco da Sorte e que ele estaria no local, aguardando a saída dela do trabalho, para irem jantar e ficar juntos do filho de 6 anos. >
Já o irmão da vítima, que também pediu para não ser identificado, disse que "quando ele [Weliton] entrou no beco, o policial foi atrás” e, ao levantar a camisa e as mãos, o policial, atirou. O boletim de ocorrência descreve que o patrulhamento estava na Rua Apóstolo São Paulo, um "local de intenso tráfico de entorpecentes e crimes contra a vida", quando um indivíduo foi avistado portando "armamento em bandoleira". >
Naquele momento, o suspeito teria ido em direção a um beco. No acompanhamento, um dos policiais, identificado como Sandro Frigini, "visualizou o indivíduo fazendo movimento que levava a crer que atiraria contra o militar" e, para se proteger, efetuou dois disparos. "Como o indivíduo caiu no chão, foi possível se aproximar do agressor de modo a recolher o armamento que estava em posse dele".>
Nessa hora, o boletim diz que o policial "percebeu que a arma estava em bandoleira, sendo necessário cortá-la para retirar a arma do infrator". O registro traz dois momentos em que o militar teria percebido que o suspeito estava armado e usando uma bandoleira: uma no início da abordagem e outra depois dos disparos. >
O socorro ao Weliton Dias da Silva também teria sido prestado por um "grupo de pessoas", levando-o ao Pronto Atendimento de São Pedro. De acordo com a família, Weliton não tinha envolvimento com o tráfico de drogas, mas chegou a ficar preso em 2019. "Ficou nove meses injustamente atrás das grades. Os policiais nunca apareciam nas audiências e o processo acabou arquivado", garantiu a companheira. >
A Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), por sua vez, informou, à época, que ele tem oito passagens pela polícia, entre os anos de 2012 e 2019. Entre os crimes estão: porte ilegal de arma de fogo, ameaça, desacato ou resistência à ação policial e tráfico de entorpecentes.>
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