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Linhares é a cidade com mais registros de violência contra a mulher no ES

Linhares é a cidade com mais registros de violência contra a mulher no ES

De acordo com dados da Polícia Civil, foram 604 ocorrências de janeiro a abril deste ano. No mesmo período, em todo o Estado, foram 4.774 registros

Publicado em 24 de maio de 2021 às 12:03

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Violência contra a mulher
Violência contra a mulher. (Divulgação)

Linhares, no Norte do Espírito Santo, é o município capixaba com o maior número de boletins de ocorrência de violência contra a mulher registrados em 2021. De acordo com dados das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), foram 604 de janeiro a abril.

Nos últimos quatro meses, em todo o Espírito Santo, foram feitos 4.774 boletins sobre o tema, uma média de 39 por dia. Destes, 604 correspondem a Linhares, que está à frente de todos os municípios capixabas. 

  • Índices de 2021:
  • Linhares: 604;
  • Vila Velha: 475;
  • Colatina: 473;
  • Serra: 416;
  • Cariacica: 383;
  • Vitória: 234;
  • Cachoeiro de Itapemirim: 157.

Além de ser a cidade com mais denúncias em 2021, Linhares fechou o ano passado com o maior número de boletins de violência contra a mulher registrados no Estado.

Índices de 2020:
Linhares: 1.481;
Vila Velha: 1.453;
Colatina: 1.388;
Serra: 1.250;
Cariacica: 1.109;
Cachoeiro: 664;
Vitória: 627.

TIPOS DE DENÚNCIAS MAIS COMUNS

Em conversa com a reportagem da TV Gazeta Norte, a delegada responsável pelos casos de violência contra a mulher em Linhares, Silvana Paula Soeiro, afirmou que as denúncias mais comuns são de injúria, quando há o xingamento e ofensa ao decoro da mulher, lesões e ameaças de morte.

Segundo a delegada, no caso de Linhares, os altos índices podem estar ligados ao estilo patriarcal da sociedade.

"Linhares é uma cidade que tem um lado rural. É uma sociedade patriarcal, onde o homem acha que tem um domínio sobre a mulher. É uma característica de todo o Estado, do país, do mundo. Antigamente, o homem era o ser que dominava, mas depois da 2ª Guerra Mundial, a mulher ascendeu no campo do trabalho", disse.

PREVENÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS

Ainda de acordo com a delegada, o Espírito Santo saiu do primeiro lugar no Brasil no índice de violência doméstica, mas ainda possui números altos, e para diminuí-los, é necessário investir em prevenção e políticas públicas.

"Estamos entre os primeiros ainda e vemos que os números são muito elevados. É necessário, não apenas o trabalho da polícia, mas um trabalho mais eficaz de prevenção e de políticas públicas do poder Executivo, para que possa, de fato, ter uma diminuição desses números. É preciso um pouco mais de empenho dos governantes e dos municípios, ir até as escolas, igrejas, os lugares em que as famílias estejam, para falar de como deve ser o ambiente da família", explicou.

IMPORTÂNCIA DA DENÚNCIA

Para a delegada, é fundamental que as mulheres denunciem na delegacia as agressões e, caso tenham medo, utilizem o Disque 100.

"Ela pode vir à polícia denunciar, ou utilizar o Disque 100, se tiver medo, ou o 190, caso a situação esteja ocorrendo. Pode pedir uma medida protetiva. É importante fazer isso em vida, para que a vida dela seja preservada. É importante também retirar a culpa sobre manter um casamento. O casamento é feito a dois, entre o homem e a mulher. Ela não pode se sentir culpada, caso não esteja dando certo", afirmou.

ACOLHIMENTO DE MULHERES VIOLENTADAS NO MUNICÍPIO

Em Linhares, o atendimento e acompanhamento de mulheres vítimas de violência doméstica é feito pela Secretaria de Assistência Social (Semas), por meio do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).

Segundo informações da Semas, as mulheres são acolhidas pela equipe técnica que as auxiliam na Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (Paefi), onde recebem o atendimento necessário para as demandas apresentadas, seja em relação à saúde, educação ou assistência social, sempre com o objetivo de superar a situação de violência.

Ainda de acordo com a secretaria, até o primeiro semestre de 2020, o Creas promovia um grupo de atendimento psicossocial para as mulheres violentadas, no entanto, por conta da pandemia, o atendimento passou a ser realizado individualmente, para evitar aglomerações.

*Com informações de Eduardo Dias, da TV Gazeta Norte

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