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Jogador do sub15 morto no ES: vítima deu tiro acidental e amigo alterou cena

Jogador do sub15 morto no ES: vítima deu tiro acidental e amigo alterou cena

Polícia Civil concluiu inquérito e divulgou o que apontaram as investigações sobre a morte de Murilo Costa Félix Oliveira, de 14 anos, em Cariacica, em setembro deste ano

Publicado em 19 de dezembro de 2024 às 11:58

 Polícia Civil concluiu inquérito e titular da Delegacia Especializada de Adolescentes em Conflito com a Lei (Deacle), delegado Fábio Pedroto, deu detalhes sobre o que ocorreu no dia da morte do adolescente

Polícia Civil do Espírito Santo concluiu o inquérito sobre a morte de Murilo Costa Félix Oliveira, de 14 anos, atingido com um tiro na cabeça quando manuseava uma arma de fogo com um amigo, de 15 anos, no dia 21 de setembro deste ano, na casa do colega, em Cariacica. O rapaz morreu no dia 26, após cinco dias internado. As investigações apontaram que o disparo foi realizado de forma acidental pela própria vítima. A Polícia Civil aponta que houve negligência do adolescente e omissão de cautela dos pais dele. O adolescente e os pais dele respondem em liberdade.

O amigo de Murilo, que não foi identificado por ser menor de idade – conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (Ecriad) – foi apreendido após o fato. Segundo a Polícia Civil, o disparo foi efetuado pela mão direita de Murilo, a uma curta distância. A arma era do pai do adolescente de 15 anos, e o homem não estava na residência no momento do disparo. Ainda segundo a corporação, o menor tinha livre acesso à arma do pai, que estava em um cofre. O proprietário não tinha autorização para ter a arma.

Murilo Costa Felix Oliveira, de 14 anos, estava na casa de um amigo quando disparo aconteceu
Murilo Costa Felix Oliveira, de 14 anos, estava na casa de um amigo quando disparo aconteceu Crédito: Reprodução

Em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (19), a Polícia Civil deu detalhes sobre o crime, informando, inclusive, que o adolescente de 15 anos e os pais responderão pelo crime em liberdade.

Principais informações divulgadas pela Polícia Civil:

  • Depoimentos: 20 pessoas foram ouvidas durante a investigação. Ao longo da apuração, algumas foram ouvidas mais de uma vez, totalizando 24 oitivas
  • Vítima efetuou disparo: inicialmente, boletim de ocorrência indicava a possibilidade de o adolescente de 15 anos ser o suspeito de disparo. A conclusão aponta que o tiro foi disparado pela vítima. Tiro foi disparado pela mão direita. Bala entrou do lado da cabeça e saiu do outro lado. Lesão aponta que disparo foi a curta distância
  • Suicídio descartado: a Polícia Civil descarta que tenha havido suicídio. O tiro foi disparado de forma acidental, segundo a corporação
  • Amigo municiou arma: o adolescente de 15 anos abriu o cofre e pegou a arma do pai. Ele retirou as munições e passou a gravar vídeos e mandar para os colegas. Murilo estava sentado. Pouco tempo depois, o menor voltou a municiar a arma. Murilo não sabia que a arma estava com munição no momento em que a pegou 
  • Demora para acionar socorro: o menor de 15 anos demorou mais de 15 minutos para acionar do socorro após Murilo ser atingido pelo disparo. Ele teria alterado a cena do crime e retirado objetos do local
  • Arma era ilegal: o pai do adolescente de 15 anos não tinha autorização para ter a arma 
  • Por que homicídio culposo? O adolescente de 15 anos foi indiciado por ato infracional análogo ao crime de homicídio culposo, omissão de socorro e fraude processual. A autuação por crime análogo a homicídio culposo, mesmo ele não tenha sido o autor do disparo que atingiu o amigo, o tiro aconteceu, segundo o delegado Fábio Pedroto, em decorrência do comportamento do jovem. Ele explicou que para ser indiciado por homicídio culposo o adolescente não precisa, necessariamente, ter atirado. Neste caso, o comportamento dele causou a morte de Murilo.

Na avaliação do titular da Delegacia Especializada de Adolescentes em Conflito com a Lei (Deacle), Fábio Pedroto, a investigação da Polícia Civil mostrou que houve negligência por parte do adolescente de 15 anos. Isso porque, conforme apontado pela corporação, ele foi o responsável por retirar a arma do cofre, tirar e colocar as munições, deixando o item sobre a mesa. A vítima do disparo foi classificada pelo delegado como um "exemplo de adolescente".

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"Eles estavam brincando com a arma e gravando vídeos, mas a arma estava sem munição. O adolescente voltou a colocar as munições e deixou a arma sobre a mesa. Foi neste momento que Murilo, sem saber que a arma estava municiada, realizou o disparo. Houve negligência e, por isso, o adolescente foi indiciado. Ele teve total responsabilidade. Murilo foi induzido ao erro"

Fábio Pedroto

Delegacia Especializada de Adolescentes em Conflito com a Lei (Deacle)

Ainda conforme o delegado, não há qualquer indício de suicídio, ou seja, que Murilo tenha feito o disparo de forma proposital. Segundo a Polícia Civil, a arma que pertencia ao pai do adolescente era de uma pessoa que já morreu. O item, portanto, não era autorizado.

Após o disparo, segundo o delegado Fábio Pedroto, o adolescente demorou cerca de 15 minutos para acionar a polícia e chegou a alterar a cena do crime, retirando e mudando objetos de lugar.

Polícia Civil informou sobre os indiciamentos de cada um dos envolvidos:

  • Adolescente de 15 anos: indiciado por ato infracional análogo ao crime de homicídio culposo, omissão de socorro e fraude processual
  • Pai do adolescente de 15 anos: Indiciado por omissão de cautela e posse ilegal de arma de fogo
  • Mãe do adolescente de 15 anos: Indiciada por omissão de cautela
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