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Há 21 anos, advogado trabalhista morreu após sofrer atentado em Guarapari

Há 21 anos, advogado trabalhista morreu após sofrer atentado em Guarapari

Disparos foram feitos contra advogado que acabava de sair de uma audiência na cidade; na última sexta-feira (09) uma advogada em Iúna, Sul do Estado, também foi vítima de 9 disparos feitos contra a sua casa, mas não se feriu

Publicado em 11 de abril de 2021 às 20:40

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Atentado em casa de advogada em Iúna, Sul do ES
Marcas de tiro em vidro após atentado contra casa de advogada em Iúna, no Sul do Estado. (Divulgação)

Há mais de duas décadas, um advogado trabalhista foi morto no Espírito Santo em decorrência do exercício de sua profissão. Em 30 de março de 2000, Durval Santos Cardoso, 49 anos, foi assassinado por volta das 18 horas, quando saía de uma audiência trabalhista na Junta de Conciliação e Julgamento de Guarapari

Na última sexta-feira (09), a advogada trabalhista  Elzeni da Silva Oliveira, de 56 anos, teve a casa alvejada por 9 tiros, na cidade de Iúna, Sul do Estado. Ela, o marido e a neta de 7 anos estavam no local na hora do crime, mas não se feriram.

No caso de Guarapari, os disparos foram feitos pelo motorista de um Monza, de cor preta, que fugiu do local. Um comerciário que acompanhava o advogado foi baleado de raspão nas costas. “Eu me abaixei e não fui atingido. Mas acho que o alvo era só o advogado, porque ele não atirou contra mim”, declarou a testemunha, à época, após ser atendido em hospital da cidade.

Durval Cardoso carregava uma pasta executiva com documentos e estava se aproximando do seu carro, um Tempra, quando foi baleado. Seu corpo ficou caído no meio da rua.

MEDO E DESESPERO

Naquele dia, o também advogado trabalhista Alexandre Zamprogno tinha participado da mesma audiência  com Durval. “Foi uma audiência longa, que durou mais de 3 horas. Saímos juntos, conversando. Nos despedimos no meio da rua, me virei, dei três passos indo na direção contrária a ele, quando ouvi os tiros. Estava acompanhado com um cliente e corremos em direção ao prédio da Justiça do Trabalho, onde nos abrigamos”, conta.

Logo depois veio a informação que uma pessoa tinha sido morta. Era o Durval. “Ele morreu com tiros à queima-roupa, no rosto e peito. Tinha acabado de me despedir dele. Fiquei no local aguardando a polícia e o rabecão chegarem”, relata.

De acordo com Zamprogno, Durval morreu após obter êxito em uma ação judicial. “Ele fez a execução de um processo de execução de bens, envolvendo um sítio ou fazenda, em um município do interior. Morreu por conta da profissão”, conta.

Duas décadas depois, observa Zamprogno, o mesmo artifício foi utilizado contra a advogada Elzeni da Silva Oliveira, de 56 anos. “Acho que faz parte de uma instabilidade que vivemos, com as próprias instituições não funcionando. E em paralelo você tem o porte de armas sendo banalizado, é assustador. E não pensem que somente as pessoas de bem vão ter acesso a armas. O que nos mostra a importância de se garantir a advocacia, segurança para que tenhamos voz, uma voz que representa a sociedade”, assinala.

ATENTADO EM IÚNA

Elzeni da Silva Oliveira, de 56 anos, estava em casa  quando ocorreram os disparos. Eles atingiram a varanda e a porta de vidro da sala do apartamento, ao lado do sofá onde ela, o marido e a neta de 7 anos estavam deitados, assistindo a um filme. Ninguém saiu ferido.

“Foi tudo muito rápido e um grande desespero. Minha neta ficou apavorada. Só não morremos porque estávamos deitados no sofá, mas, sinceramente, tive a sensação da morte. Achei que fosse morrer. Agora estou mais tranquila”, relatou.

Ela, que atua na área trabalhista, mora no Centro de Iúna. Sua casa fica a poucos metros da sede do Ministério Público do Estado (MPES) e ainda do Fórum de Justiça da cidade. Pouco antes do atentado, uma viatura da Polícia Militar estava estacionada na rua.

Segundo testemunhas, dois homens com capacetes, em uma moto Bros 160, na cor preta, passaram quatro vezes na rua em frente a seu apartamento. E só retornaram a última vez após a viatura deixar a rua. Foi quando o carona disparou nove vezes contra a residência da advogada e fugiu do local pela contramão da via.

De acordo com Elzeni, o atentado tem relação com ações trabalhistas que moveu na Justiça estadual há 6 anos. “Não tenho nenhum (problema) pessoal”, acrescentou. Sem revelar nomes, relata que já tinha sido ameaçada antes do atentado. A suspeita recai sobre supostos empresários que foram alvo das ações trabalhistas. “Mas recentemente houve decisões favoráveis a ação em segunda instância”, explicou.

O QUE DIZ A POLÍCIA CIVIL

Em relação ao caso dos tiros disparados contra a casa da advogada Elzeni, a Polícia Civil informou, por nota, que a residência já foi periciada, imagens de videmonitoramento foram coletadas e que a advogada prestou depoimento. E que as investigações estão em curso. Segue a íntegra da nota:

A Polícia Civil informa que o caso está sob investigação e diligências foram iniciadas assim que a PCES tomou conhecimento do fato. A residência da vítima foi periciada, imagens de videomonitoramento coletadas e a advogada prestou depoimento na Delegacia Regional de Venda Nova do Imigrante. Detalhes dos levantamentos não serão divulgados para preservar a investigação. A Polícia Civil destaca que a população tem um papel importante nas investigações e pode contribuir com informações de forma anônima através do Disque-Denúncia 181, que também possui um site onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas, o disquedenuncia181.es.gov.br. O anonimato é garantido e todas as informações fornecidas são investigadas."

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