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Família narra dor e regressão de jovem autista após cão ser morto por PM no ES

Família narra dor e regressão de jovem autista após cão ser morto por PM no ES

Andre Luis Avelar, tutor de Churros, fez relato sobre como está o filho de 20 anos – que é autista – está após o cachorro ser morto a tiro por PM aposentado na Praia do Morro, em Guarapari

Publicado em 14 de setembro de 2023 às 19:03

Ícone - Tempo de Leitura 3min de leitura
Mikaella Mozer
Repórter / [email protected]

“Ele regrediu quatro anos da vida dele em três dias. Não quer estudar, vive trancado no quarto e dorme com a coleira do cachorro”. Esse é o relato de Andre Luis Avelar, tutor de Churros, sobre como está o filho João, de 20 anos – que é autista – após o cachorro da raça Golden Retriever ser morto a tiro pelo policial militar aposentado Anderson Carlos Teixeira, no último sábado (9), na Praia do Morro, em Guarapari.

O depoimento ocorreu durante oitiva da CPI dos Maus-Tratos contra os Animais, realizada na noite de quarta-feira (13) na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, para apurar o caso. Durante a sessão, André mostrou preocupação sobre como a ausência do cachorro afeta toda a família.

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Ele (filho dele) tem autismo moderado e nesses três anos que Churros viveu com a gente meu filho mudou de 'status'. Ele só vivia trancado no quarto, não saia, não se comunicava. O João começou a sair, ia buscar as crianças na escola com o cão, agora voltou tudo

Andre Luis Avelar
Tutor do Golden Retriever Churros
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No momento do disparo na barriga de Churros estavam Iasmin Lima Peçanha Avelar, de 32 anos, que também depôs, junto dos irmãos dela – uma criança de nove e outra de 12 anos – e um bebê de um ano. A influenciadora digital contou que o clima da casa mudou e se sente culpada pelas crianças terem passado pela situação.

Segundo Avelar, Churros era presente na vida de todos, ele ia buscar as crianças na escola ao lado de parentes, todos passeavam com o cão e a falta é um ‘buraco’ na residência. Principalmente por acreditarem que ele ia sobreviver.

Eles perceberam que a situação não era a que pensavam quando chegaram à clínica veterinária e as luzes estavam apagadas. Nesse momento o médico veterinário informou que, infelizmente, Churros não havia sobrevivido.

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A casa não é a mesma coisa sem ele, não tem alegria do cachorro, as crianças acordam em uma tristeza enorme

Iasmin Lima Peçanha Avelar,
Influenciadora Digital
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O Golden Retriever, Churros
O Golden Retriever, Churros. (Acervo Pessoal)

Família pediu para PM não atirar

Nas câmeras de videomonitoramento se vê o cachorro indo até o policial e voltando. Ao explicar a situação, Iasmin informou que assim que Churros encostou em Alexandre, o esposo dela pediu desculpas e chamou o animal.

Ao ouvir o chamado, a influenciadora fala que o animal começou a retornar a família, mas voltou até o subtenente aposentado quando ele levantou as mãos. Para Iasmin, o animal entendeu que ia apanhar, por isso voltou. Quando tudo aconteceu, ele já pegou a arma e apontou para o cachorro enquanto ele estava perto das crianças. Em depoimento à CPI dos Maus-Tratos contra os Animais, Iasmin contou que todos pediram para ele não apertar o gatilho, entretanto ele não escutou.

Após o tiro, Iasmin pediu para a irmã de 12 anos voltar para casa e falar com o pai para preparar a ida ao hospital veterinário. No momento em que chegou na residência, tudo ficou manchada de sangue, de acordo com relatos da influenciadora.

“Ali as crianças começaram a ter noção da situação e começaram a ficar desesperadas. Onde ele encostava sujava com sangue”, lamentou.

Tomou banho e confessou

Para não perder Alexandre de vista, o esposo de Iasmin acompanhou de longe até o local que ele entraria. Enquanto ele vigiava, Iasmin encontrou uma viatura passando pela rua e juntos foram até o prédio onde o policial aposentado entrou.

Ao descer até o hall, ele estava com roupas diferentes e de banho tomado. Iasmin falou que ele falou aos policiais que tomou banho depois de ter suado ao caminhar na praia. ”Veio com cara de paisagem e ao ser perguntado se ele deu o tiro no cachorro ele só disse ‘sim’”.

A família espera por justiça, pois está enfrentando o momento delicado e tentando assimilar a perda repentina, principalmente com os mais novos e João. "Parece que quando ele (João) recebeu a notícia que o cachorro morreu, ele morreu junto. Estamos todos em uma situação bem complicada”.

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