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Comediante do ES aparece nua em fotos manipuladas e denuncia deepfake

Comediante do ES aparece nua em fotos manipuladas e denuncia deepfake

Paula Barreto, de 30 anos, moradora de Marataízes, denunciou que criminosos usaram fotos suas para criar uma montagem falsa

Publicado em 26 de junho de 2025 às 08:35

Paula Barreto, influencer e comediante de Marataízes
Paula Barreto, influencer e comediante de Marataízes Crédito: Acervo pessoal

"A gente acha que só acontece em filme e série. A gente nunca está preparado. A minha avó de 80 anos acreditaria na imagem". Esse foi o desabafo da influenciadora e comediante Paula Barreto, de 30 anos, moradora de Marataízes, no Sul do Espírito Santo.Ela foi vítima de deepfake em que criminosos usaram fotos suas já existentes para criar uma montagem falsa simulando que a publicitária estava nua.

O caso aconteceu em fevereiro deste ano e ainda é investigado pela Delegacia de Polícia da cidade. Ninguém foi preso até a última atualização desta reportagem.

Deepfake é uma técnica que utiliza inteligência artificial (IA) para manipular imagens, vídeos ou áudios, criando conteúdos falsos que parecem reais. Com ela, por exemplo, é possível trocar o rosto de uma pessoa em um vídeo por outro, alterar expressões faciais, movimentos labiais e até modificar o que a pessoa aparenta estar dizendo.

O material falso é criado a partir de conteúdos verdadeiros da pessoa, que são modificados por meio de aplicativos ou programas de edição que já existem no mercado.

Um dos usos mais preocupantes dessas ferramentas é justamente a criação de vídeos pornográficos com o rosto de outras pessoas, e também na política, principalmente durante campanhas eleitorais.

Pessoa mexendo no celular
Pessoa mexendo no celular Crédito: Reprodução/TV Gazeta

A descoberta

Paula é publicitária e trabalha como humorista fazendo shows de stand up pela cidade. A mulher descobriu sobre as imagens falsas quando foi abordada por um homem nas redes sociais.

Recebi uma mensagem no meu direct de um rapaz que me seguia e mora na mesma cidade que eu. Ele mandou as imagens alteradas, de prints de vídeos onde apareço, só que removeram minhas roupas com Inteligência Artificial. Ele tentava brincar com a situação, debochava, perguntou se eu era assim como nas fotos, e ficava falando a todo momento que era para eu mandar fotos comprovando que não era eu

Paula Barreto

Influenciadora e comediante

Durante a conversa, o homem não a ameaçou nem chantageou por ter as imagens, mas a publicitária ficou com medo do que ele poderia fazer com o conteúdo falso.

Paula Barreto, influencer e comediante de Marataízes
Paula Barreto, influencer e comediante de Marataízes Crédito: Acervo pessoal

"Foram imagens que me chocaram muito porque não era eu. Imediatamente, a primeira coisa que eu pensei foi abrir o Instagram, gravar alguns stories falando que se alguém recebesse não repassasse. Eu sabia que era crime repassar essas imagens", narrou.

Em seguida, a influencer procurou uma advogada e foi até a delegacia registrar um Boletim de Ocorrência. A última atualização que a vítima teve sobre o caso é que uma pessoa seria ouvida. A Polícia Civil foi procurada e informou apenas que o caso segue sob investigação da Delegacia de Marataízes e que nenhuma outra informação seria repassada.

"Estou fazendo acompanhamento psicológico e psiquiátrico, tomando remédio para conseguir dormir. Tive muita ansiedade e pânico. Não sei se vão achar a pessoa, se a pessoa está dormindo tranquilamente. Eu tenho filha, então muita coisa passou pela minha cabeça", pontuou.

Dados no ES

Conforme a Secretaria de estado de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), até maio deste ano, o estado registrou 1.131 crimes informáticos. De 2023 para 2024, houve um aumento de quase 30% dos casos. Crimes informáticos são aqueles cometidos por meio on-line de modo geral, independentemente da tipificação. Veja abaixo o número de registros de casos desse tipo nos últimos anos:

Crimes informáticos: registros de casos em cada ano

  • 2024 - 3.873 casos 
  •  2023 - 2.942 
  •  2022 - 1.952 
  •  2021 - 979 
  •  2020 - 826

Os dados incluem vários tipos de crimes que ocorrem na internet, como o deepfake. O delegado da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) Brenno Andrade, comentou que na maioria das vezes criminosos se aproveitam do uso do deepfake.

"O que a gente verifica aqui na unidade policial são imagens criadas, editadas. O criminoso pega essa foto, edita e coloca como se a pessoa estivesse nua. A deepfake, quando é utilizada para fins indevidos, tem que ser combatida para não ter uma disseminação muito grande, porque ela pode causar danos para as pessoas: para a própria pessoa que teve a imagem criada e foi editada, e danos a terceiros, que recebem uma informação falsa e repassam essa informação", pontuou.

O delegado destacou que existem algumas formas de tentar identificar uma imagem falsa. "A pessoa pode identificar geralmente pelas expressões na face de uma pessoa. Se ela tem pixels diferentes, se você vê algum borrado na boca, alguma expressão visual que é diferente de um ser humano normal, alguma gesticulação que foge ao habitual", observou.

A Polícia Civil orientou que vítimas desse tipo de ocorrência realizem o registro, podendo comparecer pessoalmente a uma delegacia ou efetuar o registro por meio da Delegacia Online, acessível pelo site, para que a polícia tome conhecimento do caso e dê início às investigações.

*Com informações do g1ES e da TV Gazeta Sul

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